18.11.06

A GNR avalizou o corte de uma árvore, contra a vontade da população


À terceira foi de vez. A árvore nº 290 do Instituto Estradas de Portugal (IEP) deixou de fazer sombra às gentes do lugar de Arufe, Loivos da Ribeira, em Baião.
A árvore - um majestoso plátano com cerca de 30 metros de altura suportado por um tronco que teria na base um diâmetro de quatro metros - foi cortada pela raiz para desgosto da maioria da população.
A regra básica da democracia, as maiorias, desta vez de nada lhes valeu.
A ofensa foi tal, que só com a presença da GNR, e uma suposta ordem judicial, é que os contestatários cederam à vontade dos técnicos do IEP de eliminar o referido plátano.
"É um crime", repetia-se à medida que a motosserra golpeava os ramos da árvore deixando-a despida, antes do golpe fatal.
Questões de segurança?
A árvore fazia parte de um conjunto de oito plátanos que ladeiam a ponte sobre o rio Teixeira, na estrada nacional 108, actualmente em obras. Na empreitada, os técnicos confrontados com a existência de uma cavidade na base do árvore, decidiram-se, há cerca de 15 dias, pelo seu abate, alegando questões de segurança.
Porém, a população opôs-se ao corte da árvore. Os moradores lembraram que, já há cerca de 13 anos, houve idêntica intenção, e se na ocasião não conseguiram vencê-los, não seria agora. Os dois agentes da GNR, entretanto chamados ao local, terão sido incapazes de manter as condições necessárias para que o corte fosse efectuado sem alteração da ordem pública. Ontem, o mesmo número de agentes com uma suposta ordem judicial, foi o suficiente para a população baixasse os braços, mas não a revolta.
Nas imediações, estaria pronto a intervir o pelotão de intervenção da GNR, segundo o JN conseguiu apurar junto de fonte que pediu anonimato.Os poucos habitantes da aldeia, presentes, mais não fizeram que descarregar para o bloco de apontamentos do repórter, a "tristeza na alma", com algumas bocas de permeio aos técnicos.
Dizem que o "tal rombo" no tronco, "foi provocado com fogo, pelo proprietário do terreno" que colhia a maior fatia da sombra. O homem, que o JN não conseguiu localizar, alegadamente, não gostaria da sombra que a árvore lhe fazia à sua casa. Por essa razão, acusam os contestatários, "tentou secar a árvore com fogueiras"." Mas não conseguiu ela está ali firme", diziam. Foi por pouco tempo.

Fonte: JN