Numa freguesia de Felgueiras, há crianças a coser sapatos à mão para a mundialmente conhecida empresa espanhola, Zara. Ao contrário do que era habitual, em vez de exercerem o ofício numa fábrica, trabalham em casa, acompanhados da família e depois do horário escolar.
Segundo o ‘Expresso’, por cada par de sapatos, cosido à mão e ‘made in Portugal’, recebem 40 cêntimos. No local, a família desmentiu ao CM o “trabalho intensivo” dos menores, admitindo, porém, a “ajuda num ou outro sapato” para completar os 20 pares diários que o agregado produz.
Este é apenas um exemplo, segundo o estudo de um investigador da Universidade do Minho, para o Plano para Eliminação da Exploração e do Trabalho Infantil (PEETI), das “nova formas de exploração” que surgiram após a melhor fiscalização da Inspecção-Geral do Trabalho, que levou à diminuição do trabalho infantil nas fábricas e empresas em Portugal.
“Compatíveis com a escola”, as novas formas de exploração passam pelo “trabalho agrícola, na economia familiar”, pelo “trabalho domiciliário, via subcontratação por conta de outrem”, em especial no calçado e têxtil e pelo “trabalho doméstico”.
Segundo o estudo, qualquer das formas é “ilícita e difícil de detectar” (por escapar à inspecção) e “prejudicial para os menores”. O trabalho agrícola envolve “produtos agro-químicos tóxicos e maquinaria perigosa” e o doméstico inclui “tarefas pesadas”.
Ainda assim, o especialista, distingue esta exploração, mais comum em Portugal, de outras formas “piores”, descritas pela Organização Internacional de Trabalho, como a prostituição ou exploração para o tráfico de estupefacientes ou até “escravatura”, denunciada no Brasil, América Latina e África negra.