Corria o ano de 1993. Estávamos em pleno mês de Fevereiro. A rotina seguia o seu curso. Aproximava-se o feriado do Carnaval, que naquele ano correspondia ao dia 28 de Fevereiro. O Carnaval sempre foi - e é - uma ocasião festiva que é aproveitada por muitos para retemperar forças, divertir-se um pouco e esquecer as agruras da vida. Dá-se então o inesperado.
Uma portaria do Governo PSD de Cavaco Silva retirava o tradicional feriado para os funcionários públicos para a terça-feira de Carnaval. Foi a estupefacção geral, em todo o país. Mais do que indignação, a medida governamental foi encarada como um acinte e motivo de irrisão generalizada.
No próprio dia era ver a rádio e a televisão a fazer reportagens em directo, a partir dos locais de trabalho, para os trabalhadores darem publicamente conta, de forma sarcástica e corrosiva , como aquele dia estava a ser inesquecível, «altamente produtivo para o PIB nacional» e um contributo insubstituível para o aumento da produtividade do país !!!
Aquela retirada do feriado do Carnaval aos funcionários públicos foi o sinal da degenerescência do cavaquismo e marca, na verdade, o início da queda vertiginosa do mito providencial do populismo cavaquista. Até ver...