( teses de Boaventura Sousa Santos)
Nas suas últimas obras, o sociólogo, jurista e activista ( impulsionador da criação dos Fóruns Sociais Mundiais, como o de Porto Alegre) Boaventura Sousa Santos - que tem tentado pensar e reflectir sobre o conteúdo e as formas de uma globalização contra-hegemónica, a partir de baixo, isto é, arrancando dos movimentos sociais - ensaia uma original abordagem sobre o que ele designa por sociologia das ausências e a sociologia das emergências, onde faz uma crítica contundente às cinco monoculturas sobre que assenta as sociedades ocidentais:
- a monocultura do saber que crê que o único tipo de saber é o saber rigoroso ( e que tem levado ao chamado epistemicídio de outros saberes)
- a monocultura do progresso, do tempo linear que entende a história como uma direcção de sentido único
- a monocultura da naturalização das hierarquias fundadas em factores como os da etnia, classe social, género, e que considera os fenómenos como inscritos na natureza das coisas, e por conseguinte, imodificáveis.
- a monocultura do universal como o único critério válido, à margem dos contextos, pelo que se considera que o oposto ao universal – o vernáculo – carece de validade, além de que o global prevaleceria sobre o local
- a monocultura da produtividade que define a realidade humana pelo critério do crescimento económico enquanto objectivo racional inquestionável, e critério esse que se aplica ao trabalho humano, mas também à natureza, encarada como objecto de exploração e depredação. Quem não produzisse estava condenado.
Ora contra estas cinco monoculturas, construções da modernidade ocidental, Boaventura Sousa Santos propõe as correspondentes respostas e alternativas, a saber:
A ) Contra a monocultura do saber científico, propõe a ecologia dos diferentes saberes, através do necessário diálogo e da não menos necessária confrontação entre si
B) Contra a monocultura e a lógica do tempo linear que, no fundo, não passa de uma secularização do judaísmo e do cristianismo, propõe a ecologia das temporalidades, em que se valoriza positivamente as distintas temporalidades como formas de viver a contemporaneidade, sem se estabelecer hierarquias ou juízos de valor sobre elas.
C) Contra a monocultura da classificação social, que tenta identificar diferença com desigualdade, propõe a ecologia dos reconhecimentos, que busca uma nova articulação entre ambas noções que dê lugar às «diferenças iguais»
D) Contra a monocultura do universal, como único critério válido, propõe a ecologia das trans-escalas, que valoriza o local como tal, situando-o fora da globalização hegemónica
E) Contra a monocultura produtivista da ortodoxia capitalista, que dá prioridade aos objectivos da acumulação sobre os da distribuição, propõe a ecologia das produções e das distribuições sociais.
Nas suas últimas obras, o sociólogo, jurista e activista ( impulsionador da criação dos Fóruns Sociais Mundiais, como o de Porto Alegre) Boaventura Sousa Santos - que tem tentado pensar e reflectir sobre o conteúdo e as formas de uma globalização contra-hegemónica, a partir de baixo, isto é, arrancando dos movimentos sociais - ensaia uma original abordagem sobre o que ele designa por sociologia das ausências e a sociologia das emergências, onde faz uma crítica contundente às cinco monoculturas sobre que assenta as sociedades ocidentais:
- a monocultura do saber que crê que o único tipo de saber é o saber rigoroso ( e que tem levado ao chamado epistemicídio de outros saberes)
- a monocultura do progresso, do tempo linear que entende a história como uma direcção de sentido único
- a monocultura da naturalização das hierarquias fundadas em factores como os da etnia, classe social, género, e que considera os fenómenos como inscritos na natureza das coisas, e por conseguinte, imodificáveis.
- a monocultura do universal como o único critério válido, à margem dos contextos, pelo que se considera que o oposto ao universal – o vernáculo – carece de validade, além de que o global prevaleceria sobre o local
- a monocultura da produtividade que define a realidade humana pelo critério do crescimento económico enquanto objectivo racional inquestionável, e critério esse que se aplica ao trabalho humano, mas também à natureza, encarada como objecto de exploração e depredação. Quem não produzisse estava condenado.
Ora contra estas cinco monoculturas, construções da modernidade ocidental, Boaventura Sousa Santos propõe as correspondentes respostas e alternativas, a saber:
A ) Contra a monocultura do saber científico, propõe a ecologia dos diferentes saberes, através do necessário diálogo e da não menos necessária confrontação entre si
B) Contra a monocultura e a lógica do tempo linear que, no fundo, não passa de uma secularização do judaísmo e do cristianismo, propõe a ecologia das temporalidades, em que se valoriza positivamente as distintas temporalidades como formas de viver a contemporaneidade, sem se estabelecer hierarquias ou juízos de valor sobre elas.
C) Contra a monocultura da classificação social, que tenta identificar diferença com desigualdade, propõe a ecologia dos reconhecimentos, que busca uma nova articulação entre ambas noções que dê lugar às «diferenças iguais»
D) Contra a monocultura do universal, como único critério válido, propõe a ecologia das trans-escalas, que valoriza o local como tal, situando-o fora da globalização hegemónica
E) Contra a monocultura produtivista da ortodoxia capitalista, que dá prioridade aos objectivos da acumulação sobre os da distribuição, propõe a ecologia das produções e das distribuições sociais.