No discurso que vai ser lido na cerimónia de entrega do Prémio no próximo Sábado, o escritor inglês Harold Pinter, Nobel de Literatura de 2005, pede com muita firmeza que o Primeiro-ministro inglês Tony Blair compareça no tribunal por crimes de guerra .
Ao longo das 5.000 palavras que compõem aquele discurso de aceitação, o dramaturgo britânico critica também ferozmente o governo norte-americano pelas prisões de Guantanamo e também a desestabilização que os norte-americanos desencadearam na Nicarágua nos anos de 1980.
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Todavia, reserva as suas críticas mais cerradas para o Reino Unido pela sua atitude «patética» de apoio aos Estados Unidos.
O corajoso escritor, indefectível activista anti-militarista, chega mesmo a declarar textualmente: «A invasão do Iraque foi um acto de bandidos, um acto de terrorismo de Estado, demonstrando a mais completa indiferença para com a lei internacional».
E acrescenta: « A invasão foi uma acção militar arbitrária, baseada nma série de mentiras e de grosseiras manipulações dos media e da opinião pública…um claro exemplo da responsabilidade da força militar pela morte e mutilação de milhares e milhares de pessoas inocentes»
Harold Pinter, de 75 anos, não poderá estar presente na cerimónia de entrega do Prémio Nobel de Literatura pela Academia Sueca em Estocolmo por causa do seu frágil estado de saúde, pelo que será substituído pelo seu editor. No entanto, o autor de «The Caretaker» e «The BorthdayParty» gravou o discurso num vídeo que será retransmitido naquela cerimónia.
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"How many people do you have to kill before you qualify to be described as a mass murderer and a war criminal? One hundred thousand? More than enough, I would have thought,"
(«Quantas pessoas terão de ser mortas antes daqueles políticos serem qualificados de assassinos de massa e de criminosos de guerra? Cem mil pessoas?») interroga-se o escritor a dado passo no discurso gravado.
(«Quantas pessoas terão de ser mortas antes daqueles políticos serem qualificados de assassinos de massa e de criminosos de guerra? Cem mil pessoas?») interroga-se o escritor a dado passo no discurso gravado.
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"Therefore it is just that Bush and Blair be arraigned before the international criminal court of justice. But Bush has been clever. He has not ratified the international criminal court of justice ...
But Tony Blair has ratified the court and is therefore available for prosecution. We can let the court have his address if they're interested: it is Number 10, Downing Street, London."
(«A justiça exige que Bush e Blair sejam presentes ao Tribunal Penal Internacional. Bush foi, no entanto, mais esperto ao não ter ratificado o tratado que institui aquele tribunal internacional. Mas o governo Blair ratificou, pelo que pode objecto de acusação. Podemos enviar ao Tribunal, desde já, o seu endereço se assim estiver interessado: é o nº 10 de Downing Street, London »)
But Tony Blair has ratified the court and is therefore available for prosecution. We can let the court have his address if they're interested: it is Number 10, Downing Street, London."
(«A justiça exige que Bush e Blair sejam presentes ao Tribunal Penal Internacional. Bush foi, no entanto, mais esperto ao não ter ratificado o tratado que institui aquele tribunal internacional. Mas o governo Blair ratificou, pelo que pode objecto de acusação. Podemos enviar ao Tribunal, desde já, o seu endereço se assim estiver interessado: é o nº 10 de Downing Street, London »)