5.6.05

Metropolis

Metropolis é o título de um célebre filme de um dos mais importantes realizadores de cinema, Fritz Lang. Fala-nos das cidades da era industrial e do seu cenário dantesco, diabólico mesmo.

Neste dia mundial do ambiente dedicado às «cidades verdes», porque não realçar o contraste falando das megacidades profundamente alteradas pela actividade industrial e pela civilização tecno-burocrática que destrói a natureza e envenena o relacionamento entre os seres vivos.

Deixamos aqui uma breve sinopse do filme.

No ano de 2026, uma enorme, caótica e melancolicamente bela Metropolis é o cenário de uma história que mistura luta de classes, romance e um robots, tendo como pano de fundo a discussão sobre a técnica e o seu pelo homem, assim como uma reflexão sobre os modos de produção desencadeados pela Revolução Industrial, e como eles podem determinar de maneira funesta o futuro da humanidade.

Metropolis é uma cidade grandiosa e futurista onde convivem e se antagonizam duas classes bem definidas: os ricos e poderosos, que desfrutam das belezas e do fausto da superfície da cidade, e os operários, que vivem num mundo subterrâneo, abaixo do nível das máquinas, responsáveis, em última instância, pelo funcionamento e sobrevivência de toda a estrutura. Oprimidos pelos poderosos de Metropolis, massacrados pela rotina desumanizante da indústria, os operários são cuidadosamente escondidos do olhar de todos.

Joh Fredersen, um faraó moderno, o nazi Chefe de Metropolis, governa-a como se os trabalhadores não existissem, eles estão lá para simplesmente manter as engrenagens a funcionar, são até menos importantes para ele, que as próprias máquinas. Joh descobre que os operários estão preparando algo, quando começa a encontrar bilhetes aparentemente indecifráveis entre eles. Enquanto isso, o seu filho Freder Fredersen, desfruta das maravilhas de Metropolis, sem tomar conhecimento do que acontece nos subterrâneos, até que, um dia, aparece no "Jardim dos Prazeres", uma mulher, Maria, que levara os filhos dos operários para conhecerem o "andar de cima" da cidade. Freder apaixona-se por Maria, ela própria filha de um operário, o que o leva aos subterrâneos à sua procura.

Ao penetrar nesse universo totalmente estranho, Freder aterroriza-se com a situação miserável dos operários frente às máquinas. Ele presencia um acidente em que alguns trabalhadores, pelo cansaço, caem dentro de uma espécie de fornalha e tem até uma alucinação, onde a máquina se transforma num monstro que literalmente engole os homens. Revoltado, Freder vai falar com seu pai, que, sem se abalar, apenas decreta que é assim que as coisas são e continuarão sendo. Mais tarde, Freder aventura-se novamente nos subterrâneos, mais uma vez em busca de Maria. Ele vê um operário em verdadeira luta contra uma máquina indecifrável, semelhante a um relógio, e percebe que ele não aguenta mais e vai acabar sucumbindo ao poder da sua antagonista. Freder troca, então, de roupas e de identidade com o trabalhador, e assume o seu lugar perante a máquina. Essa cena é uma das mais impressionantes do filme. Freder sente na pele o peso de dez horas de trabalho pesado.

Vê-se, entretanto, uma casa sinistra, para onde Joh se dirige. Nela vive Rotwang, um cientista e inventor. Joh espera que Rotwang possa decifrar o enigmático bilhete que foi descoberto entre os trabalhadores. Mas o cientista tem algo mais fantástico para mostrar ao Chefe de Metropolis: um robot em forma de mulher, um operário perfeito, que jamais se revoltará contra a sua condição. Tudo o que ele precisará agora é de uma "alma", ou de uma aparência humana.

Rotwang decifra o bilhete que é um mapa para as catacumbas, onde os trabalhadores, sob a liderança de Maria, se reúnem para discutir sua situação e os meios para se libertarem da dupla opressão que sofrem. Joh e Rotwang assistem a uma dessa palestras, assim como Freder.

Maria é carismática, consegue liderar os operários e fala-lhes sobre um mediador, que virá para amenizar a situação de exploração . Após o discurso, Freder declara-se a Maria.
Joh, no entanto, tem planos mais diabólicos: dar ao robot as feições de Maria e programá-lo para incitar os trabalhadores à destruição das máquinas, o que acarretaria a inundação da cidade dos operários e seria um pretexto perfeito para a substituição final dos homens pelas máquinas.


Rotwang sequestra Maria e realiza a transformação, numa cena memorável, de efeitos surpreendentes. Freder não encontra sua amada e volta para a superfície. O robot, sob a aparência de Maria, acaba por convencer os operários a partirem para a luta, a destruírem quem os oprime, a máquina, é claro, não os senhores por trás delas. Como num transe, eles partem, em hordas enfurecidas, contra os aparelhos e a cidade subterrânea começa a encher de água.

Maria consegue escapar da casa de Rotwang e, juntamente com Freder, salvam as crianças - o futuro de Metropolis - da inundação. Os trabalhadores, ao perceberem o grande erro que haviam cometido, destruindo as máquinas, voltam-se contra a falsa Maria e queimam-na "viva". Nesse momento, a capa de pele que revestia o robot desaparece e eles percebem, atónitos, que não se tratava da verdadeira Maria.
Joh fica desesperado ao não encontrar o filho e descobre que este está no telhado da catedral de Metropolis, em luta com Rotwang, que acaba caindo de lá e morrer


Com a destruição do "cientista louco" e de sua "criação demoníaca", todos podem ser "felizes para sempre" e os operários descobrem que Freder, o herói romântico, ingénuo e idealista é o mediador profetizado por Maria. Ele será o intermediário entre a "cabeça" - os senhores de Metropolis - e as "mãos" - os trabalhadores.

O próprio Fritz Lang dizia que não gostava desse final, excessivamente meloso e romântico. Ao que parece, ele foi convencido pela sua esposa e guionista Thea Von Habour a dar um tom conciliatório ao desfecho do filme.