No ano de 2002 Portugal emitiu cerca de 81,98 Mt Co2e, o que representa um aumento de mais 40% das suas emissões de GEE relativamente ao ano de referência de 1990. Esta evolução é assustadora e, ao mesmo tempo, terrível tendo em conta o facto de Portugal ao ter subscrito o Protocolo de Quioto se ter comprometido a não aumentar as suas emissões de gases com efeito de estufa (GEE) em mais de 27% até ao ano de 2012, a partir do ano de referência de 1990. Ou seja, a continuamos assim não só não cumprimos o que está estabelecido naquele Protocolo como nos arriscamos, mantendo este ritmo de crescimento das emissões, a ver aumentado de 54% a 63% o valor de referência registado naquele ano de 1990.
E não se esqueça que o Protocolo de Quioto entrou em vigor no passado dia 16 de Fevereiro de 2005, não se tendo assistido a nenhuma iniciativa ou medida governamental, digna desse nome, que contrarie de alguma forma aquela evolução.
Face à inércia dos responsáveis políticos em iniciativas que mitiguem as emissões de gases de que Portugal é responsável, o comércio europeu de emissões, e a atribuição de licenças de emissão, constituirá o eixo para algum controle sobre a matéria. Ou seja: Portugal aparece à partida como um dos principais interessados, na posição de comprador, na aquisição de direitos de emissão para poder continuar a aumentar o ritmo de emissões de gases.
Reconheça-se, desde já, que um tal mercado é altamente promissor para quem venda. Com efeito, cada tonelada de CO2 é vendida por cerca de 17 euros.
E já há estudos que prevêem que Portugal tenha de gastar 300 milhões de euros anuais na compra de licenças de emissão de CO2.
Registe-se, finalmente, que segundo um relatório da Comissão Europeia o nosso país é, dos 15 países membros, aquele que mais desperdício produz em termos energéticos: para produzir uma mesma quantidade de riqueza gasta mais de 12% de energia do que gastava em 1991. Tudo isto é revelador de desperdício, péssima gestão e falta de visão…