No dia 26 de Abril de 1986, aconteceu na central nuclear de Tchernobil o pior acidente nuclear em tempos de paz.
Uma explosão seguida de incêndio num reactor provocou uma perigosa contaminação cujas consequências são sentidas ainda hoje.
Tchernobil é uma cidade no centro da Ucrânia, onde foi construída uma central nuclear em meados dos anos 70, a 110 KM da capital, Kiev. O primeiro reactor foi activado em 1977, pela União Soviética. Nos anos seguintes, foram activados mais três.
Em 1985, um grave acidente nuclear num dos reactores diminuiu a potência da central em 25%.
A 26 abril de 1986, duas fortes explosões destruíram o reactor central, originando uma brecha no núcleo de mil toneladas. Seguiram-se outras explosões, provocadas pela libertação de vapor, espalhando uma gigantesca nuvem de radiação que contaminou 75% da Europa, da Irlanda do Norte à Grécia.
Nas imediações de Tchernobil, 31 bombeiros ou trabalhadores morreram naquele dia e 135 mil pessoas foram evacuadas.
A União Soviética tentou ocultar as proporções do acidente. Antes mesmo de Moscovo admitir a catástrofe oficialmente, a Suécia e a Finlândia já alertavam para o aumento da radiação.
Catástrofe aumentou cepticismo e contestação antinuclear
No sul da Alemanha, por exemplo, naquele dia, as medições no solo apontaram até 45 mil bequeréis de contaminação por césio 137 (o valor normal é 300 bequeréis). Apesar dos indícios evidentes de perigo, as fontes oficiais, como a Agência Internacional de Energia Atómica e o Fórum Nuclear Alemão, tentaram minimizar as consequências. Em todo o mundo, cresceu a polémica e a contestação em torno do uso e dos perigos da energia nuclear.
Após o acidente, milhares de soldados construíram uma protecção de aço e cimento, denominada sarcófago, para proteger o reactor destruído.
Em 1991, um incêndio de grandes proporções levou ao encerramento das actividades de outro dos reactores. A Agência Internacional de Energia Atómica inspeccionou a central em Março de 1994 e encontrou várias deficiências de segurança nos dois reactores ainda em funcionamento.
O sarcófago que sela o que resta do reactor explodido estava ruindo.
Em 1995, foi elaborado um protocolo de acordo entre a Ucrânia e as sete nações mais industrializadas para o encerramento das actividades da central nuclear de Tchernobil, em troca de assistência económica.
Ucrânia aposta na energia nuclear
Com o seu fecho, a Ucrânia teria um déficit de 5% na produção de electricidade. O governo de Kiev só cedeu à pressão das nações ricas em troca de uma ajuda de US$ 2,3 milhões do Grupo dos Sete para a construção de dois novos reactores, o financiamento de programas sociais e o reforço da segurança das outras quatro centrais nucleares ucranianas.
As estimativas no final do século passado indicavam que cerca de três milhões de pessoas, entre as quais um milhão de crianças, ainda sofrem de doenças congénitas provocadas pelas radiações.
O processo de desmantelamento da central nuclear pode levar pelo menos 40 anos, pois é necessário esperar que a radioactividade diminua naturalmente. Tentativas para tornar a terra em volta de Tchernobil novamente segura para a agricultura incluem a raspagem de até quatro centímetros da superfície do solo. Em Dezembro de 2000, a central nuclear de Tchernobil encerrou oficialmente suas actividades.
O que preocupa é o mau estado de conservação do sarcófago, a estrutura que cobre as ruínas do reactor avariado em 1986. Ele está com rachaduras, ameaça ruir e há o risco de vazamento de cerca de 160 toneladas de combustível activo do núcleo do reactor.
Fonte: Deutschewelle