6.4.05

Crítica à globalização alimentar

Por efeito da globalização cultural e económica os 6 best-sellersgastronómicos são a pizza, o hamburger, o kebab, o sushi, o cappuccino e acoca-cola.

Estes são os exemplos mais vulgares da globalização alimentar que estáincluída no fenómeno mais geral da globalização económica e cultural, e quese traduz, no fundo, por uma homogeneização alimentar segundo os padrões devida ocidentais em prejuízo das dietas locais e da biodiversidade cultural egastronómica de cada cultura.

Essa globalização do gosto alimentar consiste na difusão à escala global deprodutos alimentares estandardizados distribuídos por potentesmultinacionais do sector agro-alimentar e propulsionados por agressivascampanhas publicitárias.

A própria Coca-Cola gosta de se auto-promover recordando que está presenteem mais de 200 países, querendo ocultar com isso que ela é eminentementeuma bebida ocidental ( mais propriamente , americana), cujos anúncios sãoquotidianamente matraqueados nos mass media de todo o mundo por via decolossais campanhas publicitárias, e ainda por cima com um público-alvoidentificado com os jovens consumidores e pretendendo «vender» ( ou serum símbolo de ) uma eterna juventude !!!

Contra este homogeneização dos gostos culturais - neste caso, daalimentação, mas que poderíamos estender a muitos outros domínios como ovestuário, as soap-operas e telenovelas e reportagens da TV, etc,etc - têmemergido várias formas de resistência.

É o caso, por exemplo, do movimento Slow-food animado pelo italiano CarloPetrini, E muitos outros exemplos se poderiam indicar para ilustrar comoé que, consciente ou muitas vezes inconscientemente, as pessoas se metem aresistir contra a «imposição» de padrões de vida americanizados ( a maiorparte deles tem origem no american way of life) .


Agir local, pensar global.




O tema do Dia Mundial da Alimentação de 2004 foi "a biodiversidade ao serviço da segurança alimentar".


Na comunicação dirigida por ocasião do Dia Mundial da Alimentação(16/10/2004), KofiAnnan escreve:

"A biodiversidade fornece a reserva genética de plantas, animais emicroorganismos para a produção de alimentos e para a produtividadeagrícola. Assegura a protecção de ecossistemas que fornecem serviçosessenciais, ao fertilizarem o solo, reciclarem os nutrientes, regularem aspragas e doenças, diminuírem a erosão e fecundarem as culturas eárvores.(...)"

Segue-se o texto completo(façam o favor de ler integralmente com a máxima atenção, O mundo e ahumanidade agradecem)

MENSAGEM DO SECRETÁRIO-GERAL DA ONU, KOFI ANNAN,POR OCASIÃO DO DIA MUNDIAL DA ALIMENTAÇÃO16 de Outubro de 2004

Cerca de 840 milhões de pessoas sofrem de fome crónica. Nunca houve tantosseres humanos a passar fome, o que é inaceitável no nosso mundo deabundância. Num planeta que tem capacidade de alimentar todos os homens,mulheres e crianças, é necessário fazer progressos - nos planos político,económico, científico e logístico - para alcançar o Objectivo deDesenvolvimento do Milénio que consiste em reduzir para metade, até ao anode 2015, a proporção de pessoas que sofrem de fome.Este ano, o tema do Dia Mundial da Alimentação, "a biodiversidade ao serviçoda segurança alimentar", realça o papel essencial da biodiversidade na lutacontra a fome. A biodiversidade fornece a reserva genética de plantas,animais e microorganismos para a produção de alimentos e para aprodutividade agrícola. Assegura a protecção de ecosistemas que fornecemserviços essenciais, ao fertilizarem o solo, reciclarem os nutrientes,regularem as pragas e doenças, diminuírem a erosão e fecundarem as culturase árvores. Aqueles que têm um bom conhecimento da biodiversidade,nomeadamente os agricultores responsáveis pela saúde e bem-estar das suasfamílias, sabem como se alimentar em tempos de crise, quando surge umconflito civil, uma catástrofe natural ou uma doença incapacitante.A perda de diversidade biológica a um ritmo sem precedentes, ocorridadurante o século passado, deveria preocupar-nos seriamente. Muitas espéciesde peixes de água doce, que podem assegurar a variedade essencial da dieta das famílias mais pobres, encontram-se em vias de extinção, e grande partedos mais importantes recursos haliêuticos marinhos do mundo foi dizimada. Asnossas reservas alimentares tornaram-se também mais vulneráveis, em virtudede dependermos de um pequeno número de espécies: apenas 30% de espécies deculturas dominam a produção de alimentos e 90% do carne que consumimosprocede de apenas 14 espécies de mamíferos e de aves - espécies que, por suavez, dependem da biodiversidade para a sua produtividade e sobrevivência.Tem-se registado uma redução substancial da biodiversidade agrícola e muitasespécies de animais domésticos estão ameaçadas de extinção.Em 2002, as partes na Convenção sobre Diversidade Biológica comprometeram-sea conseguir, até ao ano de 2010, uma redução significativa da actual taxa deperda de biodiversidade, um objectivo posteriormente aprovado na ConferênciaInternacional sobre Desenvolvimento Sustentável. Se não intensificarmos osnossos esforços para atingir essa meta e para preservar e usar de uma formasustentável a preciosa biodiversidade mundial, não cumpriremos o nosso deverde alimentar o mundo. E, se falharmos, restarão poucas esperanças deerradicar a pobreza extrema. Neste Dia Mundial da Alimentação, apelo aosindivíduos e às instituições, para que prestem mais atenção à biodiversidadecomo um elemento-chave da nossa luta contra os dois flagelos que são a fomee a pobreza e dos nossos esforços para alcançar os Objectivos deDesenvolvimento do Milénio.

Links: http://www.feedingminds.org/
http://www.fao.org/wfd/index_en.asp