1.3.05

A luta dos chapeleiros contra as máquinas capitalistas

( o luddismo em versão portuguesa)


Em 1891, António José de Oliveira Júnior, antigo operário, criou uma fábrica de chapéus de pêlo: Oliveira & Palmares.

No entanto ainda em 1910 o fabrico de chapéus em S. João da Madeira continua a ser feito pelas mãos dos operários. "Só a partir da crise provocada pela 1ª Guerra Mundial a indústria é orientada doutra forma. As empresas introduzem máquinas e, para tal, é necessário construir instalações adequadas e concentrar o pessoal nas fábricas. O crescimento da indústria levou alguns industriais a investirem na mecanização para assim poderem responder à solicitação comercial, para se afirmarem no mercado.

Para adquirir as máquinas os industriais deslocaram-se à Belgica e França. No fim do século outros países da Europa (França, Alemanha, Inglaterra, Itália) começam a exportar e há nova crise em Portugal. Esta é agravada pela dependência das matérias primas. Os operários temendo a perda juntam-se aos patrões para, junto do governo conseguirem alguns benefícios. Em 1892 criou-se uma pauta aduaneira que favorecia a indústria nacional (1986,Mónica,pág.64).

Segue-se um período de desenvolvimento a que se segue também um período conturbado com greves, por parte dos operários que temiam que as máquinas lhes tirassem o emprego.
As máquinas roubavam-lhes o saber e, com ele o poder.


Os operários chapeleiros, constituíam um grupo operário altamente qualificado. Maria Filomena Mónica, chama-lhes a aristocracia operária. Controlavam todo o processo de fabrico. Sem eles, não havia chapéus (1986,Mónica,op. cit.).

A mecanização permitiu que outros mais dóceis os viessem substituir. O autor de Unhas Negras - João da Silva Correia- narra como os gerentes das fábricas conseguiram acalmar os operários com a promessa de que não ficariam sem trabalho. Embora as máquinas dispensassem homens, como houve aumento na procura do produto e, consequentemente, aumento na produção de chapéus não foi necessário recorrer ao despedimento.

Após várias crises os chapeleiros não conseguem vencer a mecanização. Era muito difícil numa época em que o progresso era o futuro, segundo a análise do estudo feito por Maria Filomena Mónica.

http://www.cmsjm.pt/museu_industria_chapelaria/jornadas/comunicacoes/clotilde_oliveira1.htm