A sociedade industrial impôs quase por toda a parte a noção de Produto Interno Bruto  bem como o objectivo maior do crescimento económico, mas estes conceitos são vivamente criticados pelos ecologistas que defendem que tais termos  pouco ou nada revelam sobre o bem estar das populações.  Na verdade, a vida em sociedade não é um  valor monetário  e comparar os rendimentos de um índio Yanomani com os de  um americano não tem qualquer sentido. Mudar o termómetro (isto é, mudar os critérios  de avaliação do realidade existente)  poderia sem dúvida contribui para mudar a visão  do mundo de muita gente.
 Se é verdade que o PIB mundial  (Produto  Interno Bruto ou Produto Nacional Bruto) não cessou de crescer nos últimos 50 anos,  o certo é que a desigualdade crescente  da distribuição das riquezas e dos rendimentos entre os indivíduos assim como a super-exploração dos recursos naturais  que acompanhou aquele desenvolvimento levou-nos a um impasse social e ecológico  que não tardará a mostrar-se dramático.
O mundo está doente, mas os «especialistas» entretêem-se  a fazer diagnósticos sobre o crescimento económico! Ora parece Ter chegado a hora de mudar de termómetro, o mesmo é dizer mudar de critérios e modos de avaliar a realidade.
O que é o efeito Kobe?
Imaginai por um segundo um tremor de terra que faça 5.000 vítimas, 33.000 feridos, prejuízos materiais incalculáveis, uma cidade inteira em ruínas...Escolher os termos para  nos referirmos a uma tal acontecimento torna-se de crucial importância: falaríamos então de uma terrível catástrofe  natural, e uma enorme tragédia de dimensões e consequências  humanas terríveis... Falar assim  significaria, no entanto, para uma perspectiva economicista, um  grande equívoco. Com efeito,  a tragédia de um  tal  cataclismo  obrigaria  à reconstrução  do parque habitacional, das infra-estruturas, dos milhares de Km de redes eléctricas e de saneamento, etc,etc... o que tudo somado  bem poderia  significar na prática que o tremor de terra acabaria por ser visto – na óptica  de uma  pura  perspectiva económico-contabilistica  - como um verdadeiro negócio de milhões: Ou seja: um inesperado estimulante para o crescimento económico!!!
O Efeito  Kobbe  significa, justamente, que os acontecimentos mais destrutivos, de  que se possa imaginar, podem,  paradoxalmente, mostrarem-se  como altamente positivos para o crescimento do  PIB....  
O PIB ou a ditadura do mais = melhor
O PIB foi criado na maior parte dos países no pós-guerra de 1945 a fim de  preparar o plano de reconstrução  desses países atingidos pelos efeitos da II Guerra Mundial e consistia  na  operação de medição, sob a forma monetária, da quantidade de bens ou serviços produzidos num certo país durante determinado período de tempo.
Ora o que o efeito Kobbe nos mostra é que nenhuma consideração  qualitativa é feita  relativamente  ao carácter positivo ou negativo da produção. Quer sejamos vítimas de uma inundação ( excelente para o mercado da construção civil),  quer de um acidente de carro ( óptima  oportunidade para os sectores do automóvel  e da saúde), ou ainda   de  um roubo (   um facto bom, sem dúvida, para o crescimento da indústria da segurança pessoal), em qualquer destas situações o PIB tem   esta  estranha característica de sempre  contabilizar positivamente todas as despesas... Por outro lado, e não menos estranhamente, o PIB ignora e passa  completamente ao lado  dos  actos  humanos como a gratuitidade, o benevolato  e o voluntariado, assim como  os trabalhos caseiros....
 Ou seja: quando as praias são invadidas de derramas de petróleo como aconteceu com o Prestige na costa da Galiza, as actividades de despoluição  levadas a cabo por empresas privadas  são contadas positivamente para o aumento do PIB, mas já  a ajuda  benévola  de milhares de voluntários na limpeza das praias é vista como um facto altamente negativo, uma vez que  impede  a realização de maiores negócios às empresas de despoluição e limpeza.
Considerado por muitos economistas como o único critério para avaliar a situação económica de um país, o PIB ignora  as múltiplas   dimensões da economia real, escondendo   as desigualdades  e  as assimetrias sociais entre a população,   e os custos ecológicos sobre a natureza que sempre representa um investimento industrial  ou  algum empreendimento  económico. A poluição que daí resulta, os riscos climáticos, a destruição dos ecossistemas, o desaparecimento gradual das espécies naturais, ou o esgotamente progressivos dos recursos – tudo isso é, completamente, ignorado e ocultado  pelo PIB!!!
Face ao fracasso do PIB em dar conta da verdadeira realidade económica, social e ambiental, certos autores são da opinião que a ditadura do PIB é ilegítima sobre todos os planos: moral, filosófico e político. São por isso  a favor da  elaboração de indicadores alternativos da  conjuntura económica e do estado do Planeta, bem assim como do nível e qualidade de vida dos indivíduos concretos.
Na Grã-Bretanha, os Amigos da Terra  elaboraram o Index of Susteainable Economic Welfare (ISEW),  calculando  em cada ano  um índice de bem-estar económico  sustentável
( ver o site www.foe.co.uk/campaigns/sustainable_development/progress  )
 
