Infelizmente já é um hábito, quando nos deslocamos para qualquer parte quer por afazeres profissionais quer por simples passeio, encontrarmos o nosso horizonte visual invadido por placards publicitários com dimensões gigantescas que não só nos agridem (obrigando-nos a ler a sua mensagem insidiosa) como nos impedem de fruir naturalmente a paisagem.
E como se isso não fosse suficiente acontece que não raras vezes a instalação, colocação e montagem desses painéis (também conhecidos por outdoors) não cumprem com as normas ambientais, as normas de licenciamento nem ainda as regras que regulam a actividade publicitária. Ou seja: são, pura e simplesmente, ilegais.
É invocando tais motivos que várias associações ecologistas, associações de defesa do consumidor e o novo movimento social contra as agressões da publicidade, de vários países, estão a denunciar e a promover o seu desmantelamento.
O caso mais conhecido é o notável trabalho desenvolvido pela associação francesa “Paysages de France” que, em diversas regiões francesas, têm obtidos sucessivas vitórias judiciais e administrativas contra a colocação abusiva desses placards conseguindo o seu desmantelamento e retirada definitiva, não se coibindo de demandar quer os grandes anunciantes quer as próprias autarquias e autoridades administrativas que, muitas vezes, fazem «vista grossa» face à intromissão visual desses elementos dentro da paisagem.
Intromissão e poluição visual que tanto se dá na paisagem urbana, peri-urbana ou mesmo rural. Na verdade, nas nossas estradas nacionais, e até mesmo nas estradas secundárias, estão a ficar enxameadas dos símbolos e sinais da sociedade de consumo e do desperdício em que vivemos , impedindo a natural fruição da paisagem, violentando-a com elementos estranhos e mensagens agressivas.
Só para termos ideia do que foi feito em França importa referir que a «Paisagens de França» conseguiu a desmontagem de painéis e outdoors instalados pelas empresas Avenir (grupo Decaux), Cora (grupo Casino), Clear Channel (que promove os hipermercados Auchan e Carrefour), Courtepaille, Campanile, Première Classe (grupo Envergure), MacDonald’s, e até o próprio Estado francês já foi condenado pelo não cumprimento das normas que regulam a fixação publicitária pelo Tribunal administrativo de Dijon.
Foi necessário, como se verifica, a intervenção judicial e cívica de uma associação ambientalista para travar a invasão publicitária nas paisagens visuais das nossas cidades e aldeias.
Talvez fosse oportuno e importante a constituição, quanto antes, de uma associação semelhante em Portugal para combater este tipo de poluição que desfeia e torna incaracterísticas as nossas paisagens.
O que não significa que, desde já, não se lancem os alertas e as denúncias contra a ocupação e montagem deste tipo de publicidade fixa nas margens das nossas estradas e nos edifícios que ladeiam muitas das vias públicas da nossa terra.
Para mais informações, consultar:
http://paysagesdefrance.free.fr/