Nesta  aldeia  sem  pretensão
Eu  tenho  má  reputação
Maltrapilho  ou  engravatado
Acham  que  sou  mal  comportado.
Porém eu  não  faço  nem  mal  nem   bem
Nesta  minha  vida  de  zé-ninguém.
Mas  que  vida  mais  triste  tenho
Querendo  viver  fora  do  rebanho. Sou  insultado  por  toda  a  gente,
Menos  p’los  mudos – é  evidente
Quando há  festa  nacional
Fico na cama, isso  é  fatal.
Porque  a música  militar
Nunca  me  fará  levantar
Porém não  me  sinto  nada  culpado
Por  não  gostar  de  me  ver  fardado.
Mas  os  outros  não  gostam que  eu  siga  um  caminho sem  ser  o  seu.
De  dedo  em  riste  todos  me  acusam
Salvo os  manetas –porque o não usam
Quando  vejo  um ladrão  sem  sorte
Fugir  dum  chui  que é  bem  mais  forte, meto  o  pé  e  com  uma  rasteira
Lá vai o chui pela  ribanceira.
Nenhum  mal  faço a  quem bem come
Deixando  escapar um ladrão com fome.
Mas na Guarda Nacional
Não  acham  isto natural.
Todos correm atrás de mim
Menos  os  coxos- seria o fim.
Nunca na vida fui profeta
Mas sei o fim que se projecta.
Vão-me atar a corda ao pescoço
P´ra me lançarem a um poço.
Porque me fecham nesta redoma?
Por o meu  caminho não ir dar a Roma
Mas que vida mais  triste  tenho
Só por  viver fora do rebanho.
Todos  verão o meu  funeral
Menos  os  cegos – é natural
Tradução de “Mauvaise Reputation” de Georges  Brassens, por  M. Correia, Luís Cília, inserido no disco deste último “Marginal”
 
