4.2.11

Memória ideológica no centenário da república é o novo livro de J. Varela Gomes, editado pela Letra Livre

Varela Gomes, o velho militar anti-fascista, que se define como um «autor clandestino numa democracia filofascista», acaba de editar na Letra Livre uma antologia de textos polémicos onde a partir da analise da Primeira República, a propósito das comemorações do Centenário, desmonta o revisionismo histórico feito pelos políticos e historiadores da Situação e comenta a evolução da II República.

Título: Memória Ideológica no Centenário da República.
Autor: J. Varela Gomes
Editor: Letra Livre

Livraria Letra Livre
Calçada do Combro, 139
1200-113 Lisboa
Tel: 213461075
www.letralivre.com

Excerto do livro:

«Para uma situação aberrante, como a que está criada, a teoria marxista fornece uma pista de explicação, bem conhecida: a ideologia dominante em cada circunstância histórica e cada determinada sociedade, é a ideologia da classe dominante (aquela que exerce o poder efectivo). No entanto, no caso do republicanismo português, algo parece fugir à regra marxista; na medida em que a classe burguesa/liberal que comanda os destinos do País desde 1976, apresenta os mesmos sinais identitários de classe dos seus avós de 1910. Até à Maçonaria voltaram!Parece pois contraditória a aversão da burguesia actual relativamente à burguesia fundadora de 1910. Em teoria seriam farinha do mesmo saco. Mesma classe, mesma ideologia. Mas, na verdade, entre a classe burguesa do princípio do centenário e a que tem governado o País no último terço, existe um abismo histórico - 48 anos de fascismo; e uma dramática ruptura ideológica - a contra-revolução de 1975/76. Além disso, a I República de 1910 foi produto de uma revolução, gerada pelo espírito de revolta e insubmissão; enquanto que esta II República que estamos vivendo, é um produto contra-revolucionário de propósito restauracionista e desforrista.»