14.6.10

Sexo sim, obrigado - peça de Dario Fo e Franca Rame - em Vila Real (15 de Junho), S.João da Madeira (25 e 26/6) e Porto (1/7)


 
15 de Junho
1ª sessão: 10.30 horas
2ª sessão: 14.30 horas
No IPJ, no  Vila Real

 
25 e 26 de Junho
22.00 horas
Bar Art7, em  São João da Madeira

1 de Junho
Contagiarte , no Porto

 
Ficha Técnica
Texto de Dário Fo e Franca Rame
Encenação de Fátima Vale
Interpretações de Fabiana Silva e Ana Almeida

ZEN ou o sexo em paz dos italianos Dario Fo, dramaturgo e recente Prémio Nobel da Literatura, e de Franca Rame, sua mulher.
É uma comédia em forma de conferência, que analisa, utilizando um riso crítico e devastador, as péssimas consequências que a falta de uma conveniente educação e informação sexual provocam, numa sociedade hipocritamente puritana, onde o sexo ainda é tabu. Escrita a partir de um livro do filho de ambos, Jocopo Fo, que alcançou um enorme sucesso junto dos adolescentes italianos, focando os mistérios do sexo e abordando-o de uma forma descomplexada e desculpabilizada mas responsável.
Uma conferencista dirige-se ao público, numa intervenção em que frequentemente interage com este, para falar, a partir de pequenos factos do dia a dia, de temas tão pertinentes como Os pais e o sexo, A minha primeira experiência sexual, A menstruação, A virgindade, Lição de orgasmo, Toda a verdade sobre os homens, A impotência, Os rapazes e as suas inseguranças, etc.

Esta versão do texto SEXO?SIM,OBRIGADO foi adaptada a diálogo,porque neste caso a personagem se pode dividir em vários corpos.A tradução e adaptação são do dramaturgo brasileiro Clovis Levi, professor, autor, director, teórico e crítico de teatro.
Dario Fo não se encaixa no estereótipo do escritor que fica dias debruçado sobre uma escrivaninha, na máquina de escrever ou no computador para produzir uma peça. Actor, mímico e palhaço, ele faz esboços das peças em pinturas e depois apresenta suas ideias no palco antes de as colocar no papel. Fo improvisa perante a plateia, numa mistura de dialectos italianos, onomatopeias e palavras inventadas. Assim nascem suas comédias traduzidas em mais de 30 idiomas.
Nascido numa família de tradição antifascita, em 1940 ingressou na Academia de Belas Artes de Brera, em Milão. Após a guerra, começou a estudar a arquitectura no Instituto Politécnico, mas teve de desistir quando estava prestes a formar-se. Afinal, fora convocado pelo exército da República de Saló, quando os facistas de Mussolini tentaram retomar o controle da Itália. Conseguiu escapar, porém, teve de ficar escondido por meses num sótão.
O seu pai, Felice, e a sua mãe, Pina Rota, socialistas, eram membros activos na resistência. Mestre da estação e actor numa companhia amadora, Felice organizava a fuga de comboio de cientistas judeus e prisioneiros de guerra britânicos para a Suíça. Pina tratava dos rebeldes feridos.
Ao fim da guerra, Dário retornou a seus estudos na Academia de Brera e no Instituto Politécnico, mas depois abandonaria os seus trabalho e estudos, repugnado pelo corrupção existente no sector das edificações.
Para manter Dário e os seus irmãos Fúlvio e Bianca na faculdade, Pina costurava camisas. "Quando penso naquele período entre 44 e 45 me parece incrível ter vivido tantas histórias, todas condensadas num espaço de tempo tão breve. Situações grotescas, trágicas, freqüentemente vividas como se eu estivesse dentro de um pesadelo", escreveria Fo em "Il paese dei Mezaràt", em 2002.
Dário trabalhou em projectos de palcos e decoração teatral entre 1945 e 1951, porém, já começava a improvisar monólogos. Participou num momento de renovação do teatro italiano, com o fenómeno do novo teatri do piccoli (teatros pequenos) em que foi desenvolvida uma linguagem popular para as peças.
No verão de 1950, Dário apresentou a Franco Parenti uma parábola de Caim e Abel. Na sátira, Caim é um tolo que tenta imitar Abel, loiro e de olhos azuis. Após sofrer um desastre após outro, ele fica louco e mata o esplêndido Abel. Impressionado, Parenti convida Fo para se juntar a sua companhia de teatro.
Franca Rame, é actriz duma tradicional linhagem da Commedia dell'arte. Na Itália, apesar do sucesso da sua carreira pessoal, ela ainda é lembrada como filha de Domenico Rame. "Franca nasceu no teatro de 400 anos atrás", diz Fo. "Essa mulher tem pelo menos 400 anos de vida no teatro, talvez 500" - emenda. Ambos exploravam o potencial cómico dos erros no palco como parte da tradição medieval e renascentista dos artistas viajantes.
O alvo mais polémico das sátiras de Fo é a burocracia da Igreja Católica. Para o jornal oficial do Vaticano, "Mistério Bufo", peça de 1969, televisionada em 1977, é "o programa mais blasfemo jamais levado ao ar na história da televisão mundial". A comédia era baseada no grammelot, uma língua inventada por Fo baseada na mistura de fonemas modernos e dialectos em desuso da região padana, ao Norte da península Itálica.
Reapresentada por Fo e Franca Rame ao longo dos anos em diversos palcos, como em Moscovo e Amesterdão em 1991, a sátira ainda faz sucesso. O autor recebeu o Prémio Nobel de Literatura em 9 de Outubro de 1997. No ano seguinte, o Ministério da Cultura da França concedeu a Fo a Comenda das Artes e das Letras. Em maio de 2000 recebeu, naquele país, três prémios Molière pela peça "Morte acidental de um anarquista".
Em Dezembro de 2003 estreou a sua ópera satírica "O anómalo bicéfalo", sobre Silvio Berlusconi, então chefe do governo italiano e presidente do conselho da União Europeia. Em março de 2005, aos 79 anos, Dario Fo recebeu da Universidade Sorbonne, Paris, o título de laurea honoris causa.