No dia 26 de Fevereiro, por ocasião da abertura oficial do 30.º Fantasporto (Festival de Cinema Fantástico), realizou-se no Porto uma manifestação contra a guerra, promovida pela Plataforma Anti-Guerra, Anti-NATO (PAGAN).
Eis o relato da acção realizada:
Quando chegaram as bicicletas, ultrapassámos a meia centena, sexta-feira, 26 de Fevereiro, fim de tarde, Praça D. João I, Porto. Nós: anti-guerra, anti-nato. NATO=TERROR A SÉRIO, lia-se nas tshirts de 19, letra a letra, virados para a porta principal do Rivoli, onde as televisões esperavam os convidados para a abertura oficial do 30.º Fantasporto. Os flyers que outros distribuíam anunciavam o filme de género terror em rodagem há 61 anos, convidando para a assembleia pública da Plataforma Anti-Guerra Anti-Nato, PAGAN, dia 20 de Março, no Círculo Católico de Operários do Porto. É que, em Novembro próximo, Lisboa acolhe a Cimeira da NATO, em que será definido o seu novo conceito estratégico.
Foi a pensar na contestação a essa cimeira que a PAGAN foi criada em Setembro passado, em Lisboa (http://antinatoportugal.wordpress.com). E, a pensar em manifestações locais, estendeu-se ao Porto. A estreia a norte coincidiu com cinema, do tipo fantástico, com tendência para o terror. “Envolvido em jogos de guerra a que se mantém alheia a população, existe um país imaginário que condena os seus mais fracos a uma vida no limite da subsistência, de forma a poder gastar o que aí poupa na destruição de vidas a milhares de quilómetros”, anuncia a sinopse do flyer. Em paralelo, recolhiam-se assinaturas para uma petição com vista a retirar do Afeganistão as tropas portuguesas integradas na NATO. E exibia-se uma faixa a anunciar a PAGAN.
O encontro não foi anunciado. No entanto, a autoridade sabia que lá estaríamos, pelo menos assim nos foi transmitido por um agente. De facto, havia vários, com e sem farda. Também sabiam que não havia ali chefes, que não havia um mais responsável que os outros, que se tratava de uma plataforma, sem sede, portanto. Só quero saber se vão ficar por aqui…leia-se, exibir tshirts, distribuir panfletos e recolher assinaturas. Assim sendo, só preciso de identificar dois e os outros podem continuar. Assim foi. Argumento: tratou-se de uma acção em espaço público, previamente organizada, logo, carece de autorização do Governo Civil, autorização que não foi solicitada. Em contrapartida, o argumento de que pretendiam limitar a liberdade de expressão de nada valeu. A guerra é uma inevitabilidade, insistia um dos agentes. Consequências da identificação? Queixa ao Governo Civil. Mas eu vou dizer que estavam serenos, prometia outro.
O protesto, com efeito surpresa para muitos, ainda assim, durou cerca de uma hora e teve a visita do pessoal da bicicletada, em dia de encontro. Dos jornalistas, só os repórteres fotográficos mostraram curiosidade. Os media não foram convocados para o efeito. A convocatória para a assembleia pública da PAGAN não se esgotou ali (realiza-se a 20 de Março, 15h, Rua Duque de Loulé, 202, Porto). A contestação à política agressiva da NATO também não. A propósito, um olhar sobre a sua política despesista, que atinge os cofres de Portugal: a cimeira em Lisboa custará “seguramente mais de 20 milhões de euros”, disse à Lusa o ministro Luís Amado.