9.12.09

Portugal eucaliptiza Moçambique e esquece a luta no nosso próprio país contra as eucaliptizações nos anos 80



Segundo informações difundidas na imprensa, o grupo económico português da Portucel-Soporcel está a ultimar as negociações com o Governo moçambicano para adquirir 200 mil hectares de terrenos (equivalente à área de 200 mil estádios de futebol) para plantar eucaliptos, junto dos quais irá edificar também uma fábrica de pasta de papel.
A produção silvícola cobrirá uma enorme área florestal dos distritos de Manica e Zambézia, em Moçambique, envolvendo ainda a produção industrial de pasta e, numa fase posterior, de papel.


Recorde-se que, nos anos 80 do séc. XX , quando a consciência ambiental em Portugal era muito fraca - o que, em geral, se mantém, ainda hoje, com poucas e honrosas excepções – assistia-se à eucaliptação indiscriminada de vastas áreas do nosso litoral e de áreas serranas, reconversão esta que tinha por vezes lugar em áreas com espécies autóctones e ou consideradas importantes para a conservação da biodiversidade. Esta foi uma grande luta que, convém não esquecer, decorreu muitas vezes em sintonia com o sentir das populações locais que receavam as mudanças drásticas que estas florestações colocariam à sua região e ao seu modo de vida.

As múltiplas actividades que então decorreram tiveram alguns pontos altos com acções directas no terreno em conjunto com a população e que envolveram acorrentamento às máquinas como as que decorreram em Manhuncelos, concelho de Marco de Canaveses em 1988, na Serra da Aboboreira em Janeiro de 1989, em Valpaços em Março de 1989 ou ainda em Mértola, juntamente com a Associação de Defesa do Património de Mértola já no final desse ano.