26.11.09

Documentário «Agostinho da Silva - um pensamento vivo» passa na livraria-bar Gato Vadio (dia 29/11 à tarde)




Agostinho da Silva - um pensamento vivo
Documentário, 80min, 2006. Portugal/Brasil
Direção: João Rodrigo Mattos
Sinopse
Marcado pelo gosto do paradoxo, pela independência e inconformismo das idéias e por invulgares dons de comunicação oral e escrita, a figura ímpar de Agostinho da Silva desenha–se num singular misto de sábio, visionário e homem comum, no qual o pensamento e a vida se indistinguem.


Gato Vadio, livraria-bar
Rua do rosário, 281 – Porto
telefone: 22 2026016

Agostinho da Silva-Um Pensamento Vivo – Trailer



"São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem."

Agostinho da Silva, in 'Cartas a um Jovem Filósofo'

Este documentário, produzido pela Alfândega Filmes, segue o percurso biográfico de Agostinho da Silva, um dos mais paradoxais pensadores portugueses do século XX.
Ao longo de 79 minutos, o realizador brasileiro João Rodrigo Mattos percorre todas as cidades e regiões por onde o filósofo português passou, entre Portugal e o Brasil.
O documentário reúne numerosos depoimentos de pessoas das esferas cultural, social e política, tais como Manoel de Oliveira, Caetano Veloso ou Mário Soares.
É uma excelente oportunidade para conhecer melhor um pensador livre e inconformado, que tem sido relegado para um plano marginal no panorama cultural português, talvez por sempre ter andado à margem do convencional.



Agostinho da Silva (Porto, 13 de Fevereiro de 1906 — Lisboa, 3 de Abril de 1994), foi um filósofo, poeta e ensaísta português. O seu pensamento combina elementos de panteísmo, milenarismo e ética da renúncia, afirmando a Liberdade como a mais importante qualidade do ser humano. Agostinho da Silva pode ser considerado um filósofo prático e empenhado através da sua vida e obra, na mudança da sociedade.
George Agostinho Baptista da Silva nasceu no Porto em 1906, tendo-se ainda nesse ano mudado para Barca D'Alva (Figueira de Castelo Rodrigo), onde viveu até aos seus 6 anos, regressando depois ao Porto, onde inicia os estudos na Escola Primária de São Nicolau em 1912, ingressando em 1914 na Escola Industrial Mouzinho da Silveira e completando os estudos secundários no Liceu Rodrigues de Freitas, de 1916 a 1924.

Dono de um percurso académico notável, de 1924 a 1928, cursou Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo concluído a licenciatura com 20 valores. Após concluir a licenciatura, começa a escrever para a revista Seara Nova, colaboração que manteve até 1938.

Em 1929, com apenas 23 anos, defende a sua dissertação de doutoramento a que dá o nome de “O Sentido Histórico das Civilizações Clássicas”, doutorando-se “com louvor”.

Em 1931 parte como bolseiro para Paris, onde estuda na Sorbonne e no Collège de France. Após o seu regresso em 1933, leciona no ensino secundário em Aveiro até ao ano de 1935, altura em que é demitido do ensino oficial por se recusar a assinar a Lei Cabral, que obrigava todos os funcionários públicos a declararem por escrito que não participavam em organizações secretas (e como tal subversivas). No mesmo ano, consegue uma bolsa do Ministério das Relações Exteriores de Espanha e vai estudar para o Centro de Estudos Históricos de Madrid. Em 1936 regressa a Portugal devido à iminência da Guerra Civil Espanhola.

Cria o Núcleo Pedagógico Antero de Quental em 1939, e em 1940 publica Iniciação: cadernos de informação cultural. É preso pela polícia política em 1943, abandonando o país no ano seguinte (1944) em direcção à América do Sul, passando pelo Brasil, Uruguai e Argentina, no seguimento da sua oposição ao Estado Novo, na altura conduzido por Salazar.

Em 1947 instala-se definitivamente no Brasil, onde viveu até 1969. Em 1948, começa a trabalhar no Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, estudando entomologia, e ensinando simultaneamente na Faculdade Fluminense de Filosofia. Colabora com Jaime Cortesão na pesquisa sobre Alexandre de Gusmão. De 1952 a 1954, ensina na Universidade Federal da Paraíba (em João Pessoa (Paraíba)) e também em Pernambuco.

Em 1954, novamente com Jaime Cortesão, ajuda a organizar a Exposição do Quarto Centenário da Cidade de São Paulo. É um dos fundadores da Universidade de Santa Catarina, cria o Centro de Estudos Afro-Orientais, e ensina Filosofia do Teatro na Universidade Federal da Bahia, tornando-se em 1961 assessor para a política externa do presidente Jânio Quadros. Participou na criação da Universidade de Brasília e do seu Centro de Estudos Portugueses no ano de 1962 e, dois anos mais tarde, cria a Casa Paulo Dias Adorno em Cachoeira e idealiza o Museu do Atlântico Sul em Salvador.

Regressa a Portugal em 1969, após a doença de Salazar e a sua substituição por Marcello Caetano, que deu origem a alguma abertura política e cultural do regime. Desde aí continuou a escrever e a leccionar em diversas universidades portuguesas, dirigindo o Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade Técnica de Lisboa, e no papel de consultor do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, (actual Instituto Camões).

Em 1990, a RTP1 emitiu uma série de treze entrevistas com o professor Agostinho da Silva, denominadas Conversas Vadias. Uma outra entrevista, até ao momento não publicada, conduzida por António Escudeiro e chamada Agostinho por si próprio, fala sobre a sua devoção ao Espírito Santo.

Faleceu no Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa, no ano de 1994.

Um documentário sobre o próprio, intitulado Agostinho da Silva: um pensamento vivo, foi realizado por João Rodrigues Mattos, e lançado pela Alfândega Filmes, in 2004.

Agostinho Da Silva é referenciado como um dos principais intelectuais portugueses do século XX. Da sua extensa bibliografia, destacam-se o livro Sete cartas a um jovem filósofo, publicado em 1945.