Uma estranha loucura está a apossar-se das classes operárias das nações onde reina a civilização capitalista. [...] Esta loucura consiste no amor ao trabalho, na paixão moribunda pelo trabalho, levada ao depauperamento das forças vitais do indivíduo e da sua prole.
[...]
ó miserável aborto dos princípios revolucionários da burguesia ! ó lúgubre dádiva do seu deus Progresso! Os filantropos aclamam como benfeitores da humanidade aqueles que, para enriquecerem sem fazerem nada, dão trabalho aos pobres; mais valia semear a peste e envenenar as nascentes do que construir uma fábrica num aglomerado rural. Introduzam o trabalho de fábrica, e adeus alegria, saúde e liberdade; adeus tudo aquilo que torna a vida bela e digna de ser vivida.
[...]
Trabalhem, proletários, trabalhem para aumentarem a fortuna social e as vossa misérias individuais, trabalhem, trabalhem, para que, ficando mais pobres, tenham mais razões para trabalhar e ser mais miseráveis. É essa a lei inexorável da produção capitalista.
Paul Lafargue , “O Direito à Preguiça”
Imagem e texto retirados daqui: