0s 60 trabalhadores, da empresa FACOL, que são na sua grande maioria mulheres, estiveram em greve, tendo demonstrado uma grande unidade e determinação na luta que começaram. A greve estava marcada por tempo indeterminado e tinha como objectivos essenciais:
•Protestar contra a aplicação de mais um período de LAY-OFF que a empresa lhes quer impor;
•Reclamar o pagamento dos salários em atraso (Novembro, Dezembro, Janeiro, subsidio de natal e parte do subsidio férias)
•Dizer basta ao desrespeito e forma prepotente como o patrão as tem tratado durante os últimos tempos.
•Acusar as instituições do Estado designadamente, a ACT e a Segurança Social, pela inaceitável passividade, com que têm encarado este processo.
Face à unidade e determinação das trabalhadoras em manter a greve até à satisfação das suas reivindicações, o patrão viu-se forçado a fazer um acordo em que se compromete:
Santa Maria de Lamas, 31 de Março de 2009
«O sector corticeiro, foi durante muitos anos fonte de grandes lucros e de acumulação de colossais fortunas fundamentalmente à custa do nosso trabalho, dos baixos direitos e da discriminação.
Agora que se está a agravar a situação económica do país, da qual os trabalhadores não têm qualquer responsabilidade, muitos patrões não estão a assumir, como devem, as suas responsabilidades sociais.
Na verdade, ao contrário de disporem dos lucros acumulados à custa da produção, para partilharem das dificuldades e assumirem o emprego e os salários de tristeza, o que alguns estão a fazer é aproveitar-se das dificuldades para continuar a despedir, cortar direitos e a tentar sacar ainda mais do Estado e da Segurança Social, com total indiferença pelos dramas sociais que criam às famílias dos trabalhadores.
Hoje, nenhum trabalhador está livre de ser confrontado com a realidade e/ ou com o seu aproveitamento. A acção e a luta empresa a empresa contínua a ser o caminho, mas é insuficiente para resistir enfrentar o patronato e impedir consequências sociais ainda mais dramáticas.
Hoje, e enquanto é tempo, do que precisamos é de um forte e unido movimento de trabalhadores e popular do Concelho, para confrontar o patronato sem escrúpulos e sem sensibilidade social, bem como o poder política com esta realidade, para que a família de cada um e de todos, não caiam na miséria. »
O concelho onde se fazem sentir mais estes problemas é o de Santa Maria da Feira, onde se sucedem agora novos processos de despedimentos colectivos, lay-off e atrasos nos pagamentos de salários, como é o caso das empresas do Grupo Amorim, Suberus, Facol, ECCO, etc., a maior parte dos quais de carácter duvidoso e fraudulento.
António Couto, 47 anos, e Maria de Fátima Albuquerque, 39, casados e ambos trabalhadores da empresa Vinocor, não recebem salário desde Novembro e o pagamento do subsídio de Natal também falhou. “O único dinheiro que entra em casa”, explica o homem, “é o abono do filho”, de 11 anos. São 19 euros mensais insuficientes para as despesas da família, que não pode dispensar o apoio dos parentes mais chegados.
São os familiares quem, muitas vezes, providenciam comida ao casal e ao filho, diz Maria de Fátima, empregada na Vinocor há sete anos, menos 26 que o marido. “Se não fosse a ajuda das nossas famílias e o dinheirito que fomos pondo de lado ao longo dos anos, agora tínhamos que meter tudo no prego para sobreviver”, afirma a escolhedora de rolhas da empresa corticeira de Santa Maria da Feira.
Este casal, residente em Mozelos, é um dos exemplos de dramas por que passam os operários da Vinocor, da Subercor e da Facol do concelho de Santa Maria da Feira.
Os atrasos no pagamento dos salários não se podem prolongar por muito mais tempo, porque a situação familiar corre o risco de se agravar, adverte Maria de Fátima. “O meu filho já está a ser afectado psicologicamente e até pergunta se vamos ter de ir pedir esmola para a rua”, lamenta.
Laura Santos, 56 anos, está empregada na Facol desde 1970. A empresa deve-lhe três meses de salários, a par com os subsídios de férias e Natal. A corticeira já recorreu ao “lay-off” há cerca de um ano, voltou a laborar a partir de Setembro e voltou agora a suspender a laboração . Laura Santos não compreende as razões. “Nós temos trabalho e a empresa tem vendido”, garante.
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