2.4.09

Trabalhadores corticeiros de Sta Maria da Feira em luta contra despedimentos,lay-off e salários em atraso nas empresas do grupo Amorim, Suberus, Facol

Patrão da corticeira Facol cedeu
face à unidade e determinação das trabalhadoras em greve

TRABALHAR SEM RECEBER
ASSIM NÃO PODE SER!


0s 60 trabalhadores, da empresa FACOL, que são na sua grande maioria mulheres, estiveram em greve, tendo demonstrado uma grande unidade e determinação na luta que começaram. A greve estava marcada por tempo indeterminado e tinha como objectivos essenciais:

•Protestar contra a aplicação de mais um período de LAY-OFF que a empresa lhes quer impor;

•Reclamar o pagamento dos salários em atraso (Novembro, Dezembro, Janeiro, subsidio de natal e parte do subsidio férias)

•Dizer basta ao desrespeito e forma prepotente como o patrão as tem tratado durante os últimos tempos.

•Acusar as instituições do Estado designadamente, a ACT e a Segurança Social, pela inaceitável passividade, com que têm encarado este processo.

Face à unidade e determinação das trabalhadoras em manter a greve até à satisfação das suas reivindicações, o patrão viu-se forçado a fazer um acordo em que se compromete:
- A pagar, durante a semana em curso, o mês de Março/09 a todos os trabalhadores;
- A pagar o valor que está em dívida referente ao mês de Fevereiro/09 aos trabalhadores que estão no Lay-off;
- A apresentar um plano de pagamento faseado dos salários e subsídios que estão em atraso.
Entretanto, foi já emitido novo pré-aviso de greve a partir de 14 de Abril, para o caso da empresa não cumprir todos os compromissos assumidos no referido acordo.


Santa Maria de Lamas, 31 de Março de 2009
Comunicado do Sindicato dos Corticeiros

Os trabalhadores corticeiros vivem um momento particularmente delicado. Num comunicado divulgado há alguns dias atrás pelo Sindicato dos operários corticeiros do Norte pode-se ler:

«O sector corticeiro, foi durante muitos anos fonte de grandes lucros e de acumulação de colossais fortunas fundamentalmente à custa do nosso trabalho, dos baixos direitos e da discriminação.


Agora que se está a agravar a situação económica do país, da qual os trabalhadores não têm qualquer responsabilidade, muitos patrões não estão a assumir, como devem, as suas responsabilidades sociais.

Na verdade, ao contrário de disporem dos lucros acumulados à custa da produção, para partilharem das dificuldades e assumirem o emprego e os salários de tristeza, o que alguns estão a fazer é aproveitar-se das dificuldades para continuar a despedir, cortar direitos e a tentar sacar ainda mais do Estado e da Segurança Social, com total indiferença pelos dramas sociais que criam às famílias dos trabalhadores.

Hoje, nenhum trabalhador está livre de ser confrontado com a realidade e/ ou com o seu aproveitamento. A acção e a luta empresa a empresa contínua a ser o caminho, mas é insuficiente para resistir enfrentar o patronato e impedir consequências sociais ainda mais dramáticas.


Hoje, e enquanto é tempo, do que precisamos é de um forte e unido movimento de trabalhadores e popular do Concelho, para confrontar o patronato sem escrúpulos e sem sensibilidade social, bem como o poder política com esta realidade, para que a família de cada um e de todos, não caiam na miséria. »

O concelho onde se fazem sentir mais estes problemas é o de Santa Maria da Feira, onde se sucedem agora novos processos de despedimentos colectivos, lay-off e atrasos nos pagamentos de salários, como é o caso das empresas do Grupo Amorim, Suberus, Facol, ECCO, etc., a maior parte dos quais de carácter duvidoso e fraudulento.

António Couto, 47 anos, e Maria de Fátima Albuquerque, 39, casados e ambos trabalhadores da empresa Vinocor, não recebem salário desde Novembro e o pagamento do subsídio de Natal também falhou. “O único dinheiro que entra em casa”, explica o homem, “é o abono do filho”, de 11 anos. São 19 euros mensais insuficientes para as despesas da família, que não pode dispensar o apoio dos parentes mais chegados.

São os familiares quem, muitas vezes, providenciam comida ao casal e ao filho, diz Maria de Fátima, empregada na Vinocor há sete anos, menos 26 que o marido. “Se não fosse a ajuda das nossas famílias e o dinheirito que fomos pondo de lado ao longo dos anos, agora tínhamos que meter tudo no prego para sobreviver”, afirma a escolhedora de rolhas da empresa corticeira de Santa Maria da Feira.

Este casal, residente em Mozelos, é um dos exemplos de dramas por que passam os operários da Vinocor, da Subercor e da Facol do concelho de Santa Maria da Feira.

Os atrasos no pagamento dos salários não se podem prolongar por muito mais tempo, porque a situação familiar corre o risco de se agravar, adverte Maria de Fátima. “O meu filho já está a ser afectado psicologicamente e até pergunta se vamos ter de ir pedir esmola para a rua”, lamenta.

Laura Santos, 56 anos, está empregada na Facol desde 1970. A empresa deve-lhe três meses de salários, a par com os subsídios de férias e Natal. A corticeira já recorreu ao “lay-off” há cerca de um ano, voltou a laborar a partir de Setembro e voltou agora a suspender a laboração . Laura Santos não compreende as razões. “Nós temos trabalho e a empresa tem vendido”, garante.


Com efeito, a Facol, de Lourosa, iniciou afora mais um “lay-off”. Os trabalhadores têm ordenados em atraso, continuam a trabalhar, mas acompanharam os colegas da Subercor e da Vinocor ao Governo Civil para dar nota das dificuldades por que estão a passar e pedir ajuda. Os trabalhadores da Janosa, de S. João de Ver, também vivem momentos difíceis, com ordenados em atraso. Entretanto, alguns deles estão concentrados nos portões da empresa a exigir o pagamento dos salários em atraso.

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