3.7.08

Exibição seguida de debate do filme «O pão nosso de cada dia» sobre o tema da soberania alimentar (6 de Julho às 17h na Casa da Horta)


No dia 6 de Julho o GAIA apresenta na Casa da Horta um filme seguido de debate sobre o tema Soberania Alimentar. O filme a passar será 'O pão nosso de cada dia'

Aparece a partir das 17h na Casa da Horta (Rua de S.Francisco nº12)



Filme: 'O pão nosso de cada dia', 92m; do austríaco Nikolaus Geyrhalter.

sinopse:
Our Daily Bread, do austríaco Nikolaus Geyrhalter, sem voz off nem diálogos, deixa as imagens falarem por si e é capaz de fazer os espectadores saírem perturbados da sala ou jurarem que a partir de agora se tornam vegetarianos. O seu exímio formalismo visual de matriz kubrickiana, rigorosamente geométrico e suportado exclusivamente pela imagem e pelo som ambiental, esconde uma curiosidade observadora, entomológica e entusiasta pelos mecanismos subjacentes à manutenção da vida moderna. O título é para levar à letra: é do 'pão nosso de cada dia' que se trata aqui, visto que Nikolaus Geyrhalter andou durante dois anos a recolher imagens em explorações alimentares industriais para dar a ver como é recolhida e processada a comida que consumimos diariamente.
Legumes, carne, peixe, fruta: pouco interessam as diferenças, tudo está automatizado de modo a poupar o esforço humano e a maximizar a rendibilidade de cada alimento, mas com o efeito irónico de desumanizar a mão-de-obra, reduzida ao mero estatuto de 'máquina' que repete
incessantemente os mesmos gestos para manter a linha de montagem a funcionar .




Soberania alimentar... e o G8


Entre os dias 7 e 9 de Julho estará a decorrer a reunião dos 8 países mais industrializados/ ricos do mundo (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia), na qual irão ser debatidas, entre outras, a economia mundial, o desenvolvimento de África, o aquecimento global e as alterações climáticas.

Talvez pareça à primeira vista que a importância destes encontros, não deveria ultrapassar as fronteiras dos próprios países que se reúnem. Contudo, o impacto das decisões que daí advêm, têm um alcance global e vezes demais destrutivo e opressor. O poder económico destes 8 países é tal que, o que por eles é decidido nesta espécie de 'cúpula' do poder rapidamente se converte em directivas políticas e de mercado, impostas ao mundo inteiro. O G8 determina políticas globais sem ter legitimidade para o fazer, da forma menos transparente possível fechando os portões à democracia.

De forma a proteger a sua economia em prejuízo de todas as outras, os países que integram o G8 são grandemente responsáveis por políticas cujas consequências são: aumento da pobreza e da fome resultando nesta crise alimentar; directivas comerciais que se traduzem na imposição (via OMC, FMI, Banco Mundial) na liberalização dos mercados agrícola e das pescas fragilizando e destruindo a economia de países em desenvolvimento; aquecimento global e perda de biodiversidade associada às alterações climáticas; desflorestação em prol de agrocombústiveis e monoculturas; por uma política de patentes que no caso dos medicamentos condiciona gravemente o tratamento das populações com menores recursos económicos, proporcionando a escalada de doenças como a SIDA.

Em resposta a este crescendo de abusos, a resistência é fértil e propaga-se que nem ervas daninhas. A oposição à reunião do G8 reúne à escala mundial, centenas de milhares de indivíduos e grupos que diversos nas suas campanhas, convergem na oposição a esta maneira de fazer política.

A Via Campesina está a apelar à mobilização do movimento contra G8 para no período de 4 a 7 de Julho realizar acções no âmbito da soberania alimentar, alterações climáticas, perda de biodiversidade.



http://viacampesina.org/


Apesar desta chamada internacional partir (entre outras) da Via Campesina, a contestação ao G8 engloba uma diversidade de grupos de acção, campanhas e indívduos que no dia a dia, lutam contra o desenfreado capitalismo que nos ataca e põe em causa habitats e seres vivos como nunca, com as consequências sociais dramáticas que conhecemos.

Esta é uma oportunidade de trabalharmos juntos por um objectivo comum, maximizando o impacto da sociedade civil nas políticas que nos impõe dia após dia.