12.2.08

Weisman e cara vermelha, de George Tabori, estreia dia 13 nas Caldas da Rainha



Weisman e cara vermelha
de George Tabori

ESTREIA A 13 DE MARÇO DE 2008

É um recontro no deserto americano. O primeiro contendor, um judeu perdido com a sua filha deficiente; o segundo, um índio montado na sua mula em busca das eternas pradarias.
Do confronto entre ambos nascerá uma luta existencial para determinar qual dos dois povos mais sofreu… Uma fábula lúdica sob a forma de um western burlesco.
O humor de Tabori, ainda impregnado da sua Hungria natal, evoca, de modo mais visceral, o de Woody Allen.

Tradução: Carlos Borges
Direcção de ensaios: Isabel Lopes
Encenação: Fernando Mora Ramos
Interpretação: Bárbara Andrez, Carlos Borges, Fernando Mora Ramos e José Carlos Faria

Teatro da Rainha

Trav. do Acipreste, 20, 3º dto
2500 Caldas da Rainha
Portugal





Historial do Teatro da Rainha

O Teatro da Rainha, criado pelo cenógrafo José Carlos Faria, então membro da Casa da Cultura das Caldas da Rainha e pelo encenador Fernando Mora Ramos, ligado à companhia do CCE (Centro Cultural de Évora), surgiu em 1985, nas Caldas da Rainha, a convite da Casa da Cultura, então sedeada no espaço do antigo casino, defronte ao Hospital Termal.
A companhia estruturou-se nessa altura a partir de dois esteios de referência: por um lado a Casa da Cultura vinha desenvolvendo um trabalho teatral com enquadramento profissional, orientado por José Peixoto, professor do Conservatório Nacional; por outro, ao aceitar o convite da Casa da Cultura para criar um núcleo teatral profissional, estava-se em condições de fazer o balanço da primeira fase da descentralização teatral, a que tinha arrancado com a fundação do Centro Cultural de Évora. Para além destas fortes matrizes, condicionantes concretas do aparecimento da Rainha, há que referir a estadia de Fernando Mora Ramos em Itália, como bolseiro da Fundação Gulbenkian, no Piccolo Teatro de Milão, acompanhando o trabalho de Giorgio Strehler, momento de aprendizagem intensamente criativo que naturalmente se veio a reflectir nas opções e caminho da Rainha.
Nessa época o projecto teatral do Teatro da Rainha assumia um conjunto de rupturas, principalmente no domínio especificamente teatral e artístico. A prática de reportório, criticando a opção acrítica pelos clássicos em geral, quaisquer clássicos desde que a marca clássico fosse ostentada, assim como a rejeição de padrões de acção absolutamente obcecados pela quantificação e pela deificação do instrumento relatório (de repente era mais importante o relatório para a tutela do que a criação teatral em si, numa deriva burocrática e administrativa inconsequente), aliadas a um labor prático teatral, de trabalho criativo de ensaios, apostado no rigor e nas possibilidades ilimitadas duma poética da ficção realista, marcaram desde logo a diferença no panorama teatral português da década de 80.
Durante cinco anos desenvolveu pois a sua acção no espaço do Antigo Casino das Caldas, transformado em Casa da Cultura pelo 25 de Abril, espaço onde tinha sido construído um teatro de Câmara que dava directamente para o parque de Caldas da Rainha, cujas condições eram quase ideais, na época, para o labor de uma jovem companhia.
Realizou assim dezassete espectáculos, tendo percorrido o país em digressões constantes, característica marcante que assumiu desde que iniciou o seu projecto.
Juntaram-se entretanto ao projecto, ainda na fase de arranque, o encenador José Peixoto, a actriz Teresa Gonçalves e os actores José Eduardo e Victor Santos, integrando este último, ainda hoje, o elenco da companhia. Pelo lado da Casa da Cultura também o técnico António Plácido passou a trabalhar com a Rainha.
Pouco tempo depois seria a vez das actrizes Isabel Muñoz Cardoso, Isabel Leitão, assim como, mais tarde, a actriz Isabel Lopes, também tradutora e dramaturgista, ainda hoje elemento do núcleo duro do Teatro da Rainha, que integra também a responsável de produção e gestão, Ana Pereira, à época jovem estagiária da companhia.
Integraram ainda os quadros de trabalho da Rainha, o encenador Valentim Lemos – que encenou a farsa medieval “Amorosos”, de autor anónimo - , a mestra de costura Amélia Varejão e no elenco, Pedro Hestnes Ferreira, Rui Jacques, Ana Madureira, José Mora Ramos, Rosário Gonzaga, Vítor Zambujo, Waldemar de Sousa, entre outros.
Os espectáculos que o Teatro da Rainha realizou, foram objecto de um Prémio da Crítica, atribuído pela Associação Portuguesa de Críticos, “pelo conjunto da obra” e de diversas nomeações em diferentes categorias aos Prémios Garrett promovidos pela então Secretaria de Estado da Cultura .
Em 1988 passa a companhia regularmente subsidiada pelo Estado.
Durante os cinco anos referidos fez peças de Gil Vicente, Ângelo Beolco, Anrique da Mota, Marivaux, Goldoni, autores clássicos, mas também de Heiner Müller, Sean O’Casey, Christoph Hein, Beckett e Sarrazac, contemporâneos.
A política de reportório da companhia assentava numa forte relação com as características do elenco, as peças não eram portanto escolhidas em função das suas qualidades temáticas abstractas e indiscutíveis, assim como a companhia não assumia nenhuma vocação fabril industrial realizando espectáculos em série, sem recuo artístico e para cumprir um qualquer plano quinquenal.
Uma segunda característica do labor da Rainha assentava no enorme cuidado e amor com que as criações eram inventadas, trabalho esse resultado de práticas colectivas que superavam também o dirigismo vigente, na tradição francesa do “patron”.
Com os textos dos autores referidos e a convite das respectivas instituições, apresentou espectáculos no ACARTE, Fundação Calouste Gulbenkian (AQ, de Chistoph Hein), no Instituto Franco-Português (“O herdeiro Aldeão”, de Marivaux), no Teatro da Comuna (“O Falatório”, de Ruzante/Beolco), no auditório do BESCL em Lisboa (“O Fim do princípio”, de O’Casey), no Teatro Garcia de Resende, no Auditório Nacional Carlos Alberto (“Filoctetes” de Heiner Müller, etc.
De referir que em 1989 o Teatro da Rainha realiza em digressão pelo país cerca de 100 representações, no âmbito do Projecto de itinerância da SEC. Percorre então, para além do interior dos concelhos do Oeste, de igual modo Trás-os-Montes, Beira Interior, Algarve e Alentejo, e bem asim cidades como o Porto, Braga, Évora, Covilhã, Guarda, Viseu, Santarém, Coimbra, Faro, Beja, Setúbal e Almada, entre outras. Realiza também, a convite da Junta da Extremadura de Espanha e da Secretaria de Estado da Cultura, uma digressão pela raia espanhola, tendo assegurado a representação teatral portuguesa em Cáceres, no âmbito da Exposição Ibérica de Arte Contemporânea.
Em 1990, o Teatro da Rainha em confluência com o Centro Cultural de Évora, cria o CENDREV (Centro Dramático de Évora), fazendo parte da sua Direcção durante doze anos (até 2002, José Carlos Faria e Ana Pereira mantêm-se na direcção do CENDREV). Fernando Mora Ramos, que entretanto deixara o CRAE de Évora, criado por iniciativa governamental, e primeiro Centro Regional das Artes do Espectáculo, a fim de dirigir o DRAMAT/Centro de Dramaturgias Contemporâneas, no TNSJ, a convite de Ricardo Pais -1999), é substituído na direcção do CRAE por José Carlos Faria.
No âmbito da associação CENDREV, a equipa do Teatro da Rainha em Évora (Fernando Mora Ramos, José Carlos Faria, Isabel Lopes e Ana Pereira) relança a Escola de Formação Teatral (actores e “règisseurs”) – a qual funcionara exemplarmente, para trás no tempo (a partir de 1976), sob a Direcção de Luís Varela e com a colaboração de Christine Zurbach – e que passa a integrar o grupo de trabalho transnacional FIRCTE – Formação Inicial e Reconhecimento de Competências dos Técnicos do Espectáculo, coordenado pelo Institut del Teatro de Barcelona, congregando o CFPTS – Centre de Formation Professionel des Techniciens du Spectacle (Paris), TNS – Thêàtre NatIonal de Strasbourg, Scala de Milão, Conservatório de Madrid e Central School of Speach and Drama (Londres), cria a Revista Adágio, define, coordena e supervisa as linhas de força para a recuperação e reabilitação do Teatro Garcia de Resende, um dos melhores e mais significativos teatros “à italiana” da Europa bem como o programa para o novo edifício teatral (não construído), projectado pelos Arqºs Fernando Távora e Bernardo Távora, para as traseiras do TGR e realiza um intenso trabalho de criação e digressão modificando o panorama da estrutura. É o Teatro da Rainha, que entretanto era das companhias mais apoiadas pelo Estado, que investe em Évora esse seu estatuto de estrutura regularmente apoiada e os fundos respectivos.
Fernando Mora Ramos é então responsabilizado pelo espectáculo de estreia desta nova aposta, “A Ilusão Cómica”, de Corneille, justamente com cenografia de José Carlos Faria.
No CENDREV, a equipa da Rainha realizou um conjunto de espectáculos muito significativo, de que importa realçar para além de “A Ilusão cómica”, “Clérigos e almocreves”, de Gil Vicente, “O Homem, a besta e a virtude”, de Pirandello, “As manias da vilegiatura”, de Goldoni, “Um, nenhum e o homem da flor na boca”, de Pirandello e “Eu Feuerbach”, de Tankred Dorst, espectáculo que realizou uma digressão a Maputo e que tinha Mário Barradas como actor protagonista. Relevante, neste contexto, foi ainda o repto lançado por Fernando Mora Ramos a Jean-Pierre Sarrazac, de encenar “O lavrador da Boémia”, de Johannes von Saaz (com Fernando Mora Ramos e Gil Nave, cenografia de João Vieira, tradução de Isabel Lopes), espectáculo que realizou uma digressão nacional e se apresentou no TNSJ e no Teatro da Trindade.
Mantendo a sua autonomia jurídica, o Teatro da Rainha monta entretanto, a convite da Culturgest, “Esta Noite Improvisa-se”, de Pirandello, espectáculo integrado na Lisboa 1994, Capital da Cultura, assim como, no ano seguinte, realiza em Maputo, Moçambique, “De Volta da Guerra”, sobre texto de Ângelo Beolco, a convite da Cena Lusófona e em co-produção com o grupo de teatro moçambicano “Casa Velha”, montagem que realizaria uma digressão nacional em Portugal.
O espectáculo “De volta da guerra”, apresentado logo após o fim da guerra civil moçambicana, foi o primeiro frente a frente da população de Maputo com esta temática tão violenta e deprimente. Extraordinário foi verificar que, tal como no futebol, o açambarcamento dos bilhetes para o espectáculo e a sua venda no mercado negro traduziu o impacto produzido no público - o auditório de ar livre da Casa Velha, esteve sempre mais do que lotado.
Relançando a companhia autonomamente em 2002, o Teatro da Rainha volta à cena em Coimbra, numa parceria com o Museu Nacional da Ciência e da Técnica, regressando em Novembro de 2003 às Caldas da Rainha, a convite da autarquia, instalando-se no antigo edifício do pólo da UAL (Universidade Autónoma de Lisboa) de Caldas da Rainha.
Em 2004 o Teatro da Rainha assinala os 500 anos da primeira representação do “Auto de S. Martinho” de Gil Vicente no exacto local da sua criação original (Igreja de Nossa Senhora do Pópulo em Caldas, um dos raríssimos locais , senão o único, que acolheram a estreia de espectáculos Vicentinos onde as condições arquitectónicas do espaço não se alteraram ao longo dos séculos) e no qual, durante os três dias de apresentação, se reuniram mais de 800 pessoas.
Entretanto estabelece relações profícuas com alguns novos parceiros: O TNSJ (Teatro Nacional de S. João), a convite do qual estreou “Ella”, no Porto, as Câmaras de Caldas da Rainha (sede), Óbidos, Torres Vedras (com quem desenvolve um projecto formativo), a Odivelcultur (com quem coproduziu “Estação Inexistente” e “O coronel pássaro”, de Hristho Boytchev) e Tavira (cidade onde estreou “O Anel mágico).
Nestes últimos 5 anos a companhia montou 14 espectáculos, que mantém em reportório.
O Coronel Pássaro, de Hristho Boytchev, coproduzido pelo Centro Cultural de Belém/ Teatro da Malaposta/ Al-masrah, companhia algarvia, e estreado no pequeno auditório do CCB, é a sua mais recente produção.


Listagem de todas as criações da Rainha:
1985
“O falatório do ruzante de volta de guerra” de Angelo Beolco
“Farsa do hortelão” de Anrique de Mota
“Tantas maneiras de enganos” de Gil Vicente
“ A Q - A hora do lobo” de Christoph Hein
“O fim do princípio” de Sean O’Casey
1986
“O herdeiro da aldeia” de Marivaux
“Quem tem farelos” de Gil Vicente
“Filoctetes” de Heiner Müller
1987
“Os rústicos” de Carlo Goldoni
“Krapp – A última gravação” de Samuel Beckett
1988
“Menino-rei” de Jean-Pierre Sarrazac
“Físicos/Índia” de Gil Vicente
1989
“Os amorosos” – Farsas anónimas medievais
“Barry, ensaio no T zero” de Fernando Mora Ramos
“Arlequim polido pelo amor” de Marivaux
1994
“Esta noite improvisa-se” de Pirandello
1995
“De volta da guerra” de Ângelo Beolco
2002
“A última bobine” de Samuel Beckett
“Burlesco” de Karl Valentim / De Fillipo
2003
“Max Gerrick – nem uma coisa nem outra” de Manfred Karge
“Fradas?” de Gil Vicente
2004
“O fim do princípio” de Sean O’Casey
“Verão de S. Martinho” de Gil Vicente / Anrique da Mota
“Danos colaterais do amor e da guerra” de Bertolt Brecht e Kurt Weil
2005
“Dança da morte” de August Strindberg
“Desconcerto gin-fónico” de Mário Henrique Leiria
“Ella” de Herbert Achternbusch
“Médico à força” de Moliére
2006
“Estação inexistente” de Pirandello e Rocco D’Onghia
“ O anel mágico” de Carlo Goldoni
2007
“ O coronel pássaro” de Hristo Boytchev