16.1.08

Exposição de Graça Morais, pintora de Vila Flor, do Nordeste transmontano


A exposição «Graça Morais na Colecção da Fundação Paço d’Arcos» abriu no dia 12 de Janeiro e estará patente até 30 de Abril na Galeria do Palácio, instalada na Biblioteca Municipal Almeida Garrett.
A mostra, que engloba mais de 120 trabalhos – incluindo pintura, desenho e azulejo – abrange as diversas fases da obra da artista (de 1982 a 2007), um dos nomes mais proeminentes da pintura portuguesa


http://gracamorais.blogspot.com/

GRAÇA MORAIS: RETRATO DE MULHER


Nasceu em Vieiro, freguesia de Freixial, concelho de Vila Flor, em 17.3.1948. Diplomou-se em Pintura pela Escola Superior de Belas Artes do Porto e fez a sua primeira exposição em 1971 (colectiva) e em 1974 a primeira individual. Ajudou a fundar o Grupo Puzzle.


Em 1975 era tida como pintora neo-figurativa, situando a sua temática entre as memórias da aldeia onde nasceu, as pessoas e os artistas plásticos. A sua pintura sofreu a influência de várias correntes de pensamento, nomeadamente por Chagall e Francis Bacon. Foi a partir de 1976 que esteve em Paris e de lá trouxe a fineza artística que desde aí não mais largou, fazendo dela um percurso invejável. É inegavelmente uma estrela de primeira grandeza no firmamento nacional. Radicou-se em Lisboa, depois de ter começado a sua vida profissional por Guimarães, como professora do Ensino Secundário.

Rente à terra, os corpos. Curvados, agachados, agarrados ao chão. Nele se fundem, inteiros. O seu peso toma-se linha de horizonte.
Os rostos também são de terra. Lavrados em espessos sulcos à feição do tempo. São rostos de mulheres, afilados e macios pássaros que, insistentemente, nos olham, do sacrário da sua pintura. E, entre eles, ou em todos eles, acharemos os traços do auto-retrato da pintora. É que Graça Morais, 48 anos, expõe-se nas linhas que desenha.


O gesto é-lhe sereno e o modo simples. Uma certa timidez acaba por tolher-lhe as palavras. Esconde as mãos, talvez para evitar o nervosismo que lhe dá cabo das unhas. E porque é no silêncio mais imperturbável que se pode escutar o que nela se convulsiona. Sem dúvida, uma pulsão de terra.


Foi em Paris, onde esteve como bolseira da Fundação Guibenkian, entre 1976 e 1978, que sentiu a necessidade de retratar figuras de mulheres. As que povoaram a sua infância transmontana - «Se calhar, foi para matar saudades», afirma Graça, «mas acho que foi depois de ter visto ‘A Árvore dos Tamancos’, que me deu urna enorme vontade de voltar ao mundo rural.»


Assim fez. Em 1981, voltaria, com a filha Joana - actualmente a estudar cinema em Londres - à aldeia natal. Lá ficou dois anos. O que procurava nesse regresso? Não o consegue explicar. «Precisava» - afirma simplesmente. «Não conseguia estar noutro sítio. De vez em quando, precisamos de ter um encontro forte connosco. E esse encontro tem de ser feito em lugares muito autênticos, onde estamos entregues a nós próprios e podemos ir ao fundo das questões. Porque não podemos enganarmo-nos.»


Desse encontro «forte» consigo, com as suas raízes e com o mundo, renasceu a sua pintura. Foi o regresso ao «ventre». Da terra. «É uma sorte ter-se uma terra. E eu tenho-a» - diz ela.

retirado de:
http://www.bragancanet.pt/filustres/gracamorais.html

Ver ainda:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gra%C3%A7a_Morais