Apesar de não partilharmos as suas análises nem ainda de muitos dos seus princípios ideológicos, não queremos deixar terminar este ano sem uma referência à revista digital de filiação marxista, O Comuneiro, cuja leitura se recomenda pela qualidade dos textos que aí são difundidos. Foram já editados cinco números cujos sumários transcrevemos mais abaixo, depois do texto de apresentação da revista retirado do seu website:
http://www.ocomuneiro.com/
Em Comum
http://www.ocomuneiro.com/
Em Comum
Em Wall Street as expectativas crescem. Há fusões de grandes conglomerados e mais despedimentos massivos em perspectiva. As armadilhas da liquidez. Grandes aluviões de dinheiro – fictício, esbulhado, prometido - cachoam enlouquecidos, como manadas de bisontes em pânico. Flexibilidade, polivalência, just in time. Os ritmos aceleram para os sobreviventes da empregabilidade. Os nervos crispam-se no esforço. A TV vomita as suas obscenidades quotidianas. A terra está seca. Os peitos das mães acusam silenciosamente. Torrentes de humanidade “excedentária” afluem continuamente às megapólis de lata. As chuvas são ácidas. O barril do ‘brent’ está cotado em alta. Erguem-se novamente as cabeleiras rubras da guerra. De todos os cantos do mundo se levanta um mesmo clamor de revolta.
‘O Comuneiro’ pretende ser, dentro do mundo da língua portuguesa, um pequeno laboratório de pesquisa na busca de um propósito articulado nesta revolta. Para isso, serve-se dos instrumentos da crítica ao universo do capital forjados há cento e cinquenta anos e temperados desde então em milhões de lutas, grandes e pequenas, certas e equivocadas. Trabalho necessário, mais-valia, D-M-D’. Como do sangue, suor e fezes das grandes multidões laboriosas se foram amassando as riquezas acumuladas nas mãos dos poucos, reproduzindo-se o ciclo incessantemente com uma regularidade cega e brutal. Até que a rotativa da valorização entra em panne mortal. O velho red doctor, nas insónias do Soho, viu tão bem e tão longe que só hoje começamos a compreendê-lo verdadeiramente. Ou só hoje as duras esquinas do real parecem obstinar-se a preencher e cumprir fielmente os seus conceitos.
Que um outro mundo é possível, ninguém o duvida. Menos que todos os ideólogos estipendiados para o negar, que são as únicas vozes autorizadas no novo Leviatã totalitário da “globalização”. Mas os futuros possíveis arrancam do que é presente, do que se compreende a si próprio como movimento e razão. O nosso desígnio é pois tornar esse movimento e essa razão presentes a si próprios. Para que, de entre os miasmas em decomposição do mundo mercantil (e seu bailado de fetiches), se ergam as novas vozes prontas a reclamar e fazer sua a própria vida. Em comum. Saltando as cercas. Rasgando a mãos juntas os velhos protocolos da exclusão e do enclausuramento proprietário.
Revista nº 5 – Setembro 2007
A única economia viável - István Mészáros
Marxismo para o século XXI - Michael Lebowitz
Trabalho forçado e por gosto - Daniel Bensaïd
Notas críticas sobre o capitalismo cognitivo - Michel Husson
Trabalho e história - Sérgio Lessa
Tecnociência, ecologia e capitalismo - Marcos Barbosa de Oliveira
Trabalho e fluxo informacional - Ruy Braga
A nova divisão internacional do trabalho - Ivonaldo Leite
Movimentos sociais rumo a uma nova sociedade - Alder Júlio Calado
Novos tempos, novos caminhos - Ricardo Gebrim
Números anteriores da Revista digital O Comuneiro:
REVISTA nº 1 - Setembro 2005
- Capitalismo Monopolista - Paul Sweezy
- A crise actual e as raízes do futuro - Tom Thomas
- O problema do subdesenvolvimento e o exército industrial de reserva - João Valente Aguiar
- O fim do valor - Jim Davis
- O poder do dinheiro: dívida e vedações (enclosures) - George Caffentzis
- Os segredos da «sociedade da informação» - Ângelo Novo
- Tenham a certeza absoluta... - Chris Harman
- Socialismo ou Barbárie: objectivismo económico e intervenção criativa dos povos no desenlace das contradições do capitalismo - Ronaldo Fonseca
- Trabalhadores: classe ou fragmentos? - João Bernardo
- O Governo Lula e a reforma conservadora do neoliberalismo no Brasil - Armando Boito
- Movimentos sociais no Brasil de hoje - Ivonaldo Leite
REVISTA nº 2 - Março 2006
- Trabalhar todos, menos, de outra forma –Tom Thomas
- Ciência: força produtiva ou mercadoria?– Marcos Barbosa de Oliveira
- Filósofos, cientistas e a unidade da ciência – Helena Sheehan
- Constância, transformação e ruptura – Ângelo Novo
- Da idiotia útil ao activismo – Bob Hughes
- Os fundamentos do processo de financeirização - Tatiana Brettas
- Novos movimentos sociais e partidos revolucionários – Ronaldo Fonseca
- O galo da Europa se espreguiça – Osvaldo Coggiola
- Género, marxismo e pós-modernidade – Mirla Cisne
- Celso Furtado e a história económica – Ivonaldo Leite
- 2006, ou a propósito de um ano eleitoral – Virgínia Fontes
REVISTA nº 3 - Setembro 2006
- A mundialização do exército industrial de reservar – François Chesnais
- Novos rumos do comunismo – Ângelo Novo
- Imperialismo, classes sociais e conjuntura – Virgínia Fontes
- A emergência do sistema imperialista – Ronaldo Fonseca
- Abaixo as patentes – Marcos Barbosa de Oliveira
- O Manifesto dot.Comunista - Eben Moglen
- As despolitização das lutas sociais – Tatiana Brettas e Mirla Cisne
- Salazar e outras histórias – Francisco Martins Rodrigues
- Espectros de 1964 – Caio Navarro de Toledo- O ocaso do PT, as eleições e as parspectivas da luta socialista no Brasil - Carlos Zacarias de Sena Júnior
REVISTA nº 4 - Março 2007
- A Ecologia da Destruição - John Bellamy Foster
- Pensar o comunismo, hoje - AA. VV.
- Crítica da 'Crítica do Programa de Gotha' - Tom Thomas
- Que outro mundo é possível? - Ângelo Novo
- Dezanove teses - Ben Seattle
- Marxismo e questão nacional - Ronaldo Fonseca
- Igualitarismo marxista e liberdade humana - Valério Arcary
- Comunismo: de que se trata? - Sérgio Lessa
- O PCP e a questão colonial - Francisco Martins Rodrigues
- Governo Lula: realidade e promessas - Caio Navarro de Toledo