7.11.07

Dez livros de Física para todos - selecção de Carlos Fiolhais

O conhecido investigador português, Carlos Fiolhais, divulgou uma lista de 10 libros em português sobre Física para todos que aproveitamos para divulgar com pequenas notas daquele cientista:


Rómulo de Carvalho, “A Física do Dia-a-Dia”, Relógio d’ Água

Rómulo de Carvalho - o professor de Física e Química que é também o poeta António Gedeão e o patrono da cultura científica entre nós - deixou-nos este precioso guia para aprender ciência no quotidiano, que na edição original se chamava “Física para o Povo”. O prefácio da reedição é de José Mariano Gago, a quem se deve a escolha do dia do nascimento de Rómulo de Carvalho, 24 de Novembro, para Dia Nacional da Cultura Científica e também o impulso dado a uma exposição do “Ciência Viva” sobre cem experiências de física com material simples baseadas neste livro que esteve patente no Pavilhão do Conhecimento, no Parque das Nações, em Lisboa.


Rómulo de Carvalho, “História dos Balões”, Relógio d’ Água

Este é apenas um exemplo dos extraordinários livrinhos da colecção “Ciência para Gente Nova” da Editora Atlântida de Coimbra (é o nº 3 da colecção). Quando eu e os da minha geração éramos mais novos, aquilo era “ciência nova” para a gente, isto é, contrastava com a ciência que nos aparecia nos manuais dos liceus. Talvez tenha sido por isso que alguns de nós enveredámos por carreiras científicas. Nestes livros a ciência e a tecnologia aparecem como resultado do pensamento e obra dos homens em vez de “caírem dos céus”... Na “História dos Balões” conta-se em particular a aventura da Passarola do padre Bartolomeu de Gusmão, no tempo do rei D. João V.


Eve Curie, “Madame Curie”, Livros do Brasil

Comovente biografia da cientista mais conhecida escrita pela sua própria filha, não Irène, que foi Prémio Nobel como a mãe, mas a irmã mais nova. Num mundo onde há falta de mulheres cientistas (não é o caso em Portugal) é bom lembrar o extraordinário exemplo de Madame Curie, que ganhou os Prémios Nobel da Física e da Química. Última hora: no passado dia 22 de Outubro faleceu Eve Curie, com a bonita idade de 104 anos. O título de uma revista era também muito bonito: “A filha que deu à luz a mãe”.


Albert Einstein e Leopold Infeld, “A Evolução da Física”, Livros do Brasil

Este é um verdadeiro clássico sobre a história da física escrito pelo que é considerado “papa da física”, um dos fundadores da física moderna, que inclui tanto a teoria da relatividade como a teoria quântica. Einstein quis com este livro ajudar Infeld, mas ao fazê-lo ajudou-nos também a muitos de nós. O físico português (de Évora) João Magueijo confessou, no seu livro “Mais rápido do que a luz” o que ficou a dever a este livro. E, decerto, não foi só ele...


Richard Feynman, “O que é uma Lei Física”, Gradiva

Este livro, com tradução e prefácio meus, mostra uma maneira muito original de ver a física da autoria de um dos físicos mais originais (e, já agora, mais divertidos), do nosso tempo. Por exemplo, a conservação da energia é transmitida contando a história do quarto de brinquedos de uma criança. Feynman é também autor de engraçados livros contando histórias da sua vida, nomeadamente “Está a brincar Mr. Feynman” e “Nem sempre a brincar Mr. Feynman”, saídos também na Gradiva. O jornalista James Gleick escreveu uma biografia de Feynman com o sugestivo título de “O Génio”.


George Gamow, “As Aventuras do Senhor Tompkins”, Gradiva

Outro livro de um físico divertido, que se ocupou de assuntos de cosmologia e de física nuclear, contendo histórias fantásticas. Numa delas o Sr. Tompkins, um mero empregado bancário que se interessa pela ciência, entra no interior dos átomos e gira, como os electrões, em torno do núcleo atómico. Embora essa viagem seja feita em sonhos, os átomos podem hoje ser vistos, com o auxílio de microscópios especiais. Um livro que nos faz sonhar...


James Gleick, “Caos”, Gradiva

Um dos melhores livros de ciência escritos por um não cientista: Gleick é jornalista do “New York Times”. Mostra como a aventura da ciência, no caso a recente descoberta do caos (grande sensibilidade às condições iniciais), pode ser comunicada de modo atraente, a partir de informação recolhida nos laboratórios mais avançados. O autor é um repórter de ciência que actua como o nosso “enviado especial” aos palcos da ciência que trata sistema complexos com a ajuda de computadores.


Stephen Hawking, “Breve História do Tempo”, Gradiva


Este é um dos maiores “best-sellers” da ciência, talvez mesmo o maior, cujo êxito se deveu decerto ao facto de o seu autor, o famoso astrofísico inglês, ter um corpo deficiente que contrasta com seu notável cérebro. Muita gente o comprou (uma em cada 600 pessoas no mundo), mas pouca gente o terá lido. De facto, não é de fácil compreensão, mas o esforço para compreender os assuntos de que trata, do “big bang” aos buracos negros, revela-se compensador..


Heinz Pagels, “Código Cósmico”, Gradiva

Um dos melhores livros sobre a estranha teoria quântica, escrito por um físico (infelizmente falecido precocemente num trágico acidente de montanhismo) que domina como poucos a arte da comunicação escrita. O autor tem um outro livro, “Os Sonhos da Razão” sobre as possibilidades dos computadores, esse novo instrumento que tem permitido a emergência de nova ciência.


Ilya Prigogine e Isabelle Stengers, “A Nova Aliança”, Gradiva

O químico de origem russa Prigogine é um dos contribuidores mais relevantes para o avanço do conhecimento dos fenómenos irreversíveis (isto é, os fenómenos que mostram a diferença entre o passado e o futuro) e ao mesmo tempo um dos filósofos da ciência mais originais. Em «A Nova Aliança» destaca o facto de a física estar a chegar a uma nova perspectiva do tempo, uma perspectiva que pode contribuir para a aproximação das «duas culturas» de que fala o liretaro e cientista inglês C. P. Snow, a cultura literária tradicional e a cultura científica.
Recomenda-se ainda a visita e consulta diária ao blogue onde Carlos Fiolhais colabora e escreve: