Aos vociferadores inertes de Portugal que proclamam o seu estupor face aos acontecimentos em Silves de resistência ao milho transgénico:
Por várias vezes pensei em escrever um naco de prosa à laia de réplica ao rosário de censuras que saíram a público nos últimos dias a propósito – ou a pretexto – da acção realizada em Silves contra o cultivo de milho geneticamente modificado, vulgo transgénico, por activistas anti-OGMs sob a bandeira do movimento Verde Eufémia.
Por várias vezes pensei em escrever um naco de prosa à laia de réplica ao rosário de censuras que saíram a público nos últimos dias a propósito – ou a pretexto – da acção realizada em Silves contra o cultivo de milho geneticamente modificado, vulgo transgénico, por activistas anti-OGMs sob a bandeira do movimento Verde Eufémia.
Verifiquei, no entanto, desde muito cedo, que, com poucas e honrosas excepções, o destempero leviano, o desaforo primário e a retórica adiposa dos néscios faziam lei nos comentários e artigos produzidos que bem mereciam um lugar cativo em qualquer antologia do inconsciente português médio. Os comentadores e editorialistas encartados não deixaram os seus créditos em mãos alheias e ajudaram à missa.
Tudo serviu para lançar sobre os jovens activistas os qualificativos mais estapafúrdios numa purga palavrosa que só tem comparação com uma diarreia mental aguda de Verão. Pouco faltou para se ouvir gritar «aqui d’el-rei». E tudo isto – imagine-se – porque foram destruídas umas tantas maçarocas de milho tóxico! Obviamente que a reacção deste género, de completo desnorte, desproporcionada na forma e no conteúdo, retrata bem o acéfalo conformismo vegetativo em que vivemos e o país «futebolizado» que as elites lusas fabricaram. Um país que não compreende nem admite que haja jovens que não vão ao futebol nem passem o tempo a ver televisão e prefiram mostrarem-se activos na recusa ao modelo agro-alimentar transgénico que nos querem vender.
Por isso e porque a vida é feita de êxitos e incompreensões, de silêncios e desabafos, de razão e emoção, o que me apetece dizer alto e em bom som a todos os vociferadores deste meu Portugal pasmado é que os cretinos não ofendem.
Por isso e porque a vida é feita de êxitos e incompreensões, de silêncios e desabafos, de razão e emoção, o que me apetece dizer alto e em bom som a todos os vociferadores deste meu Portugal pasmado é que os cretinos não ofendem.
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