Nas instalações do ACERT em Tondela ( distrito de Viseu) realiza-se nesta semana mais um Tom de Festa com vários concertos, vídeos, intervenções artísticas de rua, gastronomia regional, e sessões de música.
Um ocasião a não perder e uma oportunidade mais para visitar Tondela. Vão por nós!
O Programa das festas é o que se segue:
18 de Julho
SAM THE KID ( Portugal)
SAM THE KID ( Portugal)
A história começa com um jovem lisboeta, Samuel Mira, que ouve no tema “93 ‘Til Infinity”, dos Souls of Mischief (1993), ecos do seu próprio futuro no mundo da música. O pontapé de saída deu-se com um conjunto de gravações, em formato cassete, minidisc e CD, ou mesmo com recurso à câmara de vídeo. Sam tentava então apanhar uma onda hertziana – o programa radiofónico “Repto”, de José Marinho – capaz de levar a bom porto as músicas que trazia na bagagem.
O álbum de estreia, “Entre(tanto)”, lançado como edição de autor em 1999, e com a participação de Xeg, NBC, Sanryse, Bomberjeck e Shaheen, teve uma produção caseira. Seguiu-se “Sobre(tudo)”, em 2002, onde intervieram DJ Cruzfader, GQ, NBC, Beto, Filhos de um Deus Menor e Regula, num projecto que encontrou grande aceitação.
Mas seria “Beats Vol. 1 – Amor”, inspirado na história vivida pelos seus pais, a torná-lo o alvo de todas as atenções numa época que, marcada pela emergência de nomes como os de Bullet, Chullage, Micro e Valete, se revelou decisiva para o hip-hop nacional. Gravado em casa com base num vasto arquivo de samples recolhidos em discos, vídeos, telenovelas e chamadas telefónicas, o trabalho não se cingiu, porém, àquele género musical, desbravando caminhos que despertaram o interesse de públicos mais heterogéneos.
Depois destas provas de talento, a recém criada Loop: Recordings, de Rui Miguel Abreu, propôs a Sam the Kid um contrato discográfico – o toque que faltava a um itinerário recheado de colaborações com outras formações, de colectâneas e de músicas para cinema. O seu mais recente CD, “Pratica(mente)”, apresentado em Dezembro de 2006, foi unanimemente considerado o melhor do ano pela crítica e pelos seus pares, constituindo o corolário de uma carreira em fulgurante ascensão
UXU KALHUS (Portugal)
Surpreendem com chotiças, círculos, corridinhos e mazurcas, entre outras viagens no limiar da pureza acústica e da potência eléctrica, com influências Afro-Jazz-Rock-Ska. De baile em baile (e, desde o ano 2000, já se contam quase duas centenas), Uxu Kalhus foram ensinando ao país a arte das danças tradicionais. Nestas festas, local onde cada participante descobre o seu espaço de realização no seio das mais variadas correntes criativas, introduzem o toque inovador da bateria, dos baixos jazzísticos e das guitarras. No álbum de estreia, “A Revolta dos Badalos” (edição de autor/Megamúsica), esta filosofia desdobra-se em composições originais (como valsas e marchas) e arranjos radicais de temas que até hoje não haviam saído do domínio folclórico (por exemplo, o malhão e o regadinho). A regra de ouro é romper, sem preconceitos nem limitações, os limites do convencional, privilegiando a energia e a improvisação em detrimento da música planeada e quadrada.
A pista abre com “Nova Babilónia”, onde ritmos árabes ondulam junto de sonoridades africanas, brasileiras e portuguesas, abolindo fronteiras continentais pelo fio condutor das canções. Quem quiser dar um pezinho de dança ao som de uma saborosa oferta musical, terá apenas de escutar “Erva Cidreira” e as faixas seguintes, nas quais confluem guitarras thrash-metal, drum’n’bass, funk, hip-hop, maracatú ou samba, com temperos medievais e barrocos.
E depois há também os sinais de uma portugalidade omnipresente, através de um fado no “Regadinho”, das marcas do ranascimento luso em “Maria de Ceição”, do imaginário algarvio na belíssima “Sariquitê” e das palavras de Camões em “Faca e Alguidar”. Ou não fosse a música lusa, à qual Uxu Kalhus se dedicam de forma plena, a única capaz de fazer “vibrar (…) a corda da identidade cultural”, activando uma “sensação estranha, quase mítica, mas de uma força e paixão avassaladora”.
Talvez assim se perceba o resultado explosivo dos concertos, palcos de revelação desta hiper-orgânica fusão de estilos, melodias e instrumentos, que está tão perto e tão longe dos ranchos folclóricos. Deste modo, o projecto só se completa ao vivo, em directo e a (muitas) cores, como as actuações em inúmeros eventos (Andanças, Entrudanças, edição de 2000 do Festival de Gennetines, em França, entre outros) têm demonstrado. E para que, nos espectáculos, o público se sinta ainda mais próximo dos artistas, estes não guardam os segredos para si: para além de promoverem oficinas de dança, de instrumentos e de música, incluíram no CD uma faixa multimédia que ensina as coreografias de grupo. Uma experiência ímpar no panorama nacional e internacional
19 de Julho
DOBREK BISTRO (Áustria)
Foi uma história de amor ao primeiro tom. O acordeonista polaco Krzysztof Dobrek e o violinista russo Aliosha Biz conheceram-se por acaso nos ensaios para o “Fiddler on the Roof”, no teatro de Viena. Refinaram a sua extraordinária parceria no Burgtheater Ensemble, acompanhando Maria Bill, e depois no Acoustic Drive Orchestra, até que conceberam a formação Dobrek Bistro, que passou a contar com o percussionista Luis Ribeiro e o contrabaixista Sascha Lackner. A palavra russa “bystro”, que significa “rápido”, encaixava plenamente nos espectáculos acelerados e virtuosos do grupo, bem como na elegância melancólica da “musette parisiense” tão admirada por Dobrek, compositor de todos os temas. E para este cozinheiro-chefe, a receita é simples: “A nossa salsa ouve-se como a música cigana, o Tango Vienense e o jazz judaico, além de que a “musette” possui um toque russo. Mais: podemos acrescentar que as sonoridades regionais se ouvem como um mundo vasto, que não nega as suas raízes culturais no Dobrek Bistro: Richard Schubert”.
Como definir o estilo? Chamar-lhe “étnico” seria redutor, enquanto as designações “fusion” ou “crossover” pecam pela simplicidade. Afinal, Dobrek Bistro ganha, pela sua identidade própria, o estatuto de um sabor único no mundo, pronto a ser consumido de forma tão frontal e improvisada como as suas peculiares melodias.
TOQUES DO CARAMULO (Portugal)
Recriações livres e dinâmicas decalcadas do espaço que lhes dá origem, os trabalhos dos Toques do Caramulo traçam um mapa musical que dilui os limites entre o ontem e o hoje. Visitando, por vezes, o livre território do jazz, juntam-lhe influências da folk céltica ou das danças do centro europeu.
O resultado é uma geografia artística única, que atribui novos lugares às canções cujas sonoridades habitam, há muito, o nosso imaginário colectivo. A estas memórias, adornadas com acordeão, contrabaixo, flautas, percussões e rabeca, acresce a inconfundível voz de Luís Fernandes, onde talvez se descubram ecos de Fausto, de Zeca Afonso ou até de Luís Represas, na época dos Trovante.
Estas inovações traduzem-se em espectáculos transbordantes de energia, capazes de contagiar o público com a sua extraordinária força criativa. No fundo, autênticas festas no palco animadas por um grupo que, desenvolvido em Águeda no seio da Associação d’Orfeu, realiza anualmente dezenas de concertos em Portugal e no estrangeiro
TALISMAN (Ucrânia, Moldávia, Bielorrússia, Alemanha)
Desenganem-se os que esperam encontrar neste espectáculo uma tendência para as típicas danças ou choros. Estes magníficos instrumentistas, com formação clássica, oferecem ao público um trabalho de significado contemporâneo.
Tudo começou com um encontro em palco entre Oleksandr Klimas e Vadim Kulitski, durante um concerto da banda gipsy “Loyko”, em Augsburgo, Alemanha. Entusiasmados com o estilo e o talento um do outro, os dois artistas pensaram de imediato em fundir o melhor das músicas cigana, clássica e avant-garde numa única tempestade musical, imprimindo-lhes também um toque de jazz, rock, flamenco e de estilos orientais.
Durante uma actuação no famoso Berliner Varieté Wintergarten, de Andre Heller, conheceram o extraordinário acordeonista Oleg Nehls, que viria a tornar-se o terceiro elemento do colectivo. Posteriormente, com a entrada do virtuoso guitarrista Tom Auffarth, completou-se a “equipa” que pretendia levar aos quatro cantos do mundo a New Gipsy Art.
No Verão de 2000, logo após a sua formação, Talisman revelou-se de imediato um sucesso na Festa Internacional do Danúbio, em Ulm, Alemanha, conquistando o público com uma sonoridade inovadora e contagiante. Sob a orientação do magistral violinista Oleksandr Klimas, o grupo deixa no palco, mediante as suas próprias composições, as impressões digitais dos actuais desenvolvimentos da música cigana. Com múltiplos concertos por todo o mundo, desperta os mais rasgados elogios da crítica, que salienta a maturidade e ousadia com que, numa trajectória de experimentalismos, vai mestiçando ritmos e expressões culturais. Do frio chega-nos, assim, um trabalho quente e festivo de onde brotam, como se de fatias do nosso quotidiano se tratassem, imagens e sensações dos dias que correm.
20 de Julho
Ivan Lins ( Brasil)
“A gente merece ser feliz” – assim se inaugura o mais recente álbum de Ivan Lins, “Acariocando”, que veio ao mundo em 2006. Frase que assenta como uma luva a este criador passional, compositor de renome e fiel seguidor das vontades do coração. E o coração mandou-o, qual pintor munido de uma paleta de sonoridades, desenhar um quadro chamado Rio de Janeiro. Obediente, Ivan esboçou pinceladas de melodias fascinantes, rabiscos de harmonias intricadas e traços de precisão técnica, sob o colorido pano de fundo da mais extrema liberdade formal.
A “cidade maravilhosa” fez-se música e a música fez-se carioca, ou não fosse o samba o ritmo de 7 das 14 faixas, e os parceiros convidados Abel Silva, Aldir Blanc, Chico Buarque, Ivone Lara, Nei Lopes e Paulo César Pinheiro, ilustres conterrâneos.
Quando se pensa que já se escreveu tudo sobre o Rio, ouça-se o tema “Acariocando”, que dá rosto ao CD, imbuído do mais puro jazz de Hamilton de Holanda. Escute-se “Renata Maria”, com letra do cúmplice Chico, onde a musa se confunde com a paisagem brasileira enquanto sai do mar. Aprecie-se a religiosa homenagem ao Carnaval em “Prece ao samba”. Sinta-se o clima guinguiano da valsa “Antídotos” e o delicioso funk “Ela é a própria vida”. Encontre-se em “Por sua causa” e “O tempo me guardou para você” duas belas canções de amor. E descubra-se o perfume de uma nova garota de Ipanema na bossa nova “Passarela no ar”: “Quando ela passa por mim / Rio de Janeiro demais / Mesmo se estivesse em Berlim / Eu veria logo os sinais / Seu andar é um jeito de ser”.
Rico em participações especiais, “Acariocando” foi produzido por Paulinho Albuquerque, velho companheiro de estúdio de Ivan. Pelo cuidadoso tratamento artístico de cada faixa e rigorosa selecção de músicos para cada género, torna-se numa preciosa ourivesaria de sons, pronta a partilhar com os espectadores deste Festival.
Biografia
Ivan Guimarães Lins, que o Rio de Janeiro viu nascer em 1945, aprendeu a tocar piano de ouvido aos 18 anos, adoptando o jazz e a bossa nova como áreas de eleição. Formado em Química Industrial na mesma época em que começou a participar em festivais de música (final dos anos 60), descobriu nos ritmos e sons a sua verdadeira vocação. Por esta altura, conquistou o segundo lugar no V FIC com o tema “O amor é o meu país”, que passou a ser reproduzido nos aviões da Varig.
O seu trajecto reservar-lhe-ia, contudo, voos ainda mais altos. Entre estes contam-se a gravação, juntamente com Ronaldo Monteiro, da canção “Madalena” de Elis Regina – o seu primeiro grande sucesso como compositor – e o convite para dirigir o programa “Som Livre Exportação”, da TV Globo. Deste período datam também os álbuns que o projectaram nacionalmente, como “Modo livre” (com o hit “Abre alas”), “Chama acesa”, “Somos todos iguais esta noite” e “Começar de novo”.
Com a década de 80 chega a vontade de se dedicar à carreira internacional, sobretudo nos Estados Unidos, onde artistas como Quincy Jones, George Benson, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Cármen MacRae e Barbra Streisand gravaram as suas canções. Chegou inclusive a lançar um disco em inglês, intitulado “Love dance”, pouco antes de apresentar, no Brasil, o CD “Amar assim”.
O início dos anos 90 coincidiu com o seu vigésimo aniversário enquanto artista, que motivou uma tournée comemorativa pelo seu país natal, acompanhada pela apresentação do trabalho “Ivan Lins: 20 anos”. Sucede-se a fundação da gravadora “Velas”, num projecto partilhado com Victor Martins, com o objectivo de dar a conhecer novos talentos (lembremos aqui Chico César, Lenine e Belô Veloso) e de resgatar as raízes da música brasileira. Nesta gravadora produziu as obras “Awa Yio” (obtendo grande êxito com a melodia “Meu País), “Anjo de Mim” e “Vivanoel – Tributo a Noel Rosa”.
Victor Martins, com quem escreveu a maioria das suas músicas, esteve igualmente a seu lado na digressão do seu trigésimo aniversário, em 2004, com o concerto “Abre Alas”. Em 2005 as vitórias surgem em catadupa: para além de inúmeras participações em festivais de jazz no Japão, México e Cuba, a par de um concerto com a Orquestra Metrópole da Holanda, recebeu o Grammy Latino pelo “Melhor Álbum do Ano” com o seu primeiro DVD oficial, “Contando Histórias”. Já o recente “Acariocando”, elogiado por personalidades de vários quadrantes artísticos, foi nomeado para o Grammy Latino na categoria de “Melhor Álbum de Intérprete e Compositor”e eleito pela revista “Isto é Gente” como um dos melhores discos de música popular brasileira de 2006.
PEDRO LUÍS FERRER (Cuba)
Não se considera um tradicionalista, mas antes um recriador da tradição. Pedro Luis Ferrer explora o labirinto das sonoridades do seu país, mesmo nos mais escondidos recantos, de onde desenterra o changüí, de Guantánamo, e os Coros de Clave, de Sancti Spíritus. Com três acompanhantes – Lena Ferrer, Mirza Sierra e Raulito Ferrer – reaviva instrumentos como o tres cubano, a guitarra e o cajón peruano, bem como claves, concerros, bongó, güiro e a marímbula, o primeiro baixo usado na ilha, actualmente em desuso.
Este espectáculo inscreve-se no percurso de formação musical autodidacta de um ícone do espírito contestatário dos anos 60.
Notas sobre um cantor “cem por cento cubano”
Nascido em Yaguajay, Cuba, em 1952, Pedro Luis Ferrer tem dado voz, ao longo dos últimos 30 anos, a verdadeiros hinos de denúncia social, sempre atentos às necessidades psicológicas e espirituais da sociedade cubana. Em meados da década de 60, fez parte do quarteto “Los Nova” e, em 1969, integrou o grupo de rock “Los Dada”. É a partir desta altura que inicia a sua carreira profissional.
Na sua discografia contam-se inúmeros álbuns, dos quais se destacam”Debajo de mi voz” e “Espuma y Arena”, repletos de melodias que ganharam grande popularidade, como “Inseminación Artificial”, “Como me gusta ‘hablar’ español” ou “Mario Agüé”. Nos Estados Unidos edita “Ciento por ciento cubano”, primeiro CD gravado no exterior.
A sua obra alimenta-se de fortes laços artísticos estabelecidos com diversos músicos seus conterrâneos. Com Victor Zayas, excelente pianista, principiou o trabalho de orquestração, enquanto o contacto com a estética de Changui e outros valores musicais surgiu de um encontro com o Conjunto Artístico das FAR, em Guantánamo. E não podemos esquecer a interpretação magistral da sua guaracha “Mario Agüé” pela magnífica Célia Cruz.
Porém, as incursões de Pedro Luis Ferrer vão muito além da terra natal. Angola, Alemanha, EUA, Finlândia, México, Noruega, Peru, Polónia, Suíça e Suécia foram somente alguns dos países aos quais este estudioso do passado musical cubano levou sonoros pedaços das suas origens.
21 de Julho
PANTEÓN ROCOCÓ (México)
Uma explosão de sons, danças, irreverência. Numa palavra: festa. Sem esquecer, porém, as mensagens ideológicas que, como notas soltas, se desprendem nas entrelinhas da pauta musical. De facto, o espírito e coerência deste projecto descobrem-se na união a movimentos de apoio às causas indígenas, estudantis, antifascista e de denúncia social, bem como na adesão a diversos eventos culturais.
Mas no palco a cantiga não é a única arma: esta talentosa formação de instrumentistas, da qual sobressai um vocalista carismático dotado de um extraordinário poder de comunicação com a assistência, faz-se sobretudo valer de uma presença forte e segura, quaisquer que sejam os eventos ou espaços geográficos. Incluindo secção de cordas, metais e percussão, o Panteón tem arrebatado o seu público devoto com códigos e movimentos contagiantes, bailes intermináveis e ritmos de fusão.
Actualmente com uma posição de destaque na cena musical mexicana, estes artistas já palmilharam países e continentes, num percurso marcado por longas digressões e participações em festivais internacionais (EUA, Colômbia, El Salvador, Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Holanda e Suíça), sempre animadas por um sentido de paz e resistência. O espectáculo no Tom de Festa marca o primeiro concerto em Portugal deste grupo totalmente livre do ponto de vista criativo e organizativo.
Mais de uma década de história:
Inúmeros são já os trabalhos de uma banda que foi buscar o nome à obra teatral “El Cocodrilo Solitario del Panteón Rococó”, do mexicano Hugo Argüelles.
O álbum de estreia surge dois anos após uma demo inicial, em 1997, e transforma-se no disco independente mais vendido do México. Ao título, “A la Izquierda de la Tierra”, estava já subjacente a ideologia que logo se converteu no fio condutor de toda a caminhada artística do colectivo.
A internacionalização chegou com “Compañeros Musicales”, em 2002, onde se inclui um dos temas mais populares, “La Carencia”. Seguiu-se, em 2004, um trabalho gravado na Argentina, denominado “Tres veces Tres” e, um ano depois, um concerto por ocasião do décimo aniversário, registado no DVD comemorativo “10 años. Um Panteón Muy Vivo”. Um autêntico diário de bordo musical e visual que eternizou os êxitos e amigos conquistados ao longo de toda a viagem.
JON LUZ (Cabo Verde)
terra. Munido de uma picareta de sensações, desbrava mundos ocultos, misturando passado e futuro num mesmo horizonte de renovadas perspectivas. “Farrópe d’Poesia”, primeiro CD a solo, possui a marca indelével das origens. Com edição da Vachier & Associados e apoio do Instituto Camões, este trabalho já motivou várias digressões internacionais pela América do Norte, Europa, Brasil, Canadá e Cabo Verde. Nele Jon Luz vai desenrolando 13 temas da sua autoria, que mistura com outras vozes e figuras da actual cena musical. Aos duetos com Filipa Pais e Nancy Vieira aliam-se as participações nos coros de Lura e Marta Dias, bem como as contribuições de excelentes músicos como Yuri Daniel, João Lucas, Humberto Ramos, Tomás Pimentel, Paulo Temeroso, entre tantos outros.
Contudo, o percurso musical deste artista está recheado de muitas outras cumplicidades, das quais se destacam os nomes de Cesária Évora, Maria Alice, João Afonso e Tito Paris. Integrou ainda as bandas destes dois últimos e, juntamente com o seu conterrâneo, acompanhou Filipa Pais, Gil do Carmo e Sara Tavares. Em 2003, no âmbito de “Cantos na Maré”, partilhou o palco com Chico César (Brasil), Uxía Senle (Espanha), Manecas Costa (Guiné-Bissau) e Astra Harris (Moçambique).
O seu tema “Modje Trofel” integra o disco “Rogamar” de Cesária Évora que, quando questionada sobre a inclusão de obras cunhadas por criadores mais novos, respondeu: “Ao escolher uma canção, tanto a música como a letra têm que me agradar. E quando me apresentam uma música de um jovem compositor, o que eu exijo é que tenha qualidade. Tendo, eu canto-a se me agradar”.
Mas Jon Luz traz ainda mais surpresas na bagagem. Colaborou com a companhia portuguesa “Clara Andermatt”, fazendo parte do elenco do projecto de dança contemporânea “Uma História da Dúvida”. Fundou depois o “Trio Pontche” e dedicou-se à iniciativa “Morná Sanjon”, para além de ter escrito a banda sonora do espectáculo “Noite”, de Amélia Bentes. Um caminho que mostra quantos mundos da música tem a Música do Mundo, apontando novas perspectivas para o panorama cabo-verdiano dos nossos dias