Crónica de Manue António Pina,
publicada hoje no JN
O ex-inspector da ONU Hans Blix, que chefiou a missão enviada ao Iraque em busca de armas de destruição maciça, revelou que o primeiro-ministro inglês, Tony Blair, falsificou os seus relatórios para poder justificar a invasão. O truque de Blair foi grosseiramente simples transformou os pontos de interrogação do relatório, manifestando dúvidas de que Saddam tivesse armas de destruição maciça, em pontos de exclamação! Bush, o cristão, fez o mesmo: mentiu, falsificou, inventou provas.
Se um comum cidadão americano ou inglês falsificar um documento (um cheque, um bilhete de comboio, uma simples entrada para um espectáculo) vai parar à cadeia (em Portugal a pena pode chegar a 3 ou a 5 anos). Blair e Bush (e os que os apoiaram na mentira, tanto editorialistas como políticos como Durão, Aznar e outros) continuam por aí de cabeça erguida, apesar de terem deliberadamente causado a morte de centenas de milhares de pessoas e metido os seus países num atoleiro de onde não sabem agora como sair.
Diz Santo Agostinho que, sem valores morais, os reinos não se distinguem de bandos de ladrões. O desprezo dos cidadãos pelos políticos vem daí: da impune ausência de escrúpulos que se habituaram a ver, nas grandes como nas pequenas coisas, na actividade política.