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Chamava pois a atenção para dois livros para crianças e jovens
O primeiro é «O Homem-golfinho» (editado pela Campo das Letras) da Sofia Vilarigues e trata-se de um livro de aventuras, que fala dos golfinhos do Sado e dos oceanos. A autora é engenheira do ambiente e jornalista ambiental, e já tem vários livros seus editados na área da literatura infanto-juvenil, um deles premiado.
Para mais informações consultar: aqui e aqui
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Estrela Voadora é um dos mais belos livros de Ursula Wölfel, grande escritora alemã de literatura para crianças e jovens. Com enorme intuição e uma linguagem que as crianças entendem, descreve a vida de dois rapazinhos, Estrela Voadora e Pássaro-da-Erva, num acampamento de Índios. Conta como eles receberam de presente o seu primeiro cavalo e como foram aceites no círculo dos rapazes mais crescidos, depois de terem mostrado a sua coragem. Os dois amigos decidem ir ter com os homens brancos, junto dos quais ficam a saber porque é que eles desembarcaram na terra dos Índios, porque construíram o caminho de ferro e afugentaram os búfalos, o que faz reinar a fome no acampamento.
A autora consegue evocar poderosamente a situação dos Índios ameaçados de extinção e genocídio e fazer os jovens leitores penetrar naturalmente na dimensão da solidariedade humana, da compreensão entre as raças, da unidade com a natureza e do anseio de dignidade e paz por parte de todos os povos.
As ilustrações de Katrin Engelking exprimem com rara felicidade e colorido a ternura, humor e humanidade que atravessam toda a narrativa.
As crianças índias presentes no livro são testemunhas de um modo de viver ao de leve sobre a terra, sem grandes destruições e estragos, que tem muito a ensinar à nossa actual civilização mergulhada em problemas ambientais de difícil desenlace. Não podemos aqui deixar de evocar o famoso testamento do Chefe Índio Seattle, tão conhecido e utilizado nos meios afectos à educação ambiental.
Para além disso, a aventura de Estrela Voadora e Pássaro-da-Erva oferece a possibilidade de iniciar as crianças, gradualmente e de forma natural, na compreensão das diferenças entre culturas, modos de vida e civilizações, numa possível e original iniciação à antropologia ou à etnologia, bem como ao respeito das diferenças.
Finalmente, abre perspectivas para a compreensão de certos fenómenos da história moderna como a colonização dos novos continentes, o genocídio que em parte a acompanhou e a manchou e o desejo de respeito e paz entre os povos que alguns, quer vencidos quer vencedores, retiraram como conclusão dessa tragédia.
Tudo isto é sugerido sem alarde e com um profundo pudor lírico e um humor discreto mas divertido, que certamente não deixará de apelar fortemente ao sentimento e à imaginação de crianças e jovens. As ilustrações de Katrin Engelking exprimem com rara felicidade e colorido a ternura, humor e humanidade que atravessam toda a narrativa
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