1.12.06

DIZSONANTE [sound poetry, sound art, performance, spoken word, oralidades] na Guarda (30 Nov a 2 Dez.)


Dizsonante [sound poetry, sound art, performance, spoken word, oralidades]


No último dia do mês de Novembro (dia 30) regressa o mais vanguardista dos Festivais promovidos pelo Teatro Municipal da Guarda, o DizSonante [sound poetry . sound art . performance . spoken word . oralidades], cuja abertura é feita com as performances “Passagem”, de Alberto Pimenta e “Disección Poética en Público”, da poetisa espanhola Marina Oroza.

Alberto Pimenta é frequentes vezes apelidado de “experimentalista”, mas já explicou que rejeita a combinação de estética e programática de correntes. Uma das principais marcas da sua obra poética consiste porventura em sacralizar o profano e vice-versa. Da sua estética da performance faz parte central tratá-la como um evento único, irrepetível, criado para a circunstância local e temporal da sua realização.

Marina Oroza é escritora, poetisa, performer e actriz. Na sua trajectória tem desenvolvido trabalhos de investigação como poetisa sonora. Colabora com grupos de acção poética, com artistas visuais e músicos.

No dia 1 de Dezembro, “Rumor” de Ana Deus substui o espectáculo de Blixa Bargeld, que por motivos pessoais não se pode deslocar a Portugal. Ana Deus, dos projectos Ban e Três Tristes Tigres apresenta este “Rumor”, a solo, onde, só a voz se faz ouvir. Com a ajuda de pedais, cria texturas e ritmos sobre os quais vai criando e recriando temas. Alberto Pimenta, Ernesto Melo e Castro, Daniel Faria, Fausto, José Mário Branco e Regina Guimarães são alguns dos autores visitados. Os vídeos são de Amarante Abramovici e os desenhos de Paulo Ansiães Monteiro.

No dia seguinte (2 de Novembro) actuam também no âmbito do Dizsonante: Uno Duo Trio (Paulo Maria Rodrigues, Luís Miguel Girão e Rolf Gehlhaar) com a performance “Cyberlieder”, e a espanhola Maria Durán apresenta “Cuisine Concrète”, espectáculo a partir de sons “cozinhados” com a ajuda de fogões e microfones.

“CyberLieder” é uma composição resultante da colaboração de Paulo Maria Rodrigues, Luis Miguel Girão e Rolf Gehlhaar. É uma estrutura para improvisação que se desenvolve em torno da descoberta pessoal do potencial existente na interacção entre o performer e o computador. A performance baseia-se na transformação da tradicional jaqueta do cantor clássico num interface de controle em comunicação com um computador.

“Cuisine Concréte”, de Maria Durán, tem como principal objectivo fazer as delícias dos convidados (o público), elaborando um “guisado de equivalências artísticas”. Os diferentes ingredientes utilizados (fogões e microfones, juntos mas não mexidos) dão a possibilidade, ao cozinheiro e ao seu ajudante de maturar uma obra feita de alimentos e de tecnologia, sendo para isso imprescindível, num meio activo e não pré-cozinhado, a qualidade de uns e a fiabilidade e o “savoir-faire”de outros. Da cozinha, esse imaginativo laboratório quotidiano, sai este prato “concreto”, baseado numa receita que mistura sons e sabores


Trata-se pois de um acontecimento que cruza diferentes artes, num processo de contaminação criativa que tem por base a palavra e o som. Festival vanguardista, o dizsonante pretende desafiar as normas e o esteticamente correcto, através de propostas inovadoras que se constituam como um desafio à imaginação dos espectadores.

Consultar:
http://teatromunicipaldaguarda.blogspot.com/