5.10.06

Será que estamos a formar uma geração de atadinhos e … amorfos ?


Como informação prévia e de grande utilidade para esta matéria registamos com regozijo a edição pela Editora Deriva (www.derivadaspalavras.blogspot.com/ do livro «Formação da mentalidade submissa» do Professor Vicente Romano, catedrático de Comunicação Audiovisual, jubilado em 2005, da Universidade de Sevilha, e cuja sessão pública de lançamento do livro está marcada para o próximo dia 20 de Outubro ( às 21.30), na cidade do Porto, no Foyer do auditório da biblioteca Almeida Garrett, e no dia seguinte (21 de Outubro, às 18 h.) na Livraria Letra Livre ( Calçada do Combro, ) com a presença do autor, e ainda do jornalista Rui Pereira e da médica Isabel do Carmo


O presente post inspira-se, entretanto, no artigo da jornalista Hara Marani da revista norte-americana Psychology Today (www.psychology.com), intitulado «A nation of wimps» e num artigo publicado num dos últimos números da revista Notícias Magazine que retomou o tema.



« - Deixem-me…!» - gritou a criança que, mais tarde, confessou ao psicólogo, que o que mais desejava na vida era que os pais arranjassem outro hobby para além dela.

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«Há miúdos com quem vale muito mais a pena preocuparmo-nos – crianças pobres sem recursos nem oportunidades», frisa o psicólogo e professor David Anderegg. E outro psicólogo, Robert Epstein, acrescenta: «Pomos demasiado enfoque nos nossos próprios filhos. É tempo de começarmos a preocupar-nos com todas as crianças»

(…)

«Os telemóveis tornam o cérebro ainda mais preguiçoso. Deixa de ter de antecipar as situações: no momento, logo se vê»

(excertos do artigo publicado na Notícas Magazine do passado 10 de Setembro)



A jornalista Hara Marani, depois de consultar diversos autores e ter observado as reacções e os comportamentos dos jovens em geral, não tem dúvidas em afirmar que actualmente os pais e os educadores andam a criar e a formar uma geração de atadinhos ( «a nation of wimps»).
Apesar de todos os avanços nos mais variados campos científicos Hara Maradi acabou por concluir que os jovens estão menos autónomos, mais dependentes, habituam-se a ter tudo ao alcance de um clic e não se predispõem para as actividades que requerem esforço e desafio pessoas, enredados que estão num manto de proteccionismo paternal e de conformismo social que, em vez de lhes aumentar a auto-estima, os tornam amorfos e temerosos a qualquer contrariedade ou desafio que se lhes depara pela frente, quando os não lançam periodicamente em depressões e angústias relativamente inexplicáveis.

O panorama é tão negro e a descrição tão convincente que a jornalista portuguesa Isabel Stiwell da revista «Notícias magazine», que acompanha aos Domingos os maiores jornais do país, «Diário de Noticias» e «Jornal de Notícias», ao retomar o assunto, vai chegando à conclusão que «…talvez, que não vinha mal nenhum ao mundo se decidisse partir de vez a loja de porcelanas em que transformou a educação do seu filho».


Sintetizamos algumas ideias retiradas deste último artigo:


1)As crianças precisam de se sentirem infelizes.
A infelicidade, as frustrações, as tristezas e as desilusões são tanto ou mais importantes para as crianças e os jovens que só assim podem avaliar e prepararem-se para a vida que têm pela frente, com alegrias e dissabores

2) As crianças precisam de experimentar erros e falhanços.
Ao errar está-se também a aprender, e é através de falhanços e derrotas que elas sabem avaliar as suas possibilidades, sem a muleta dos adultos.

3) Sem perseverança não há resultados.
Estes miúdos superprotegidos, criados em estufas, não só são avessos ao risco como nunca têm a sensação de que vale a pela o esforço e a persistência, cujo prémio é a satisfação máxima de podr dizer «eu fui capaz sozinho de fazer isto»

4) Eles não são frágeis
Eles não nascem frágeis, mas depressa se transformam em tal se pais demasiado protectores os convencerem de que ao voltar de cad esquina está um leão pronto a devorá-los, e que sem a mão do pai ou da mãe para os guiar o mundo é um local muito,mas mesmo muito perigoso

5) «Queria tanto que os meus pais tivessem outro hobby para além de mim»
Foi o que declarou uma adolescente de 15 anos ao psicólogo David Anderegg. É o que dá quando consideramos cada filho como o nosso grande investimento e a nossa grande e única fonte de felicidade !!!

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