8.4.06

A literatura de cordel




A literatura de cordel foi o veículo natural da cultura popular durante muitos anos e, ainda hoje, desempenha esse papel em muitas regiões, em especial, no Brasil.
O vocábulo cordel derivou-se de corda, na acepção de cordão ou barbante. Caldas Aulete define o cordel como um estilo literário equivalente à farsa medieval, cheia de graças e equívocos, ou seja, "farsas de cordel, as que se expunham à venda nas ruas ou debaixo das arcadas, penduradas em cordéis". Todavia, o conteúdo poético evoluiu para temas culturais sérios, de sagas históricas e ideais religiosos. São habitualmente impressos em brochuras de forma muito artesanal e circulavam por feiras e reuniões populares.
Hoje em dia assiste-se a um rejuvenescimento da literatura de Cordel: histórias sobre casos e personagens presentes no quotidiano. Mas onde a literatura de cordel ganhou mais raízes e subsiste com uma enorme força é no Nordeste brasileiro.
Os livrinhos, feitos de uma folha de papel, dobrada de modo a formar oito páginas, são expostos pendurados num fio de barbante e vendidos em feiras ou nas ruas.





O que é a Literatura de Cordel?

Texto de: Francisco Ferreira Filho Diniz
É poesia popular,
É história contada em versos
Em estrofes a rimar,
Escrita em papel comum
Feita pra ler ou cantar.
.
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A capa é em xilogravura,
Trabalho de artesão,
Que esculpe em madeira
Um desenho com ponção
Preparando a matriz
Pra fazer reprodução.
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Ou pode ser um desenho,
Uma foto, uma pintura,
Onde o título resume
O que diz a escritura;
É uma bela tradição
Que exprime nossa cultura.
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Os folhetos de cordel
Nas feiras eram vendidos
Pendurados num cordão
Falando do acontecido,
De amor, luta e mistério,
De fé e do desassistido.
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A minha literatura
De cordel é reflexão
Sobre a questão social
E orienta o cidadão
A valorizar a cultura
E também a educação.
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Mas trata de outros temas:
Da luta do bem contra o mal,
Da crença do nosso povo,
Do hilário, coisa e tal
E você acha nas bancas
Por apenas um real.
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O cordel é uma expressão
Da autêntica poesia
Do povo da minha terra,
Que luta pra que um
a fome e miséria,
Haja paz e harmonia.
.
Francisco Ferreira Filho Diniz



O Nordeste Brasileiro e a literatura de cordel

Extraído de.
http://www.teatrodecordel.com.br/


A Literatura de cordel nordestina também chamada de folheto ou romance é uma manifestação que nasce no nordeste (interior) e espalha-se por todo o país. De
conteúdo muito diverso, essa literatura oral comemorou cem anos de literatura de cordel no Brasil. As capas dos folhetos, geralmente são feitas em xilogravura.
A Literatura de Cordel do nordeste tem a sua origem entre as fábulas e histórias maravilhosas, chamadas “de Trancoso”, e também era muito utilizada como ferramenta de comunicação e transmissão de conhecimento entre as comunidades. Era comum esperar o repentista(aquele que faz versos de improvisos ao som da viola) ou o vendedor de folhetos (poderia ser a mesma pessoa) para contar as novidades, acontecimentos, etc. Esse conhecimento era passado oralmente e em versos, alimentando assim a alma e o conhecimento das comunidades sertanejas.
Hoje, com a utilização do rádio, da televisão, jornal e internet o cordel tinha tudo para estar enterrado, ser peça de museu ou apenas citação de folclore nos livros escolares. Puro engano! O cordel está vivo, actual, contemporâneo e sofrendo as mudanças dessa “nova era”.
Os artistas populares e recriadores, dentro e fora do nordeste, fazem seus versos e os saem dizendo/cantando pelo mundo afora. E assim vai continuar por muito e muito tempo e cada vez mais...

Poesia repentista
É feita pelo cantador repentista que utiliza-se da
viola nordestina, faz a chamada cantoria "pé- de- parede". O repentismo de viola agrega inúmeras modalidades. É a forma de improviso que mais se difundiu pelo país, pelo fato do povo nordestino sofrer por demais o processo migratório. A partir da década de setenta, a poesia repentista está sendo difundida em festivais.