2.2.06

A privatização da violência e da guerra


O mercantilismo estende-se agora a domínios insuspeitados como a violência legal ( por delegação e em nome do Estado que transmite a outros a faculdade do exercício da violência) como a guerra e o sistema de recolha e processamento de informações, sectores que até há bem pouco tempo eram exclusivos dos agentes do próprio Estado.
Trata-se de um mercado promissor em plena expansão e cujo volume de negócios ultrapassará em muito os 100 mil milhões de dólares em todo o mundo.

Os mercenários de ontem .- tal como eram conhecidos no passado – passaram a ser «empregados e funcionários» de «sociedades militares privadas» ou de «empresas de segurança e de informação», perfeitamente legalizadas no mercado internacional, e que tudo fazem para reciclar a ideia de se tratarem ao fim e ao cabo de «cães de guerra» ao procurarem assumir um aspecto «respeitável» no mercado. São empresas que propõem aos seus clientes ( Estados, outras empresas, partidos, grupos de interesses ou mesmo a clientes individuais) determinados serviços militares e de informações que podem levar mesmo ao bombardeamento ou então à eliminação física de uma ou mais pessoas, para além de muitos outros objectivos de carácter militar e de informações.

Estas empresas estão intimamente ligadas a certos sectores internos ao aparelho estatal pelo que não espanta a circulação e a passagem de secretários de Estados, ministros ou conselheiros dos ministérios e organismos públicos para essas empresas, ou vice-versa.
Estando ao serviço dos interesses dominantes, em especial das empresas multinacionais e transnacionais, essas empresas militares actuam como autênticos guardas da ordem económica internacional.

Todo este negócios e suas implicações é sumamente tratado no livro de Xavier Renou, investigador em ciências políticas e responsável pela campanha sobre o desarmamento nuclear da Greenpeace francesa, que acabou de ser editado com o título
La «Privatisation de la violence, Mercenaires & sociétés militaires privées au service du marché», editions Agone, 2006


Outro livro que brevemente daremos conta aqui é de
P.W. Singer, Corporate Warriors, The Rise of the Privatized Military Industry, ed. Cornell University Press, 2004