Nada substitui a luta
Nada, nada, meu irmão
Nem a força resoluta
Da tua mão na minha mão
Nada, nada, mesmo nada
Tem a força que nos vem,
De sabermos que quem vence
É quem luta – e mais ninguém
Que não venham ensinar
Este povo de esquecidos
A pensar, a não pensar
Em dias mais divertidos
Que não venha os doutores
Falar a quem os não escuta
De nós é que sai força
Que dá força a toda a luta
Que não venham dizer povo
Com voz que soa a traição
Senhores a quem nos vendemos
P’ra podermos comer pão
Que não venham com arzinhos
De quem já é democrata
Bem sabe o cão como é o dono
Inda quando lhe não bata
Que nos deixem repartir
O que sobra e o que falta
E que o fruto do trabalho
Seja bem de toda a malta
Somos todos um só povo
Quando tudo for de todos
E não seja o verbo ter
Conjugado de dois modos
Alberto Júlio, letra e voz
Álbum: «Não, não dobro o cachaço», disco editado em 1975