Corria o ano 1166 a.C., e no Egipto de Ramsés III lavrava a corrupção. Em Deir el-Medina viviam aí escravos-operários que construíam o túmulo do faraó. Eram cerca de sessenta homens que deveriam receber diariamente uma ração de pão, cerveja, verduras e água potável.
Os víveres nunca chegavam a tempo, e fartos daquela situação resolveram abandonar os seus postos de trabalho e esperar sentados no chão até que as rações devidas lhes fossem entregues.
No papiro da greve, existente e conservado actualmente em Turim, pode ler-se:
«Não temos roupa, nem alimentos, nem peixe, nem legumes. Falem disso ao faraó, nosso senhor, e ao vizir, nosso chefe, para que nos dêem sustento.»
Foi graças à sua acção que viram satisfeitos as suas reivindicações.
Apesar de não se poder falar, naquele tempo, de greve com inteira propriedade da expressão, o certo é que aquela acção constituiu um acto colectivamente concertado que consistiu numa paralisação ao trabalho e em todos se sentarem no chão ( sit-in), pelo que poucas dúvidas existem que se tenha tratado numa verdadeira greve, guardadas as devidas proporções ( note-se que estávamos em pleno antigo Egipto).