1.5.05

Poesia de Joaquim Moreira da Silva


O que é ser anarquista
(excertos)



Ser anarquista é ser bom
É sentir no coração
A dor da miséria alheia
Prò bem estar sempre disposto
A ter na frente do rosto
As grades duma cadeia


Pregar a Fraternidade
Liberdade e igualdade
Sacrossanta trilogia
E sempre constantemente
Cara a cara e frente a frente
Dar combate à burguesia


É proclamar a igualdade
Entre toda a Humanidade
A liberdade e o amor
Preparar a Revolução
Para a emancipação
Do povo trabalhador


Ter espírito cultivado
Forte e desempoeirado
De todos os preconceitos
Querer na Humanidade
A mais perfeita igualdade
Nos deveres e nos direitos


Arrasar toda a fronteira
E depois da Terra inteira
Fazer um frondoso horto
Onde toda a Humanidade
Possa gozar à vontade
Um relativo conforto


Combater sem piedade
Os dois monstros de maldade
Que são Igreja e Estado
Nesse combate a valer
Nada lhes reconhecer
De absoluto ou sagrado


Querer por pátria o mundo inteiro
A abolição do dinheiro
Para não haver quezília
Abolir a lei tirana
E com toda a raça humana
Formar uma só família


Anarquista é ser cristão
É de Cristo ser irmão
Em ideias e acções
Como ele correu outrora
É correr também agora
Do templo os vendilhões


É pregar o comunismo
Verdadeiro socialismo
Onde não há dono algum
A fábrica e a oficina
A bouça o campo e a mina
Ser de todos em comum


Ser generoso e sublime
Nunca praticar um crime
Nunca manchar a Razão
Quem for assim altruísta
É um verdadeiro anarquista
De alma vida e coração

(continua)

Poesia de Joaquim Moreira da Silva , incluída na “Antologia Poética”, edição da CM de Vila do Conde (1987), com prefácio de Arnaldo Saraiva