O amor oprime, o sexo liberta.
O amor é uma construção social. Deriva de um mito e de efabulações líricas. Durante muito tempo, as relações sexuais só adquiriam legitimidade social com o recurso à vontade divina, ou do beneplácito do clã, ou então, mais prosaicamente, das famílias de ambos os parceiros. Durante a Idade Média é que aparece o mito do amor, continuado e reforçado com o mito do amor romântico. Tudo isto para envolver e encobrir coisas tão simples como as nossas necessidades afectivas e sexuais.
Quanto mais nos desembaraçarmos destes mitos e destas histórinhas platónicas mais nos libertaremos para os outros seres e para a sociedade.
"quem falar de luta de classes sem se referir explicitamente ao que há de subversivo nas relações amorosas(...) tem um cadáver na boca" (R. Vaneigem)
Vaneigem chama a atenção para a importância das relações amorosas (no sentido sexual do termo) para a transformação social e o activismo político.
A letra da canção da Rita Lee revela também que o Amor é uma Doutrina, enquanto o Sexo é uma Força da Natureza:
Amor é cristão, sexo é pagão
Amor é latifúndio, sexo é invasão
Amor é divino, sexo é animal
Amor é bossa nova, sexo é carnaval
Amor é para sempre, sexo também