3.5.09

Arte e Mercadoria - debate no teatro Maria Matos ( 4 de Maio, 18h até às 23h.)


O Teatro Maria Matos e a UNIPOP promovem pela primeira vez no próximo dia 4 de Maio das 18h às 23h um programa dedicado ao tema “ARTE & MERCADORIA”, com mesa redonda “O AUTOR ENQUANTO PRODUTOR” com participação de António Guerreiro (crítico do jornal Expresso), Francisco Frazão (programador de teatro da Culturgest), Marco Martins (cineasta) e Pedro Boléo (crítico musical do jornal Público) para uma conversa informal.Destaque ainda para conversa com Maurizio Lazzarato, acerca da Cultura, Trabalho, Liberalismo e Subjectividade.



PROGRAMA


18h O AUTOR ENQUANTO PRODUTOR. Mesa-redonda acerca de um texto de Walter Benjamin. Com António Guerreiro, Francisco Frazão, Pedro Boléo e Marco Martins.
“O autor enquanto produtor” é o título de uma comunicação de Walter Benjamin datada de 1934. Precedendo o conhecido ensaio “A obra de arte na era da reprodutibilidade mecânica”, este texto coloca em debate a relação entre a tendência política de uma obra, a sua técnica de escrita e o posicionamento do autor no processo de produção da obra. A partir deste texto de Benjamin, mas extravasando-o, convidámos António Guerreiro (crítico do jornal Expresso), Francisco Frazão (programador de teatro da Culturgest), Marco Martins (cineasta) e Pedro Boléo (crítico musical do jornal Público) para uma conversa informal sobre aqueles temas.

19h30 CONVERSA COM MAURIZIO LAZZARATO ACERCA DE CULTURA, TRABALHO, LIBERALISMO, SUBJECTVIDADE.

Paralelamente à pobreza económica, o liberalismo produz uma pobreza da subjectividade. E se, em resultado do forte desnível de rendimentos, o empobrecimento económico atinge a população diferenciadamente, já o empobrecimento da subjectividade é transversal à generalidade das pessoas, uma vez que as sociedades securitárias, sejam elas ricas ou pobres, estão expostas às mesmas semióticas da informação, da publicidade, da televisão, da arte e da cultura. A produção deste “mundo semiótico” partilhado por todos é um elemento específico da administração e governo dos artistas/técnicos e dos públicos que poderá ser melhor analisada à luz das transformações da arte no último século e à luz dos regimes laborais dos intermitentes do espectáculo – artistas e técnicos que trabalham no teatro, na música, na dança, no cinema, na televisão, no circo, etc.

Maurizio Lazzarato é sociólogo e filósofo, membro do Labaratoire Matisse-Isys (Universidade Paris 1) e da direcção da revista Multitudes. Entre as suas áreas de interesse estão a relação entre trabalho e arte, o pós-fordismo e o trabalho imaterial, a ontologia do trabalho e os movimentos pós-socialistas. Tem também trabalhado a obra de autores como Gabriel Tarde, Gilles Deleuze e Felix Guattari. Escreve igualmente acerca de cinema, vídeo e novas tecnologias de produção de imagens. Recentemente, publicou Intermittents et Précaires (com Antonella Corsani) e Puissances de l’invention. La psychologie économique de Gabriel Tarde contre l’économie politique. Nesta sua passagem por Lisboa, Lazzarato participará igualmente no seminário «a economia para além da economia»

[o bar do teatro está aberto e servirá jantares]

22h FORA DE ÁGUA, de Catarina Mourão (1997, 47').
Em Maio de 1997 e com o apoio do programa Europeu Interreg II, dez artistas plásticos foram convidados para realizar várias intervenções de arte pública no distrito de Beja. Este documentário conta a história do encontro entre estas obras, os seus autores e a população local, dando a conhecer os vários pontos de vista nesta experiência que, por ser pública, obrigatoriamente envolveu a população como receptora. No entanto, neste episódio muitos disseram que em vez de arte pública, houve antes arte contra o público – culminando esta experiência na destruição de uma das obras pela população. Pergunta-se quem eram afinal os destinatários destas obras? Através do registo deste confronto “Fora de Água” procura questionar o impacto e percepção da “arte pública” por aqueles que à partida são os seus beneficiários, abrindo a discussão sobre a responsabilidade do artista nas questões inerentes à recepção da sua obra.