5.2.09

Lançado hoje o Dicionário Internacional da Outra Economia, para a compreensão e divulgação das alternativas económicas ao capitalismo


A partir do Dictionnaire de l'autre économie foi hoje lançada em Portugal a sua tradução portuguesa sob o título Dicionário Internacional da Outra Economia com a coordenação a cargo de Antonio David Cattani, Jean-Louis Laville, Luiz Inácio Gaiger,e Pedro Hespanha


O "Dicionário Internacional da Outra Economia" apresenta em 58 verbetes os conceitos e as teorias mais marcantes sobre as alternativas à economia capitalista. Abrange os fundamentos e as modalidades da outra economia, os marcos históricos do pensamento alternativo e temas específicos como autogestão, bens públicos mundiais, comércio justo, economia feminista, redes sociais e solidariedade.

Este livro constitui-se no volume 1 da Série Políticas Sociais (editada pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra) e é editada pela Almedina

Este dicionário da outra economia não é um dicionário propriamente dito. Ele reúne simplesmente o mais importante para a pesquisa de uma alternativa ao liberalismo económico. Desde a letra A como “alterglobalização” até à letra U como “utopia”, passando por E para “empresa social” e M para “microcrédito”, são cerca de sessenta assuntos e temas sobre as implicações, conceitos e práticas dessa alternativa económica que são expostos nesta obra. Cada tema compreende um “ensaio” de 3 a 20 páginas, uma bibliografia e algumas indicações lexicais.

O Dicionário Internacional da Outra Economia está sintonizado com os ideais e as realizações objectivas da outra economia, aquela que se apresenta como alternativa material e humana superior à economia capitalista.


A obra visa divulgar, para um amplo público, os conceitos e as teorias mais marcantes sobre as alternativas à economia capitalista presentes numa literatura especializada, que às vezes é hermética demais para o leitor. Neste Dicionário são analisados os mais diversificados temas, como os fundamentos e as modalidades da outra economia, os marcos históricos do pensamento alternativo, as redes de colaboração solidária, o comércio justo, entre outros.

A variedade de abordagens faz com que a leitura do conteúdo deste dicionário possa encontrar algumas contradições. Assim, por exemplo, a noção de decrescimento apresentada pelo economista Guy Roustang choca com a ideia do desenvolvimento local apresentado pelo brasileiro Paulo de Jesus,doutor em ciências de educação.

Assinala-se também aí que desenvolvimento não é o mesmo que crescimento. E para economia solidária, assim como para moeda social são propostas duas definições, não obrigatoriamente coincidentes.

Por outro lado, certas entradas dão lugar a textos mais teóricos ( autogstão, capital social, mercado solidário, dádiva) , enquanto noutras a ênfase é dade sobretudo à prática ( economia alternativa, consumo solidário, organizações internacionais)

Em síntese, a outra economia deve ser concebida no plural, pois é na pluralidade de propostas alternativas que encontramos saída para o pensamento único do neo-liberalismo, assim como o capitalismo, como modelo económico dominante.

A abertura do Cabaret Voltaire foi há 93 anos ( a 5 de Fevereiro de 1916) em Zurique








Em 5 de Fevereiro de 1916, foi inaugurado em Zurique o ponto de encontro para artistas contestatários da ordem estabelecida, "Cabaret Voltaire". Era o início do dadaísmo, uma tendência artística antiburguesa e anti-convencional

O Cabaret Voltaire foi um clube nocturno, criado em 5 de Fevereiro de 1916, no nº 1 da pequena rua de Spiegelgasse, em Zurique (Suíça), dirigido pelo filósofo, romancista e anarquista Hugo Ball ,e pela sua companheira, a cantora Emmy Hennings, e com ele surge também, oficialmente, o Dadaísmo, uma vanguarda modernista.


Este espaço dava aos artistas as condições para a liberdade artística, e para a experimentação, e o seu nome provinha das palavras Cabaret ( invocando os vícios da noite) e Voltaire ( valorizando a filosofia)


Com o passar do tempo o local começou a degradar-se e no Inverno de 2002 um grupo de artistas autodenominado neo-dadaistas, organizado por Mark Divo okupou o espaço. Reclamavam que o local era o símbolo de uma nova geração de artistas que aspiravam renacer o espírito Dada. Durante um período de 3 meses houve uma série de festas, tardes poéticas, interpretações e perfomances e projecções. Desse conjunto de artistas contavam-se nomes como Ingo Giezendammer, Mikry Drei, Lennie Lee, Leumund Cult, Aiana Calugar y Dan Jones. A curiosidade dos visitantes também foi grande. Porém, a 2 de Março de 2002 a policía expulsou os ocupas, tendo o edificio sido convertido em museu para recordar Dada.


"Dada é a vida sem pantufas e sem paralelas, é pró e contra a unidade e decididamente contra o futuro", pois "a arte não é séria", proclamava o escritor francês Tristan Tzara.

Para a primeira soirée do Cabaret Voltaire , Ball pediu a artistas plásticos, como Hans Arp, que contribuíssem com objectos de arte, e a poetas, como Tristan Tzara ou Huelsenbeck, que colaborassem com palavras poéticas. Assim, nasceram composições como as três variações sobre um motivo dado, em três línguas. Tratava-se do primeiro poema simultâneo dadaísta com o título: "O almirante tenta alugar uma casa". Humor e nonsense tinham um pano de fundo sério.
Arte, acaso da natureza


A Primeira Guerra Mundial estava às portas. Pintores, poetas, pacifistas, filósofos e músicos de todas as nacionalidades reuniam-se no Cabaret Voltaire, no solo neutro da Suíça. Eles eram contra a sociedade burguesa decadente, contra a autoridade na política e na Igreja e, de maneira não pouco significativa, contra o aparato da arte estabelecida.


Dada é espatifar aquilo que até então era válido, quer dizer, não mais utilizar a tinta a óleo para pintar, nem empregar a língua do modo como era usada na literatura. A arte deveria ficar ao acaso da natureza.


Por acaso, combinavam-se palavras achadas, letras, sílabas. Como por acidente, produziam-se colagens de cores, materiais, palavras, movimentos e sons. Como que acidentalmente, nasceu o nome Dada, ao folhear um dicionário.


Não havia uma orientação estilística determinada, nem uma escola definida, o que os distingue claramente dos surrealistas.


Em 9 de Abril de 1919, o movimento encontrou seu apogeu e declínio numa gigantesca exposição de arte total, com poemas simultâneos e danças de máscaras ao som de música atonal.
Fora da Suíça, contudo, o dadaísmo continuou vivendo. Em Nova York, Marcel Duchamp declarou objectos utilitários como peças de arte. Em Berlim, Huelsenbeck fundou o Club Dada, de orientação sócio-crítica. O poeta e colagista sonoro Kurt Schwitters não era um de seus membros, mas o seu nome está estreitamente ligado ao dadaísmo, sendo a sua ursonate uma das obras mais célebres do movimento.


E o que restou do dadaísmo?


Se Dada é um estado de espírito, então ele está em nós. As agitações estudantis nas ruas, os movimentos criativos, as rupturas, em tudo isso esta incarnado de uma forma bem palpável o espírito Dada. Ou seja, desde que se questione radicalmente algo, então estamos como Dada . Por isso, é que os dadaístas sempre rejeitaram a indústria artística literária estabelecida, apesar desta ter vindo a recuperá-lo e a declarar a anti-arte como arte


De qualquer forma, e retomando Dada se o mundo está em ruínas, todos os meios são permissíveis.


Consultar :


International Dada Archive
http://www.lib.uiowa.edu/dada/








Kaspar König and Simon Berz at the Cabaret Voltaire, Zurich