7.1.11

Fabricados para não durarem: sabias que a morte de muitos aparelhos e produtos está programada?



Comprar, usar, comprar ou a história secreta da obsolescência programada

Baterias que «morrem» 18 meses depois de terem sido estreadas, impressoras que bloqueiam depois de atingirem um determinado número de folhas impressas, lâmpadas que se fundem ao fim de mil horas de uso… Estes exemplos levam a interrogarmo-nos sobre as razões para que os produtos de consumo, apesar dos evidentes avanços tecnológicos, duram cada vez menos.

A explicação é simples, mas inaceitável : as empresas preparam e executam o que se costuma chamar de obsolescência programada, ou seja, a redução intencional e deliberada do prazo de vida dos seus produtos como forma de incrementar o consumismo.

O canal 2 da RTVE, televisão pública espanhola, emite no próximo Domingo, 9 de Janeiro, às 22h., um documentário sobre o fenómeno da obsolescência programada que se tornou a filosofia produtiva de um cresecnte número de empresas e que se tem mostrado como um motor da economia industrial. «Comprar, tirar, comprar» é o título do documentário, realizado por Cosima Dannoritzer, que foi rodado na Catalunha, França, Alemanha, Alemanha, Estados Unidos e Gana, e descreve não só o fenómeno através de casos concretos e ilustrativos, as consequências ambientais negativas dele decorrentes, mas ainda exemplos de resistência que está a alastar entre os consumidores e as alternativas apresentadas que pretendem salvaguardar a economia e o meio ambiente, como é o caso dos irmãos Neistat, do programador informático Vitaly Kiselev, ou do catalão Marcos López.

Fala-se ainda como um país africano comoo Gana se está a transformar numa lixeira informática, para onde é enviada uma boa parte do material usado nos países do primeiro mundo, ao mesmo tempo que entrevista autores que reflectem no assunto, como o economista e defensor da teoria do descrescimento, Serge Latouche que preconiza a redução do consumo e da produção a fim de promover outras formas de riqueza como a amizade e o conhecimento.

O documentário contém dados interessantes: Mostra, por exemplo, como os fabricantes de lâmpadas, a Philips e a Osram, acordaram secretamente entre si, a obsolescência programadas das lâmpadas por si produzidas. Foi assim que da produção e lâmpadas que tinham uma duração de 2.500 horas se passou à produção de lâmpadas com apenas uma duração de 1000 horas..

Refere-se também o caso do IPOD da Apple, em que a bateria deste aparelho tem uma duração de 18 meses, o que levou vários consumidores norte-americanos a recorrer aos tribunais a fim de denunciar a prática daquela empresa em reduzir o tempo útil dos seus produtos, contradizendo a imagem que a mesma empresa vende como respeitadora do meio ambiente.

A realizadora do documentário consegiu ainda encontrar na casa de uma antiga jornalista alemã um exemplar de meias de nylon antigas que duravam para toda a vida, tudo o contrário do que acontece com as meias de nylon produzidas actualmente.

Transmissão na RTVE 2 no próximo Domingo, dia 9 de Janeiro, às 22h.



A fotografia indica o chip instalado numa impressora destinado a registar o número de impressões






Rações contaminadas na Alemanha causam mais um escândalo e alarme público provocado pela indústria do agro-negócio

A Alemanha vive momentos de aflição. E a razão não é para menos: foi detectada uma substância tóxica dioxina cancerígena nos ovos. Esta descoberta já levou ao fecho temporário de mil explorações agrícolas. A contaminação atinge não apenas a produção de ovos, mas também a de carnes de aves e de porco.

Na análise de 34 amostras de ovos, as autoridades sanitárias encontraram dioxina em 18. Não se sabe ainda, contudo, o volume total de produtos contaminados com dioxina espalhados pelo mercado no país. Boa parte dos ovos contaminados já deve ter sido vendida e consumida. Representantes da indústria alimentícia e do varejo tentam tirar os produtos possivelmente contaminados de circulação.

Para piorar a situação os produtos derivados de ovos com dioxina foram também exportados para outros países, nomeadamente, o Reino Unido. Segundo a Comissão Europeia, 86 mil ovos presumivelmente contendo dioxina teriam sido vendidos à Holanda, lá misturados com outros ovos e processados industrialmente. Os produtos resultantes – ainda não se sabe se maionese, biscoitos, outros – teriam sido exportados para o Reino Unido em 12 de dezembro de 2010. As autoridades britânicas empenham-se para localizar os artigos em questão e interditar sua venda.
Aponta-se a criação industrial de animais como causa do escândalo da dioxina. Os alimentos produzidos localmente na região, e os produtos orgânicos são a melhor alternativa contra o veneno na comida produzida industrialmente pelas explorações agro-pecuárioas, nas quais a qualidade e proteção aos animais ficam, forçosamente, de lado, quando galinhas e porcos se transformam em produtos lucrativos nas fábricas do agro-negócio.

Por mais este escândalo fica também evidente quanto os ovos e costeletas supostamente baratos custam: com efeito, os prejuízos dos agricultores vão ser enormes, os custos de fiscalização são cada vez mais elevados, mas sobretudo expõe-se a saúde pública e o meio ambiente a danos incalculáveis.

RDA, Regueirão dos Anjos - programação para o mês de Janeiro de 2011

R. Reguerão dos Anjos, nº69, Lisboa