16.10.08

Judith Butler, teorizadora da Queer Theory e do pós-estruturalismo anarquista, vai dar hoje uma conferência em Serralves ( Porto ) às 21h30



Integrado no ciclo sobre o Pensamento Crítico Contemporâneo que está a decorrer ao longo de todo o ano de 2008 em Serralves ( no Porto), começa hoje o ciclo dedicado a analisar a dimensão social das actuais sociedades com uma conferência de Judith Butler, uma das principais figuras da chamada Queer Theory e ainda do pós-estruturalismo anarquista. O interpelante será o antropólogo Miguel Vale de Almeida.



Judith Butler (24 de fevereiro de 1956, Cleveland, Ohio) é uma filósofa pós-estruturalista norte-americana, que tem dado importante contribuições teóricas para o feminismo, Teoria Queer, filosofia política e ética.

A Teoria queer é uma teoria sobre o género que afirma que a orientação sexual e a identidade sexual ou de género dos indivíduos são o resultado de um constructo social e que, portanto, não existem papéis sexuais essencial ou biologicamente inscritos na natureza humana, antes formas socialmente variáveis de desempenhar um ou vários papéis sexuais.
Não há uma definição genericamente aceite para esta corrente de pesquisa acadêmica e forma particular de política pós-identitária. Os estudos queer constituem um corpus grande e variado de empreendimentos dispersos por áreas como os Estudos Culturais, a Sociologia da Sexualidade, Antropologia Social, Educação, Filosofia, entre outras.

De uma forma geral, é possível afirmar que a Teoria queer busca ir além das teorias feministas baseadas na oposição homens x mulheres e também aprofundar os estudos sobre minorias sexuais (gays, lésbicas, transgêneros) dando maior atenção aos processos sociais amplos e relacionados que sexualizam a sociedade como um todo de forma a heterossexualizar e/ou homossexualizar instituições, discursos, direitos.

A Teoria queer recusa a classificação dos indivíduos em categorias universais como "homossexual", "heterossexual", "homem" ou "mulher", sustentando que estas escondem um número enorme de variações culturais, nenhuma das quais seria mais "fundamental" ou "natural" que as outras. Contra o conceito clássico de género, que distinguia o "heterossexual" socialmente aceite (em inglês straight) do "anómalo" (queer), a Teoria queer afirma que todas as identidades sociais são igualmente anómalas.

A Teoria queer critica também as classificações sociais da psicologia, da filosofia, da antropologia e da sociologia tradicionais, baseadas habitualmente na utilização de um único padrão de segmentação —seja a classe social, o sexo, a raça ou qualquer outro— e defende que aas identidades sociais se elaboram de forma mais complexa, pela intersecção de múltiplos grupos, correntes e critérios.

A Teoria queer propõe explicitar e analisar esses processos a partir de uma perspectiva comprometida com aqueles socialmente estigmatizados, portanto dando maior atenção à formação de identidades sociais normais ou "desviantes" e nos processos de formação de sujeitos do desejo classificados em legítimos e ilegítimos. Neste sentido, a Teoria queer é bem distinta dos estudos gays e lésbicos, pois considera que estas culturas sexuais foram normalizadas e não apontam para a mudança social. Daí o interesse em estudar o travestismo, a transsexualidade e a intersexualidade, mas também culturas sexuais não-hegemônicas caracterizadas pela subversão ou rompimento com normas socialmente prescritas de comportamento sexual e/ou amoroso.

A teoria queer teve origem nos Estados Unidos em meados da década de 1980 a partir das áreas de estudos gay, lésbicos e feministas, tendo alcançado notoriedade a partir de fins do século passado. Fortemente influenciada pela obra de Michel Foucault, a teoria queer aprofunda as críticas feministas à ideia de que o gênero é parte essencial do ser individual e as investigações de estudos gays/lésbicos sobre o constructo social relativo à natureza dos actos sexuais e das identidades de gênero. Enquanto os estudos gays/lésbicos se centravam na análise das classificações de "natural" ou "contra-natura" em relação aos comportamentos homossexuais, a teoria queer expande o âmbito da análise para abranger todos os tipos de actividade sexual e de identidade classificados como "normativos" ou "desviantes".

Butler obteve seu Ph.D. em filosofia da Yale University em 1984, e sua dissertação foi subseqüentemente publicada como Subjects of Desire: Hegelian Reflections in Twentieth-Century France. Em fins da década de 1980, entre diversas designações de ensino e pesquisa (tais como no Centro de Humanidades na Johns Hopkins University), ela envolveu-se nos esforços "pós-estruturalistas" da teoria feminista ocidental em questionar os "termos pressuposicionais" do feminismo.

Obras
• 2007: Who Sings the Nation-State?: Language, Politics, Belonging (com Gayatri Spivak)
• 2005: Giving An Account of Oneself
• 2004: Undoing Gender
• 2004: Precarious Life: The Powers of Mourning and Violence
• 2003: Women and Social Transformation (com Elisabeth Beck-Gernsheim e Lidia Puigvert)
• 2000: Contingency, Hegemony, UniversalityContingency, Hegemony, Universality: Contemporary Dialogues on the Left (com Ernesto Laclau e Slavoj Žižek)
• 2000: Antigone's Claim: Kinship Between Life and Death
• 1997: The Psychic Life of Power: Theories in Subjection
• 1997: Excitable Speech: A Politics of the Performative
• 1993: Bodies That Matter: On the Discursive Limits of "Sex"
• 1990: Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity
• 1987: Subjects of Desire: Hegelian Reflections in Twentieth-Century France


Fonte: Wikipedia




Sobre Butler, a Queer Theory e as relações entre a teoria Queer e o anarquismo:




JUDITH BUTLER
(DOCUMENTÁRIO REALIZADO EM 2006 POR PAULE ZAJDERMANN DO CANAL FRANCO-ALEMÃO ARTE COM O TÍTULO « JUDITH BUTLER, PHILOSOPHE EN TOUT GENRE » )

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