30.4.06

Contra-cultura ( aproximação a uma definição)



Costuma-se associar o termo de contra-cultura – que foi popularizado pelo livro «The making of a Counter Culture» de Theodore Roszak em 1969 – aos anos sessenta. Mas se ensaiarmos uma definição logo veremos que a contracultura não é privativa do ambiente cultural vivido nessa década e que, pelo contrário, podemos encontar manifestações contra-culturais em muitas outras épocas e latitudes.

«…o essencial de uma contra-cultura, enquanto fenómeno histórico perene, é marcado pela afirmação do poder do indivíduo a criar a sua própria vida, e não tanto em aceitar os diktats das convenções sociais ou das autoridades da época, quaisquer que sejam as configurações com que o pensamento dominante e as subculturas se apresentam»

Trata-se, é certo, de uma definição algo vaga, que carece de precisões acerca dos princípios e valores, sobre o que distingue o pensamento dominante e as subculturas dominadas, quer de grupos étnicos e religiosos minoritários quer de grupos dissidentes contra-culturais.

As características fundamentais da contra-cultura são de 3 ordens:

- a contra-cultura confere primazia ao indivíduo relativamente às convenções sociais e às condicionantes governamentais
- a contra-cultura questiona o autoritarismo em todas as suas formas, desde as mais subtis às formas mais brutais
-a contra-cultura pressupõe a relação estreita entre a transformação individual e as mudanças sociais.

O indivíduo está, pois, no centro da contra-cultura. Concepções segundo as quais a mudança social se funda em valores altruístas e em que o individualismo é sempre entendido como um egoísmo são logicamente estranhas à contra-cultura.
Com efeito, o individualismo deve ser compreendido conforme o preceito socrático « Conhece-te a ti mesmo», além de que o individualismo contra-cultural é um individualismo profundamente compartilhado.

No prefácio de um dos seus livros, Timothy Leary sublinha a diferenciação entre movimentos contra-culturais e movimentos políticos:

«O meio de acção privilegiado de uma contra-cultura é o poder das ideias, das imagens e da expressão artística, e não a obtenção de poderes pessoais ou políticos. Consequentemente grupos minoritários, alternativos ou partidos políticos radicais não são contra-culturais. Se é certo que os movimentos contra-culturais tem implicações políticas, a verdade é que a tomada do poder e o facto da sua conservação exigir a adesão a estruturas muito rígidas fazem que tal se torne incompatível com a inovação e a criação que estão na base e é a razão de ser da contra-cultura. Ou seja, organização e instituição são incompatíveis com a contra-cultura.»

Outras características da contra-cultura:
- rupturas e inovações radicais em matéria de arte, ciências, espiritualidade, filosofia e modos devida.
- A diversidade.
- Uma comunicação aberta e autêntica, um contacto inter-pessoal profundo, assim como uma generosidade e uma partilha de meios.»
E não menos preciosa é a distinção entre a contra-cultura e as subculturas:
«...as contra-culturas são movimentod transgressivos de vanguarda. As contraculturas revelam uma excepcional diversidade. Pelo contrário, as subculturas definem-se geralmente por uma espécie de conformismo minoritário ou alternativo.»

Qualquer fenómeno contra-cultural envolve uma reacção repressiva da parte do pensamento dominante do sistema instituído. E, no limite, até a sua recuperação:
« O sistema integra a fraseologia contra-cultural na sua própria propaganda, ao mesmo tempo que os poderes económicos reduzem a arte e a estética contra-cultural a produtos de consumo.»
Em contrapartida, os artistas contra-culturais optam pelo exílio ou pela retirada para comunidades mais ou menos isoladas.

De qualquer forma a separação e o distanciamento relativamente ao pensamento dominante não é propriamente de carácter geográfico e pode até exigir formas muito subtis para que se faça a sua diferenciação:

«Os beats distanciaram-se do hiperconformismo característico da sociedade norte-americana dos anos cinquenta recorrendo a uma maneira de se vestirem e a uma recusa em participarem nessa corrida de ratos, ainda que à custa de uma certa pobreza».

Eco-teologia ( Leonardo Boff)


«A mesma lógica que leva a explorar as pessoas, as classes, os países, é também a que leva a explorar a natureza».

«A mesma lógica que leva a explorar as pessoas, as classes, os países, é também a que leva a explorar a natureza». É o que diz o teólogo Leonardo Boff (n. Concórdia, Brasil, 1938) que deu ontem em Madrid uma conferência no fim de uma intensa semana de seminários e encontros realizados em vários fóruns. De manhã interveio na Universidad Carlos III a propósito da Biodiversidade e do futuro da terra, e às 8 horas da tarde já se encontrava na Casa da América a reflectir sobre a actualidade da teologia da libertação. Em ambas as iniciativas a apresentação esteve a cargo do também teólogo Juan José Tamayo.
Pioneiro da teologia da libertação e também a sua figura mais conhecida, Leonardo Boff doutorou-se em 1970 em Teologia e Filosofia pela Universidade de Munique (Alemanha), onde publicou, de resto, o seuprimeiro livro, aos 26 anos, apadrinhado e financiado pelo cardeal Joseph Ratzinger, hoje Papa Benedicto XVI. Quinze anos depois foi sujeito a um processo que lhe foi movido pela Congregação para a Doutrina da Fé ( ex-Santo Ofício da Inquisição), a que presidia o próprio Ratzinger, e no fim do qual foi remetido ao silêncio por decisão dos inquisidores. Alguns anos mais tarde Leonardo Boff viria a abandonar a Ordem dos Frades Menores ( franciscanos), continuando a exercer, no entanto, o cargo de professor de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia na Universidade do Estado de rio de Janeiro. É autor de 72 livros em áreas como a Teologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e Mística, muitos deles traduzidos em diversas línguas.
Após a publicação da sua obra «Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres», Leonardo Boff tornou-se um símbolo da chamada Ecoteologia da libertação.
Ontem, no decurso de uma das suas Conferências, Boff declarou:
«Temos que nos convencer que a Terra é Gaia, isto é, tem um comportamento típico dos seres vivos. Somos mais filhos e filhas da Terra. A nossa singularidade é a de ser os cuidadores da Terra, os jardineiros do Éden terreno, e não o Satã da Terra.»

Fonte: El País
Para ler mais: aqui

As castas costumam chamar aos outros de privilegiados !!!


A frase mais bem escrita da nossa imprensa escrita deste fim de semana:

«Um dos aspectos mais proeminentes do discurso político contemporâneo é que as castas dominantes, que não perfazem juntas mais do 1% da população, têm por hábito chamar privilegiados à maior parte dos restantes 99% da população.»
(…)
«Como dizia o padre António Vieira, se é preciso muito peixe miúdo para alimentar um peixe grande, somente um peixe grande bastaria para alimentar muitos dos pequenos.»

Autor: Rui Tavares, em artigo de opinião publicado no jornal Público de 29 de Abril de 2006

A Hipocrisia do Ocidente, em versão de sátira curta


«Não podemos deixar que tenha armas nucleares alguém que acredita no regresso do 12º imã e no fim do mundo. Este é um privilégio que, a bem dizer, deveria ser reservado a quem acredita no regresso de Cristo e no fim do mundo»


Autor: Rui Tavares, em artigo de opinião publicado no jornal Público de 22 de Abril de 2006

Prisão para o Presidente da Hyundai


Um tribunal de Seul ordenou a prisão de Chung Mong-koo, presidente do poderoso conglomerado automobilístico sul-coreano, por sobre ele impender a acusção de desvio ilegal de fundos e suborno a funcionários públicos. Segundo a acusação Hung utilizou cerca de 130.000 milhões de wones ( uns 114 milhões de euros) para criar um fundo ilegal com o qual comprava as decisões de altos funcionários.
Se a moda pega por cá desconfiamos que muito Conselho de Administração haveria de ir para trás das grades…

O maior oleoduto do mundo começou a ser construído


Começou a ser construído o oleoduto, considerado como o mais extenso do mundo, que vai ligar a Rússia à Ásia ( Sibéria Orinetal- Ocenao Pacífico), e que irá permitir levar o petróleo russo aos mercados asiáticos ( China e Japão, principalmente). A capacidade de transporte do oleoduto será de 80 milhões de toneladas de crude ao ano. Para além do Oceano Pacífico como destino principal, prevê-se ainda um ramal de desvio em direcção à China. O custo total da obra-se está estimado em 10.000 milhões de euros.

Como se vê o mercado do petróleo está de vento em popa…

Actual vice-presidente da RTP foi um oficial detido pelos militares que fizeram o 25 de Abril


Segundo notícia publicada no passado Sábado no semanário Expresso o actual vice-presidente da RTP, Jorge Ponce Leão, foi um dos oficiais detidos pelos militares revoltosos do dia 25 de Abril e que derrubaram o regime ditatorial de Salazar e Caetano. A detenção de Jorge Ponce Leão, então alferes e oficial de dia no quartel da Escola Prática de Administração Militar, foi decidida pelos militares sublevados por ter sido considerado um oficial afecto ao anterior regime, e conhecida em Coimbra pela sua ligação aos meios da extrema-direita, ao ponto de ter sido nomeado pelo governo fascista da altura como Presidente da AAC ( Associação Académica de Coimbra) em 1967 o que lhe valeu, junto dos demais estudantes, ser conhecido por «funcionário do Governo e não reconhecido como estudante».
Actualmente Jorge Ponce Leão é vice-presidente da RTP depois de ter estado na administração do conhecido grupo económico Jerónimo Martins.
Com gente desta laia, à frente do principal órgão de comunicação, sob tutela governamental, não espanta que a democracia esteja onde está, e a RTP ao serviço de quem está.
Com «democratas» destes, esta «democracia» nunca me convencerá…

Os 3 maiores bancos portugueses somam e seguem em…lucros


Os 3 maiores bancos portugueses – BCP, BES e BPI – registaram no seu conjunto lucro da ordem dos 377,8 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano de 2006, o que representa mais de 31,6% de lucros do que os que foram registados no mesmo período ( 1º trimestre) do ano passado (2005).
E ainda falam eles de crise?

Apetece mesmso dizer: se em «crise económica» os lucros aumentam exponencialmente, o que seria se não houvesse a tão propagandeada «crise»???