13.1.07

Defesa da Alegria, por Mario Benedetti


Fui buscar ao http://citizenmary.blogspot.com/ esta lindíssima poesia de Mario Benedetti, e com ele também me apetece defender a alegria face ao oportunismo e aos vendilhões do riso. A tradução é livre mas segue-se depois o original.

Defender a alegria, por vezes até contra a própria alegria, e adoptá-la como a minha barricada....


DEFESA DA ALEGRIA

Defender a alegria como uma trincheira
defendê-la do escândalo e da rotina
da miséria e dos miseráveis
das ausências transitórias
e das definitivas

Defender a alegria como um princípio
defendê-la do pasmo e dos pesadelos
dos neutrais e dos neutrões
das infâmias doces
e dos diagnósticos graves

Defender a alegria com uma bandeira
defendê-la do raio e da melancolia
dos ingénuos e dos canalhas
da retórica e das paragens cardíacas
das endemias e das academias

Defender a alegria como um destino
defendê-la do fogo e dos bombeiros

dos suicidas e dos homicidas
das férias e do tédio
da obrigação de estarmos alegres

Defender a alegria como um certeza
Defendê-la do óxido e da manha
Da famosa ilusão do tempo
Do negligente e do oportunismo
Dos proxenetas do riso

Defender a alegria como um direito
Defendê-la de deus e do Inverno
Das maiúsculas e da morte
Dos apelidos e dos lamentos
Do azar e também da alegria


(tradução livre da responsabilidade do autor deste blogue)

Defensa de la alegría

Defender la alegría como una trinchera
defenderla del escándalo y la rutina
de la miseria y los miserables
de las ausencias transitorias
y las definitivas

defender la alegría como un principio
defenderla del pasmo y las pesadillas
de los neutrales y de los neutrones
de las dulces infamias
y los graves diagnósticos

defender la alegría como una bandera
defenderla del rayo y la melancolía
de los ingenuos y de los canallas
de la retórica y los paros cardiacos
de las endemias y las academias

defender la alegría como un destino
defenderla del fuego y de los bomberos
de los suicidas y los homicidas
de las vacaciones y del agobio
de la obligación de estar alegres

defender la alegría como una certeza
defenderla del óxido y la roña
de la famosa pátina del tiempo
del relente y del oportunismo
de los proxenetas de la risa

defender la alegría como un derecho
defenderla de dios y del invierno
de las mayúsculas y de la muerte
de los apellidos y las lástimas
del azar y también de la alegría.

Retirado de:
http://citizenmary.blogspot.com/

Liberalismo e escravatura são afinal irmãos siameses!

Retirado de:
http://animot.blogspot.com/


Contra-História do Liberalismo, de Domenico Losurdo, é um estudo sobre a relação íntima entre a defesa do liberalismo político e econômico e a prática e defesa da escravidão contra negros e contra pobres.


No livro Contra-História do Liberalismo,[1] Domenico Losurdo mostra que havia, na Inglaterra, nas suas colónias na América do Norte, e na Holanda, entre os séculos XVII e XIX, uma estreita relação entre a defesa do liberalismo e a defesa da escravidão, o que é paradoxal, pois, como lemos acima, supostamente o liberalismo é "uma ideologia ou corrente do pensamento político que defende a maximização da liberdade individual mediante o exercício dos direitos e da lei".
Raramente os defensores do liberalismo se colocaram contra a escravidão, e frequentemente a defenderam ou lucraram com a mesma. Locke, por exemplo, um dos pais do liberalismo, defendeu a escravidão e investiu em empresas de tráfico de escravos.



Tais práticas e idéias mostram que, historicamente, o liberalismo tendeu a ser a defesa da maximização da liberdade individual de um pequeno grupo de pessoas, ao mesmo tempo em que foi uma teoria e prática da desumanização de pessoas de outras etnias. Historicamente, os teóricos do liberalismo negaram a humanidade a irlandeses católicos, negros africanos e ameríndios, dizendo que o tratamento brutal aos mesmos lhes faria bem, pois lhes levaria à civilização



John C. Calhoun,[2] importante estadista e filósofo político dos EUA durante o século XIX, sétimo vice-presidente dos EUA, ao mesmo tempo que, sob inspiração de Locke, defendia apaixonadamente a liberdade do indivíduo, não via a escravidão como um mal necessário, mas sim como um bem positivo, essencial para a civilização, por ser uma forma de propriedade legítima, e amparada pela constituição dos EUA.[3]
John Locke, o filósofo da liberdade individual ante a lei, participa da redação da constituição da Província da Carolina, segundo a qual



[...] todo homem livre da Carolina deve ter absoluto poder e autoridade sobre os seus escravos negros seja qual for sua opinião e religião.[4]


Além disso, Locke fez sólidos investimentos no tráfico de africanos.[5]
Também houve liberais que defenderam a escravidão dos pobres. Entre eles se encontram Andrew Fletcher e James Burgh. Francis Hutcheson, o mestre de Adam Smith, tinha reservas à escravidão dos negros, mas considerava a escravidão das pessoas dos "níveis mais humildes" da sociedade como uma "punição útil".
[6] Diz ele que a escravidão dos pobres é:


[...] castigo normal para aqueles vagabundos preguiçosos que, mesmo depois de ter sido justamente advertidos e submetidos à servidão temporária, não conseguem sustentar a si próprios e às suas famílias com um trabalho útil.[7]


Adam Smith, um dos pais do liberalismo, percebeu que, no que diz respeito à escravidão, os "governos despóticos" são preferíveis aos "governos livres", pois nos últimos só os proprietários brancos têm representação política. Por isso, ele vê como desesperadora a situação dos escravos negros nos "governos livres", pois:


[...] toda lei é feita pelos seus donos, os quais nunca vão deixar passar uma medida favorável a eles.[8]


Por isso:
A liberdade do homem livre é a causa da grande opressão dos escravos [...].[9]

Tal como, no século XX, os nazistasjustificam suas ações na suposta superioridade da etnia germânica, o liberal John Stuart Mill defende o dominação dos ocidentais sobre os outros povos por considerar sua própria etnia, ocidental, superior às outras etnias. Para ele, os outros povos estão em situação de menoridade, e por isso precisam, para seu próprio bem, obedecer absolutamente aos ocidentais. Submetendo-se a tal ditadura pedagógica, os não-ocidentais passariam da condição selvagem à condição civilizada.[10] Mais uma vez, vê-se que a ideologia da "maximização da liberdade individual perante a lei" não é considerada nem um valor humano, nem um valor universal pelos liberais clássicos.



O Big Brother prepara-se para entrar nas escolas portuguesas...

Câmaras de vídeo em todas as escolas portuguesas!
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O Ministério da Educação (ME) quer generalizar a instalação de sistemas de alarme e circuitos de video-vigilância nas escolas do ensino básico e secundário, uma medida debatida esta semana com o grupo coordenador do Programa Escola Segura. “A ideia é generalizar os circuitos externos de vigilância nas escolas, começando pelas que solicitarem a sua instalação”, disse o assessor da ministra da Educação, Rui Nunes. No encontro realizado quarta-feira, que contou com a presença da ministra e do secretário de Estado da Educação, a tutela analisou igualmente a possibilidade de generalizar a utilização dos cartões electrónicos dos alunos nas escolas do básico e secundário. Além de permitir o controlo das entradas e saídas, os cartões electrónicos, já utilizados em vários estabelecimentos de ensino, permitem também eliminar a circulação de dinheiro nas escolas, uma vez que podem ser carregados com vários montantes, servindo para pagar as refeições na cantina ou o material escolar adquirido na papelaria, por exemplo.
Fonte: jornal Primeiro de janeiro

Governo altera as leis porque não quer cumpri-las. Assim também eu...

Governo manda alterar REN para tornar possível a IKEA!!!

...e há quem diga que a IKEA é amiga do ambiente!!! Olha se não fosse...




O Conselho de Ministros deliberou ontem ratificar a alteração à delimitação da Reserva Ecológica Nacional de Paços de Ferreira. A iniciativa visa a revisão do PDM do concelho, transformando parte da reserva em área industrial para a construção das fábricas da Ikea.

O Governo aprovou ontem em sede de Conselho de Ministros a alteração à delimitação da Reserva Ecológica Nacional do município de Paços de Ferreira. A iniciativa insere-se no procedimento de revisão do PDM deste concelho que contemplará a transformação da área excluída em espaço industrial. A resolução do Conselho de Ministros é apenas a formalização do facto consumado desde que foi anunciada construção em Paços de Ferreira de três fábricas Swedwood, grupo Ikea.

O processo iniciou-se com a suspensão do plano quando ainda se discutia a localização das fábricas. A zona é sensível e classificada como Espaço Florestal de Protecção e integrada na Reserva Ecológica Nacional mas ao suspender parcialmente o PDM o Governo criou as condições para a sua instalação na zona da Serra da Agrela, freguesias de Penamaior e Seroa. As críticas surgiram desde logo de outro concelho concorrente, Paredes, que denunciou a existência de um parecer da CCDRN a defender a suspensão do PDM. Na altura, o presidente desta autarquia manifestou-se mesmo surpreso por estarem a equacionar instalar as fábricas em plena reserva ecológica: “Ao longo das conversas que fomos tendo neste processo com a Ikea, os seus representantes sempre falaram das preocupações ambientais deste grupo”, vincou Celso Ferreira.

No entanto, algumas das justificações fornecidas para que se viabilizasse a situação era a de que os benefícios económicos e sociais do investimento para o País e para a região são superiores aos eventuais prejuízos. A mesma opinião não teve por exemplo a Quercus, que contestou a decisão, lembrando nomeadamente que a zona em causa situa-se “nas cabeceiras das linhas de água da Serra da Agrela, apresentando encostas com declives superiores a 40 por cento, razão pela qual está integrada na Reserva Ecológica Nacional”. Os ambientalistas chegaram mesmo a admitir recorrer aos tribunais numa tentativa de anular a construção das fábricas naquela área.

A pegada carbónica do Rali Lisboa-Dacar - leiam que é elucidativo...

Por Helena de Sousa Freitas, da Agência Lusa.

As emissões de dióxido de carbono (CO2) associadas ao combustível gasto no Dacar 2007 totalizam 3.625 toneladas e poderiam ser compensadas plantando 620 hectares de floresta,
ou seja, uma área semelhante ao território de Gibraltar e três vezes superior a todo o Principado do Mónaco.
Isto contabilizando apenas as emissões das viaturas durante a competição, pois os números seriam maiores se fossem equacionados outros aspectos, caso do CO2 produzido pelas deslocações dos espectadores que vão assistir ao arranque da prova.
A "pegada carbónica", como é designada, foi calculada pela entidade Carbono Zero, a pedido da agência Lusa, e teve por base os gastos de combustível previstos pela organização do Dacar e divulgados na sua página de Internet, alojada em www.dakar.com.
Segundo o sítio da prova, tal como em 2006, este ano serão gastos 600 mil litros de Jet A1 pelos aviões, 250 mil litros de Avgas pelos carros, 500 mil litros de gasóleo pelas diversas viaturas ligadas à prova e 140 mil litros de fuel pelos helicópteros.
No caso dos helicópteros, a Carbono Zero (uma infra-estrutura da E.Value - Estudos e Projectos de Ambiente e Economia) considerou que o combustível utilizado será querosene, uma vez que "fuel" é uma designação muito genérica.
De salientar que, além do CO2, outros gases com efeito de estufa - metano e óxido nitroso - são emitidos durante o funcionamento dos motores de combustão interna, embora em níveis mais reduzidos, não tendo estes integrado o cálculo efectuado.
De acordo com Maria João Gaspar, da Carbono Zero, "para compensar as 3.625 toneladas de CO2 emitido seria necessária, em média, a capacidade de sequestro [absorção] de dióxido de carbono de 620 hectares de floresta durante um ano".
Este é um valor médio, "uma vez que a capacidade de sequestro de carbono de uma área florestal depende fortemente de diversos factores, como as espécies existentes e as características dos solos e do clima do local", esclareceu ainda a responsável.
Ao mesmo tempo que procura compensar as emissões de dióxido de carbono através da plantação de árvores, a Carbono Zero acautela que "sejam escolhidas apenas espécies autóctones" e exclui "todas as que são consideradas invasoras", explicou também Maria João Gaspar.
"Tendo em conta a rapidez do seu crescimento, os eucaliptos fariam o resgate do CO2 muito mais depressa do que outras árvores, mas essa espécie não é considerada, optando-se, em Portugal, pelo pinheiro-manso ou pinheiro-bravo e pelo sobreiro", indicou à Lusa.
Para diminuir o efeito nocivo das emissões de CO2 - compensando o planeta pela poluição causada - os organizadores de qualquer evento podem apostar na plantação de árvores, dispondo a Carbono Zero de várias áreas já florestadas.
"Temos duas áreas na zona da península de Setúbal e uma na Tapada Militar de Mafra, contígua à Tapada Nacional, e que, após ter ardido parcialmente em 2003, foi plantada por iniciativa da organização do Rock In Rio em Lisboa 2006".
No caso do festival, foi apurado um total de 3.883 toneladas de dióxido de carbono, tendo a maior fatia de emissões (55 por cento) resultado das deslocações do público, dado que muitos espectadores vinham de pontos distantes da capital e preferiram o automóvel.
Para equilibrar estas emissões, foram plantados 18 hectares de floresta (cerca de 19 mil árvores) com capacidade de resgate do CO2 ao longo de 30 anos.
Segundo a Carbono Zero, apesar da proximidade das emissões (3.883 toneladas para o festival e 3.625 para a prova desportiva), os hectares do Rock In Rio são muito inferiores aos apontados para o Dacar 2007, "porque quanto mais se alongar o período de tempo em que se pretende compensar as emissões, menor é a área a plantar".
Face às estimativas sobre as emissões da prova, a agência Lusa tentou contactar a organização do Dacar 2007 para saber se está a ser equacionada alguma forma de compensar a poluição mas, devido à proximidade do arranque da competição, não obteve informações
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