18.3.07

Há 4 anos Rachel Corrie era selvaticamente morta por um tanque israelita

A 16 de Março de 2003 a activista pacifista norte-americana Rachel Corrie que se tinha deslocado à Palestina para no terreno defender as casas e as crianças palestinianas que eram destruídas e alvejadas pelas tropas israelitas foi assassinada por um cater-pillar ao serviço do exército israelita quando este se preparava para demolir mais uma casa palestiniana

Para mais informação ler os textos já editados neste blogue:
aqui, aqui, aqui
e consultar ainda o extenso artigo existente na Wikipedia

Entrevista





A vida de Rachel Corrie - Parte 1 e 2








Entretanto foi encenada e representada já em vários países uma peça de teatro «My name is Rachel Corrie» que pretende recordar uma das heroínas do nosso tempo na sua luta contra a barbárie e a favor da paz e justiça. Consultar:
http://en.wikipedia.org/wiki/My_Name_is_Rachel_Corrie

Escutar alguns dos seus escritos:
http://www.youtube.com/watch?v=pQBLiAk9thk
http://www.youtube.com/watch?v=W-sajcPhSX8
http://www.youtube.com/watch?v=TF1iXerLRdI&mode=related&search=

O cantor folk irlandês Christy Moore dedicou-lhe também o seu álbum Burning Times.

Deixamos um vídeo musical de Christy Moore que fala da luta antifascista durante a guerra civil espanhola e outro sobre as lutas das mulheres







The Magdalene Laundry



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Radicais livres 3.1 pela OrchestrUtopica (hoje à noite no CCB)

Música contemporânea livre e sem concessões em cinco obras ( de Franco Donatoni, Helmut Lachenmann, António Pinho Vargas, Salvatore Sciarrino e Giacinto Scelci )


Radicais livres 3.1 é o programa para hoje à noite às 21h. no CCB em Lisboa e dedicado aos novos compositores que apostam na liberdade e na vanguarda para desenvolverem as suas obras e músicas - Franco Donatoni, Helmut Lachenmann, António Pinho Vargas, Salvatore Sciarrino e Giacinto Scelci – e que vão ser interpretados pela OrchestrUtopica, que se assume como algo mais do que o "grupo residente de música contemporânea do CCB": trata-se de um projecto que reúne músicos e compositores para programar, interpretar e discutir a música que se faz hoje.


António Pinho Vargas, um dos directores artísticos do projecto e também um dos compositores incluídos no programa de hoje, "a Orchestrutopica não é um simples grupo de música contemporânea que recebe convites, com um director artístico único. A Orchestrutopica reúne um núcleo de compositores para programar e discutir. É um núcleo que discute a posição a tomar, pensando a sua actividade a passo e passo."

O que liga estas 5 obras, como afirma José Júlio Lopes no texto de apresentação do concerto, é o facto de serem "peças de câmara de compositores com uma atitude musical (estética e "política") crítica." As aspas em "política" não significam uma suavização da sua atitude radical, mas antes a ideia de que são políticas sobretudo pela forma como pensam a música: "A sua posição manifesta-se, desde logo, e, em primeiro lugar, na sua própria música - e não se disfarça com efeitos e mecanismos recuperadores", afirma José Júlio Lopes.


António Pinho Vargas diz em que medida ela pode ser considerada radical e livre, como propõe a provocação do título do concerto. "Radicais livres é um pretexto genérico para organizar um concerto em torno de determinadas problemáticas. Mas em relação à minha peça, "livre" aplica-se com propriedade, na medida em que representa um corte importante na minha obra." E explica esse corte como um risco assumido plenamente: "é a primeira peça em que da melhor forma consegui lançar-me no acto de compor, dando um salto no ar, como o salto de tigre de que fala Walter Benjamin. Fiz um corte radical com a prática pós-serial e a partir de um gesto inicial fixei a energia e concentração no acto de compor, sem regras pré-estabelecidas." A partir daí, afirma Pinho Vargas, "passei a pensar de uma forma diferente. As regras que cada peça estabelece para si própria não obrigam a que na peça seguinte seja da mesma forma. Cada peça é um risco." Um traço que, segundo o compositor, aproxima a sua composição da obra de Giacinto Scelsi, que se ouvirá esta noite.

Desde que foi estreada, em 1993 pelo grupo Musikfabrik, a obra Monodia- quasi un requiem andou pelo mundo - Londres, Paris, Pequim - em múltiplas apresentações por quartetos de cordas tão importantes como o quarteto Arditti. "Julgo que é uma peça que contém em si uma capacidade de viajar. É com prazer que vou voltar a ouvi-la."

A peça, segundo Pinho Vargas, "é sobre a morte (daí o quasi un requiem) e o grito que não se ouve. Cheguei a escrever uma teoria do grito, uma teoria particular para esta obra. Eram frases que me permitiam reflectir sobre o desaparecimento." Musicalmente, Pinho Vargas considera que ela "está próxima da ideia de um canto suspenso, sem apoio, como o Luigi Nono gosta e também um outro compositor, Nicolaus Huber, que me disse a propósito da minha peça: I like monodia." E explica-nos: "monodia não é o mesmo que melodia. É uma linha de uma extrema fragilidade."

Programa

Salvatore Sciarrino :: Ommagio a Burri

Giacinto Scelsi :: Quarteto de cordas # 4

[INTERVALO]

Franco Donatoni :: Alamari

António Pinho Vargas :: Monodia - quasi un requiem

Intérpretes

Katharine Rawdon, flauta

Luis Gomes, clarinete

Elsa Silva, piano

Xuan Du, violino

Vítor Vieira, violino

Juan Carlos Maggiorani, violino

JanoLisboa, viola


Guenrikh Elessine, violonceloMarco Pereira, violoncelo


Contrabaixo, Vladimir Kousnetsov

Biografias e Notas de Programa

SALVATORE SCIARRINO Omaggio a Burri (1995) 13’[Flauta, clarinete, violino]


Omaggio a Burri permite uma observação aprofundada das preferências pontilisticas de Sciarrino, incluídas nestes treze minutos de pontos e contrapontos, suspiros, guinchos, pequenas estridências.
O verdadeiro prodígio está em que tudo isto resulta, e é essa, aliás, a pedra/palavra-chave: sucesso.

Enquanto determinadas obras de câmara transmitem a impressão de terem instrumentos mais potentes – parecem sinfónicas - a mais recente e sobejamente conhecida destas obras, Introduzione all’oscuro (1981) para 11 músicos, realça a individualidade dentro do grupo. Não é disso que se trata em Omaggio a Burri. Esta especificidade, que pode não ser o deleite de alguns, suscita seguramente o interesse de outros.

Nascido em 1947, começou a compor em 1959, dando o seu primeiro concerto em 1962.

Sete anos depois, deixou Palermo para viver em Roma, depois em Milão em 1977 e finalmente para a Città di Castello em 1983, onde ainda hoje reside.

Academicamente, Sciarrino não é um produto de escolas de música. Apesar de ter desenvolvido contactos importantes com Antonino Titone, Turi Belfiore e Franco Evangelisti, foi efectivamente um auto-didacta, sendo que o seu conhecimento musical advém directamente do estudo sobre os compositores modernos e clássicos.Recebeu vários prémios e aos 30 anos foi nomeado director artístico do Teatro Comunale di Bologna (cargo que exerceu entre 1978 e 1980). Entre os prémios mais recentes salienta-se o Prémio de Composição Musical da Fundação Principe Pierre, do Mónaco (2003) para Macbeth (melhor obra inédita de 2002), e o Prémio Internacional Feltrinelli, de 2003.

A mesma precocidade com que o seu estilo inconfundível se revelou, oferece-nos um invulgarmente longo e diversificado catálogo de obras. A docência ocupou grande parte da actividade de Sciarrino: para além das masterclasses, leccionou nos Conservatórios de Milão, Perugia e Florença desde 1974, até renunciar a todos os seus compromissos oficiais em 1996. Desde então, tem dedicado muito do seu tempo à escrita, como: Le figure della musica da Beethoven e Carte da suono scritti 1981-2001.

GIACINTO SCELSI Quarteto de cordas # 4 (1964) 10’[Quarteto de cordas]

A música da segunda fase da obra de Scelsi (a que corresponde o Quarteto # 4, de 1964) é marcada por uma suprema concentração na ideia de notas isoladas e únicas com uma enorme mestria na manipulação da forma.

Estas notas únicas são reelaboradas através de sombras micro-tonais, alusões harmónicas e variações de timbre e dinâmica.

A polifonia emerge da monodia.

Os movimentos de Scelsi revelam uma unidade de gestos e a polifonia da sua escrita para cordas integra uma concepção puramente melódica que é assumida como um aspecto essencial do som em si mesmo.

GIACINTO SCELSI (1905-1988), compositor

Nascido em La Spezia, no seio de uma família aristocrática e vivendo numa Villa antiga nos arredores de Nápoles, apesar de ter tido um escasso estudo formal de musica é reconhecido hoje como um dos mais criativos compositores do século XX.

Scelsi estudou primeiro música em Roma e, mais tarde, em Viena como discípulo de Schönberg. Tornou-se num dos primeiros adeptos da dodecafonismo em Itália.

No final dos anos quarenta passou por uma profunda crise religiosa que o levou à descoberta da espiritualidade oriental e também a uma mudança radical do seu olhar relativamente à música. Rejeita as noções de composição e de autor a favor da improvisação.Scelsi concebeu a criação artística como uma forma de comunicar uma realidade transcendental com o ouvinte.

Deste ponto vista, o artista é considerado um mero intermediário.

Por essa razão nunca permitiu que a sua imagem fosse associada à sua música.

Em vez disso, preferia ser identificado com uma linha debaixo de um círculo, um símbolo de proveniência oriental.

Foi amigo e mentor de Alvin Curran e outros compositores americanos expatriados como Frederic Rzewski que viveu em Roma nos anos 60.

Também “conspirou” com outros compositores americanos como John Cage, Morton Feldman e Earle Brown que o visitavam em Roma.Alvin Curran disse a propósito de Scelsi: “Veio a todos os meus concertos em Roma, até ao último que dei poucos dias antes da sua morte…

Isto foi no Verão e ele não gostava de sair.

Apresentou-se de fato e chapéu em pele.

Era um concerto ao ar livre.

Acenou-me de longe, com olhos brilhantes e o seu sorriso de sempre, foi a última vez que o vi”.

FRANCO DONATONI Alamari (1983) 13’[Violoncelo, contrabaixo e piano]

O título, bem como o material musical desta obra tem origem em trabalhos anteriores do compositor: Lame para violoncelo, Lem para contrabaixo, ambos de 1982, e Rima de 1979, este último com origem em Ed Insieme Bussarino de 1978.

O ímpeto de compor a partir de material de obras já existentes, é uma constante no trabalho de Donatoni, seja este originário das suas próprias obras ou das de outros compositores como Schoenberg ou Stockhausen.

Em nenhum dos casos se trata de uma colagem, mas antes de uma utilização de técnicas de composição muito precisas, demonstrativas de um certo automatismo em que o autor desenvolve um pequeno fragmento da peça tornando assim como impossível a identificação de um modelo.O contrabaixo, instrumento central desta obra, é utilizado de uma forma pouco habitual o que lhe confere uma cor estranha.

Os instrumentos dão-nos elementos que vão desde o pizzicato, produzindo efeitos de uma “mecânica de precisão”, a trechos de grande exigência técnica e artística, passando por movimentos desarticulados que sugerem danças únicas que mergulham na atmosfera nocturna e fúnebre desta música.

Como é habitual em Donatoni, a textura musical exige um grande virtuosismo dos intérpretes.

FRANCO DONATONI (1927-2000), compositor


Franco Donatoni nasceu em Verona em 1927. Estudou composição no Conservatório Giuseppe Verdi com Ettore Desderi, em Milão e com Lino Liviabella, no Conservatório de Bolonha.
Em 1949 completou o curso de composição e de orquestração e em 1950 o curso de música coral. Fez ainda o curso avançado de composição com Ildebrando Pizzetti na Accademia Nazionale de S. Cecília, em Roma, e frequentou, em Darmstadt, os Ferienkurse de 1954, 1956, 1958 e 1961.

A par da sua carreira de compositor, Donatoni manteve uma intensa actividade como professor de composição, tendo ensinado nos conservatórios de Bolonha, Turim e Milão, na Accademia Nazionale de S. Cecília em Roma, na Academia Chigi em Siena.

Em 1972 Donatoni foi convidado pela Deutscher Akademischer Austauschdienst para uma residência de um ano em Berlim.

Em 1985 recebeu o título de “Commandeur dans l’Ordre des Arts et des Lettres” do Governo Francês.

A sua música e o seu pensamento musical influenciaram várias gerações de compositores e a sua vasta obra é regularmente apresentada em concertos.

Em 1990 o Festival Settembre Musica de Turin dedicou uma série de concertos à sua música e, em 1982, em Milão, o Festival “Milano Musica” organizou um importante programa com a sua música, apresentando um grande número das suas mais importantes obras, incluindo a primeira audição de "Feria II"– para órgão e "A arte da fuga" de Bach, numa transcrição de Donatoni para orquestra.

Na década de 90 devem ser mencionadas obras como "Sweet Basil" (1993) para trombone e Big Band, "Portal" (1995) para clarinete baixo, clarinete em si bemol e orquestra, "In Cauda II" (1996), e "In Cauda III" (1996). Em 1996 completou o ciclo (iniciado em 1983) com "Françoise Variationen" para piano. Em 1998 a sua ópera curta, "Alfred Alfred", foi apresentada no Festival Musica de Strasbourg. Faleceu em Milão em 2000.

ANTÓNIO PINHO VARGAS Monodia – quasi un requiem (1995) 13’[Quarteto de cordas. Encomenda das Jornadas de Arte Contemporânea do Porto de 1993]

“Esta peça foi concebida para ser tocada usando um pequeno sistema de amplificação e reverberação, excepto se for apresentada numa sala com muita ressonância.

O material original é muito simples: duas melodias, uma linha a duas vozes e um agregado cromático.

A atitude rítmica deve ser sempre solta e flexível…A ideia de ressonância é central nesta peça.

O som de cada nota e a imaginação tímbrica dos músicos são muito importantes.O meu primeiro título foi Quasi un Requiem.

É uma peça acerca da extinção do som e da vida.

É sobre o absurdo da morte, do racismo e da intolerância. A secção central é uma espécie de “non-sense” passacaglia… “

ANTÓNIO PINHO VARGAS (1951), compositor

“Inquietação é uma das palavras que melhor sintetizam a personalidade artística de António Pinho Vargas, um músico integral que tem abordado com igual sucesso a composição livre de preconceitos de escola e os mais diversos géneros musicais, a interpretação e o ensaio musical, a pedagogia e a gestão cultural.

A sua música e o seu posicionamento estético têm contribuído para uma mudança radical no panorama musical nacional nas últimas décadas, tendo sido a sua influência determinante na aceitação em Portugal do pluralismo no âmbito da composição erudita.Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, concluiu o curso de composição no Conservatório de Roterdão, na classe de Klaas de Vries.

É professor na Escola Superior de Música de Lisboa desde 1991 e tem compaginado os seus labores docentes com a assessoria musical na Fundação Serralves e do Centro Cultural de Belém.

É ainda co-fundador e co-director artístico da OrchestrUtopica.Ligado ao jazz durante vários anos e sendo unanimemente considerado um dos mais importantes músicos portugueses neste domínio, começou o seu percurso criativo no âmbito da composição erudita em fins dos anos 80.As obras compostas até 1993 revelam a aderência à técnicas de composição mais rigorosas, ligadas à vanguarda musical posterior à Segunda Guerra Mundial. Porém, nesse ano, a composição de “Monodia.

Quasi un Requiem” marca um primeiro ponto de viragem na sua obra, que monstra a partir de então uma liberdade na escolha de materiais e de linguagens pouco habitual na música portuguesa contemporânea.À clareza estrutural das suas obras une-se a exploração exaustiva de novas abordagens de aspectos característicos do estilo tonal (por exemplo, a pulsação regular em obras como “Estudos e Interlúdios”, para percussão, escrita em 2000).

A sua obra em conjunto revela ainda uma rara capacidade para evocar e desenvolver em termos sonoros imagens poéticas, por vezes referidas nos títulos das suas peças.

Tem-se destacado como compositor de obras vocais de grande formato: as óperas “Édipo Tragédia do Saber” (1996) e “Os Dias Levantados” (1998), respectivamente sobre textos de Pedro Paixão e de Manuel Gusmão, e a oratória “Judas” (2002).”




Biografia de António Pinho Vargas

António Pinho Vargas nasceu em Vila Nova de Gaia, em Agosto de 1951.
Colabora com os A Grelha, grupo de rock do Porto. Em 1970 fundou, com Carlos Zíngaro e Jorge Lima Barretto, a Associação de Música Conceptual.
Com Lima Barretto e Artur Guedes faz parte do Anar Jazz Trio. Com Artur Guedes, José Nogueira e Pedro Cavaco forma os Abralas (1975/77).
Licencia-se em História pela Faculdade de Letras do Porto. Foi professor de História nos anos de 1975 e 1976. Enfrenta os anos 70 com algumas dificuldades pessoais pelo facto de querer ser músico de jazz.
Colabora com o grupo de jazz Araripa de João Heitor e José Eduardo. Com este grupo participa, em 1976, nas gravações do álbum "Malpertuis" de Rão Kyao. Participa também no disco "Bambu" de Rão Kyao, editado em 1978.
Ainda com José Nogueira faz parte do grupo de jazz-rock instrumental Abralas (ex-Zanarp). Os dois músicos fazem também parte da primeira formação dos Jáfumega. Durante algum tempo integra os Arte & Ofício com quem grava, em 1979, o álbum "Faces".

Em 1981 entra para a Banda Sonora de Rui Veloso com quem grava o álbum "Fora de Moda".
Em 1982 fez parte do Quarteto de Rão Kyao juntamente com Mário Barreiros e José Eduardo. Participa nas gravações do álbum "Ritual" de Rão Kyao. Nesse ano frequenta os cursos de Emmanuel Nunes.
Em 1983 grava o seu disco de estreia, "Outros Lugares". O Quarteto que gravou o disco incluía ainda Mário Barreiros, Pedro Barreiros e José Nogueira.
Em 1984 volta a colaborar com Rão Kyao participando nas gravações do álbum "Estrada da Luz" .
O seu segundo álbum, "Cores e Aromas", é editado em 1985. O Quarteto que gravou o disco é o mesmo do seu disco de estreia.
Em 1987 é lançado o disco "As Folhas Novas Mudam de Cor". O disco vende mais de 9.000 exemplares e atinge o top 10 de vendas. Nesse ano faz a banda sonora da peça "Hamlet", de William Shakespeare, com encenação de Carlos Avilez. Vai para a Holanda, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, estudar composição com o compositor Klaas de Vries.
Em 1988 compõe a música para o filme "Tempos Difíceis" de João Botelho que recebeu o prémio do Instituto Português de Cinema para a melhor música de Cinema. Também fez as bandas sonoras dos filmes "Uma Pedra No Bolso" (1988) e "Onde Bate o Sol" (1989) de Joaquim Pinto.
Em Abril de 1989 é editado o álbum "Os Jogos do Mundo". Além de António Pinho Vargas participaram os instrumentistas José Nogueira (saxofones), Mário Barreiros (bateria), Quico (sintetizadores), Pedro Barreiros (contrabaixo) e Rui Junior (tablas e percussão).
Diplomou-se em Composição no Conservatório de Roterdão em 1990. A partir da sua passagem pela Holanda passa a dedicar-se principalmente à composição erudita contemporânea.
Em 1991 é lançado o disco "Selos e Borboletas" que foi canditado ao Prémio José Afonso. Neste ano inicia actividade de professor de Composição na ESM (Escola Superior de Música) de Lisboa. Trabalha com Amália num trabalho que não chegou a ser publicado devido a um problema de direitos com os herdeiros da poetisa Cecilia Meireles. Tinha outros projectos com a fadista mas que não chegaram a ser concretizados.
Em 1993 retoma a colaboração com João Botelho e Carlos Avilez para quem faz a banda sonora do filme "Aqui na Terra" e da peça "Ricardo II".
O CD "Monodia", gravado na Igreja da Cartuxa e no Estúdio A da RDP, foi editado, em 1995, pela EMI Classics. A edição contou com o apoio de Lisboa 94 - Capital Europeia da Cultura. Neste ano foi condecorado, pelo Presidente de República Portuguesa, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.
Em 1996 é editado o álbum "A Luz e a Escuridão". O disco conta com a participação da cantora Maria João e do saxofonista José Nogueira.
Faz a banda sonora do filme "Cinco Dias, Cinco Noites" de José Fonseca e Costa. Por essa banda sonora recebeu o prémio da melhor música do Festival de Cinema de Gramado (Brasil).
Apresentou, em 1996, na Culturgest, a ópera de câmara "Édipo - Tragédia do Saber", a partir de textos de Pedro Paixão.
A EMI-Valentim de Carvalho lança em 1998 a colectânea "As Mãos, O Melhor de António Pinho Vargas. O quarteto de cordas "Monodia-quasi un requiem" foi tocado pelo Quarteto Artis de Viena e incluido no CD "Quartet Portuguese Chamber Music" do Arditti String (edição Etcetera Records).
Escreve "Os Dias Levantados", ópera sobre o 25 de Abril, com libreto de Manuel Gusmão.
O CD "Versos" foi editado, em 2001, pela Strauss, com o apoio do IPAE. É o autor da música do filme " Quem és tu?" de João Botelho.
Em Novembro de 2001, desloca-se a Londres onde participa no festival Atlantic Waves 2001.
A Culturgest organizou um Festival António Pinho Vargas, entre 16 de Fevereiro e 6 de Março de 2002, com a maior parte da sua obra. Foi feito o documentário "António Pinho Vargas, notas de um compositor", encomenda da Culturgest, LxFilmes e RTP, com realização de Manuel Mozos e Luís Correia. A obra "Judas", resultado de uma encomenda do Festival de Música Sacra, foi estreada em Viana do Castelo.
A Afrontamento editou, ainda em 2002, o livro "Sobre Música" com sete ensaios e uma recolha de textos e entrevistas.
É um dos membros fundadores da direcção artística da OrchestrUtópica formada em 2003. Participa também no disco "Movimentos Perpétuos - Música Para Carlos Paredes" com o tema "Dois Violinos para Carlos Paredes".
Em Fevereiro de 2004 é editado o CD com a gravação da ópera "Os Dias Levantados", realizada em 6 de Março de 2002, na Culturgest.


DISCOGRAFIA
Outros Lugares (LP, EMI, 1983)Cores E Aromas (LP, EMI, 1985)As Folhas Novas Mudam De Cor (LP, EMI, 1987)Os Jogos do Mundo (LP, EMI, 1989)Selos e Borboletas (CD, EMI, 1991)Monodia (CD, EMI Classics, 1994) A Luz e a Escuridão (CD, EMI, 1996)As Mãos, O Melhor de António Pinho Vargas (Compilação, EMI, 1998)Versos (CD, Strauss, 2001)



COMENTÁRIOS
«Eu toquei rock em baile de finalistas, toquei e toco jazz, toquei com a Amália, o Carlos do Carmo, o Vitorino. Num dado momento comecei a trabalhar também noutra área, com possibilidades permanentes de trabalho. Julgo que o status da música erudita portuguesa nunca terá deixado de olhar para mim como aquele rapaz que veio do jazz e que agora compôe umas coisas contemporâneas e tal. É uma marca que transporto comigo, nada a fazer.» APV/DNA
«Uma das coisas escritas sobre mim que mais me comoveu foi 'O homem que fez com que começasse a ser possível falar de jazz português'. A minha vida como músico de jazz nos anos 80 foi relativamente semelhante ao que está a ser agora na música erudita. Também aí achavam que aquilo não era bem jazz...» APV/DNA
«Posso dizer que aprendi a não ter complexos de superioridade em nenhum momento. Aprendi a respeitar a diversidade, aprendi que um rapaz de 18 anos pode pegar num PC e ser mais criativo do que um estudante do conservatório que anda a ver se consegue tocar igual ao pianista X ou Y. É bom que a atenção seja recíproca, ou seja, que as tribos da pop, do rock, do metal ou da electrónica, não se fechem demasiado com base num complexo qualquer e perceba que o mundo é mais diverso do que aquilo que pensam. A mensagem fundamental é estar atento à diversidade do Mundo!» APV/Divergências (2004)