6.5.06

A Bicicletada de Abril no Porto reuniu número record de participantes

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Divulgação e sensibilização junto dos automobilistas acerca da vantagem das bicicletas relativamentem aos carros e aos engarrafamentos urbanos


fotos da última bicicletada ( Abril de 2006)



Na última sexta-feira de cada mês realizam-se um pouco por todo o mundo os encontros ( meetings) chamados de «Massa Crítica» que pretendem mostrar como as bicicletas são uma alternativa com muita maior interesse e sustentabilidade do que os veículos motorizados (vulgo, carros). Portugal também não é excepção. E em Lisboa e no Porto realizam-se mensalmente todas as últimas sextas-feiras de cada mês as passeatas de bicicletas à hora de ponta ( com o maior trânsito automóvel) a fim de demonstrar como as bicicletas são uma saudável e verdadeira alternativa ao inferno poluidor dos carros.

Desta vez – no fim do mês de Abril - na cidade do Porto o número de participantes foi o maior de sempre, o que só revela que o movimento da massa crítica já começa a ganhar algum dinamismo também em Portugal ( em Lisboa as coisas ainda estão melhores).
Que venham muitas mais bicicletadas…

Mais info: aqui, aqui, e aqui

Estúpido, aeroporto, estúpido


A onda “desenvolvimentista”, arrogante e narcisista na Baixada Santista não pára. Mais um projecto mórbido foi tirado da gaveta e anunciado em alto e bom som, trata-se do Aeroporto Civil Metropolitano a ser construído no Guarujá.

E tudo em nome do progresso, do mercado, do lucro, da industrialização, do urbanismo, da filosofia da velocidade, de explorar o potencial turístico da região, de proporcionar mais empregos, aquecimento económico, benefícios sociais, fonte de tributos, em suma, bem estar capitalista! [sic]

O projecto

O protocolo de intenções para a implantação do aeroporto foi assinado no dia 18 de Abril, pelo prefeito do Guarujá, Farid Madi, e o comandante do 4° Comando Aéreo Regional, Brigadeiro Aprígio E. de Moura Azenha.

O aeroporto será localizado em área urbana, ao lado do Porto de Santos, na Base Aérea, que sofrerá uma reorganização do emprego da área física do local, tendo como meta tornar viável a proposta de instalação do aeroporto. O plano diretor da obra prevê o prolongamento da pista, a construção do terminal de passageiros, acessos, pátios, estacionamento e o remanejamento de algumas instalações. E ainda a construção de dois píeres de atracação de navios. Desta forma, o empreendimento integrará tanto o modal aeroviário como o marítimo ao Porto de Santos. A obra do aeroporto deve ser viabilizada via PPP (parceria público-privada) municipal. E tudo deve estar funcionando dentro de um ano e meio, segundo o Brigadeiro Azenha.

Mas haverá meio ambiente que aguente tudo isso?


Curiosamente quase não se fala nesse problema tão evidente. Aliás, mais uma vez a falta de transparência, de uma discussão aberta com a sociedade, autoridades “democraticamente” eleitas, e de mãos dadas com o capital, impõem “democraticamente” seus projectos megalomaníacos para uma população submissa, incauta, desinformada e com incipiente consciência ecológica.

Algumas perguntas

Será que o prefeito do Guarujá, o secretário do meio ambiente (que também é membro do Colectivo Alternativa Verde – CAVE) e empresários, explicaram para a população que o trânsito de aviões provocará poluição e barulho? Que o aeroporto se transformará numa das principais fontes de incómodo para os moradores que residem no entorno do empreendimento?

Será que eles explicaram que tal iniciativa trará mais fluxo de pessoas numa região já saturada, principalmente na alta temporada? Que tal projeto originará mais infra-estrutura, logo, mais congestionamentos de automóveis, mais lixo, mais poluição visual, mais poluição magnética, mais contaminação acústica, mais contaminação da água e do ar?

Será que eles explicaram que o aeroporto ocasionará mais consumo, mais criação de necessidades artificiais? Será que eles sabem que é esse afã consumista que causa tantos danos ao meio ambiente?

Será que eles explicaram que o projecto do aeroporto fomentará a especulação imobiliária, o aparecimento de grandes hotéis e resorts de luxo no litoral paulista?

Será que eles sabem que de todos os meios de transporte, o aéreo é o que mais consome combustível? Será que eles sabem que nenhum meio de transporte é mais nefasto para o meio ambiente que o avião? Que contribui para a mudança climática, através das emissões de gás carbónico CO2? Será que eles sabem que a queima de combustível nas alturas potencia muito mais o efeito estufa?

Será que eles sabem que nas condições climáticas actuais do planeta, cientistas, estudiosos, ambientalistas, recomendam que o ideal seria reduzir radicalmente as emissões do gás carbónico?

Será que o tráfego de aviões não afetará as aves migratórias que passam naquele corredor ecológico?

Será que toda a movimentação de aviões de passageiros, cargueiros, não afectará a vegetação, os insectos, os peixes, os pássaros, os pequenos animais e tudo mais que tem vida e participam da integração ecológica naquela região já tão castigada pelo Porto de Santos, o complexo industrial de Cubatão e o tráfego de caminhões?

Ah! Será que eles explicaram para a população que a poucos metros do local do aeroporto se encontra o bairro industrial da Alemoa, com os enormes tanques de derivados de petróleo e granéis químicos? Será que eles explicaram que em caso de um acidente aéreo naquela área o desastre seria incalculável?

Será que os interesses ocultos do capital, do Porto de Santos, do desenvolvimento a qualquer custo, da sagrada ideia de progresso, estão acima dos interesses da população, da vida em geral?

Porquê para que aeroporto?

Viva o Trem! Viva a Bicicleta!

Durante as últimas décadas, a política de transporte municipal, estadual ou federal, é baseada no fomento do uso do automóvel, do avião, da construção de estradas, pontes, viadutos, ampliação de aeroportos... Uma política extremamente hostil e agressiva ao meio ambiente, à comunidade, e, claramente, orientada para o benefício de empresas privadas, multinacionais ou não, do automóvel, do petróleo, dos seguros, dos pedágios etc.

Paralelamente a tudo isso, o transporte ferroviário convencional de passageiros, o trem, foi abandonado premeditadamente e sistematicamente pelas autoridades, com políticas de privatização, fim de linhas, sucateamento e desmantelamento dos serviços públicos. Por quê?

Um bom exemplo é o que se passa na Baixada Santista, onde toda malha ferroviária existente é da iniciativa privada, quer dizer, foi “dada” para a iniciativa privada, e só é usada para transportes de cargas, girando em torno do Porto de Santos e do Pólo Industrial de Cubatão.

Décadas atrás isso era diferente. Os mais saudosos vão lembrar da ferrovia Santos/Jundiaí, onde era possível ir para São Paulo e outras cidades, percorrer todo litoral Sul de São Paulo de trem. Mas estamos em época de neoliberalismo, globalização, marketing, engodo, eco-consumo, assim, tudo para o mercado, tudo em função do mercado, e pouco, ou nada para a comunidade, nada para a natureza. Exploração infinita para um Planeta finito!

Porque defender o trem convencional?

O trem gera menos emissões no efeito estufa que outros meios de transportes, como o carro ou avião, contaminam menos, faz menos barulho, é mais cómodo, mais romântico, é mais seguro, implica menos risco de acidentes, que menos espaço ocupa, são mais duráveis, o consumo de energia é menor, é mais barato, transporta muita mais gente que nos autocarros carro ou avião. Com o trem é possível fazer viagens combinadas, o uso de bicicleta e trem. Etc.

Há estudos que revelam que o transporte ferroviário convencional é o melhor meio de transporte, por suas vantagens ambientais, económicas e sociais.

Desde já, é hora de dizer aeroporto não! E sim pela revitalização do transporte ferroviário convencional, público, social e ecológico na Baixada Santista.

Escracho virtual

Prefeito do Guarujá, Farid Madi:

http://www.guaruja.sp.gov.br/contato.asp?id=6

Secretario do Meio Ambiente, Élson Maceió:

http://www.guaruja.sp.gov.br/contato.asp?id=19

moésio R. El Pececito Chuva de Fogo