22.3.05

A Década da Água (2005-2015)



A partir do dia 22 de Março, consagrado como dia mundial da água, tem início a Década da água por iniciativa das Nações Unidas (ONU)
Trata-se de mais um esforço para reverter o quadro dramático e progressivo de eliminação dos mananciais e deterioração da qualidade das águas do planeta Terra.

A esse objectivo há que acrescentar a luta contra a privatização e mercantilização das águas.

Gerir quantidades limitadas de água, aproveitar os reservatórios ainda existentes, preservar os mananciais, cuidar da qualidade das águas, serão certamente tarefas para o resto dos dias da humanidade.
Aos problemas antigos – e que, afinal, são tão recentes! - acrescentam-se outros ainda mais recentes. Assim, os últimos estudos sobre o aquecimento global mostram que os gelos milenares estão já a derreter, principalmente as do Himalaias, que alimentam os rios da China, Índia e Nepal. Estima-se que o recuo do gelo seja de dez a quinze metros por ano.
O gelo do monte Kilimanjaro, na Tanzânia derreteu pela primeira vez em toda a sua história. Esse fenómeno significa no imediato mais enchentes.
Porém, a longo prazo, significa muito mais : a perda da fonte que abastece os maiores e mais importantes do planeta.

Além do mais, significa que haverá uma mudança drástica na equação planetária da proporção entre as águas doces e águas salgadas – na actualidade, 97,6% de salgadas versus 2,4% de águas doces -, já que 2% das águas doces existentes estão exactamente nos regiões geladas.
O fenómeno converterá a água doce em água salgada - a proporção passará a ser de 99,6% de salgadas contra apenas 0,4% de águas doces – provocando a diminuição da oferta de água doce, elevando o nível dos oceanos e inundando as áreas baixas dos litorais e das ilhas com pouca altura

Milhões de pessoas privadas de água potável




Em todo o nosso planeta cerca de 1,4 biliões de pessoas são privadas de água potável, enquanto outras andam a desperdiçar este bem precioso.
A agricultura intensiva leva a um consumo incontrolado e a uma poluição sem precedentes.
Em vez de promover novos modos de vida, os governos dos países ricos lançam projectos faraónicos tais como a transferências maciças de água de umas regiões para outras

Consultar:

www.grida.no centro norueguês de informação

www.ioc.unesco.org Comissão oceonográfica intergovenamental (COI), que é a agência da UNESCO encarregada de estudar e vigiar os oceanos e os mares

www.planetebleue.info portal alternativo consagrado à probletmática da privatização da água no mundo

www.h2o.net informações sobre os conflitos regionais ligados aos recursos hidráulicos e dos cursos de água

www.iucn.org/themes/wetlands/ site da International Union for the Conservation of Nature (IUCN) desenvolve projectos sobre recursos em água nos países do Sul

www.cnrs.fr/cw/dossiers/doseau Dossier completo sobre água doce ( em francês)

A água – essência da vida



A água cai da atmosfera, na terra, onde chega principalmente na forma de chuva ou de neve. Ribeiros, rios, lagos, glaciares são grandes vias de escoamento para os oceanos. No seu percurso, a água é retida pelo solo, pela vegetação e pelos animais. Volta à atmosfera principalmente pela evaporação e pela transpiração vegetal. A água é para o homem, para os animais e para as plantas um elemento de primeira necessidade. Efectivamente, a água constitui dois terços do peso do Homem, e até nove décimos do peso dos vegetais. É indispensável ao Homem, como bebida e como alimento, para a sua higiene e como fonte de energia, matéria-prima de produção, vida de transporte e suporte das actividades recreativas que a vida moderna exige cada vez mais.
Em consequência da exploração demográfica e do acréscimo rápido das necessidades da agricultura e da indústria modernas, os recursos de água são objecto de uma solicitação crescente. Não se conseguirá satisfazê-la nem elevar os padrões de vida se, cada um de nós não aprender a considerar a água como um género precioso que deve ser preservado e utilizado racionalmente..
A água na natureza é um meio vivo, portador de organismos benéficos que contribuem para manter a sua qualidade. Poluindo a água corre-se o risco de destruir esses organismos, desorganizar assim o processo de autodepuração e, eventualmente, modificar de forma desfavorável e irreversível o ambiente vivo. As águas de superfície e as águas subterrâneas devem ser preservadas contra a poluição. Todo e qualquer decréscimo importante da quantidade ou da qualidade de uma água corrente ou estagnada pode ser nocivo para o Homem e para os outros seres vivos.
A qualidade da água deve ser mantida a níveis adaptados à utilização para que está prevista e deve, designadamente, satisfazer as exigências da saúde pública. Essas normas de qualidade podem variar conforme os tipos de utilização, tais como a alimentação, necessidades domésticas, agrícolas e industriais, pesca e actividades recreativas. Todavia, sendo a vida, na sua infinita diversidade, tributária das qualidades múltiplas das águas, deverão ser tomadas disposições para lhes assegurar a conservação das suas propriedades naturais.
Quando a água, depois de utilizada, volta ao meio natural, não deve comprometer as utilizações ulteriores que dela se farão, quer públicas quer privadas. A poluição é uma alteração, geralmente provocada pelo homem, da qualidade da água, que a torna imprópria ou perigosa para o consumo humano, para a indústria, agricultura, pesca e actividades recreativas., para os animais domésticos e para a vida selvagem. O lançamento de resíduos ou de águas utilizadas que provoquem poluições de ordem física, química, orgânica, térmica ou radioactiva não deve pôr em perigo a saúde pública e deve ter em conta a aptidão das águas para assimilar ( por diluição ou autodepuração) os resíduos lançados. Os aspectos sociais e económicos dos métodos de tratamento das águas revestem grande importância.
A manutenção de uma cobertura vegetal adequada, de preferência florestal, é essencial para a conservação dos recursos de água. É necessário manter a cobertura vegetal de preferência florestal e sempre que essa cobertura desapareça deve ser reconstituído o mais rapidamente possível. Salvaguardar a floresta é um factor de grande importância para a estabilização das bacias de drenagem e do respectivo regime hidrológico. As florestas são, de resto, úteis não só pelo seu valor intrínseco mas também como lugares de recreio.
A água doce utilizável representa menos de um por cento da quantidade de água do nosso planeta e está repartida muito desigualmente. É indispensável conhecer os recursos de águas superficiais e subterrâneas, tendo em conta o ciclo da água, a sua qualidade e a sua utilização. Entende-se por inventário a prospecção e a avaliação quantitativa dos recursos aquíferos.

A boa gestão da água deve ser objecto de um plano cuidadoso porque a água é um recurso precioso que necessita de uma gestão racional que concilie as necessidades a curto e a longo prazo. Impõe-se, pois, uma verdadeira política no domínio dos recursos de água, que implique múltiplos ordenamentos com vista à sua conservação, regularização e distribuição. Além disso, a conservação da qualidade e da quantidade da água exige o desenvolvimento e aperfeiçoamento das técnicas de utilização, de reciclagem e de depuração.
A investigação sobre a água já utilizada, deve ser encorajada ao máximo. Os meios de informação devem ser ampliados e as trocas internacionais facilitadas, ao mesmo tempo que se impõe uma formação técnica e biológica de pessoal qualificado.
A água é um património comum, cujo valor deve ser reconhecido por todos. Cada um tem o dever de a economizar e de a utilizar com parcimónia. Cada indivíduo é um consumidor e um utilizador da água. Como tal, é responsável perante os outros. Utilizar a água inconsideradamente é abusar do património natural.
A gestão dos recursos de água deve inscrever-se no quadro da bacia natural.
As águas que correm à superfície seguem os declives e convergem para formar cursos de água. Um rio com os seus afluentes pode comparar-se a uma +arvore extremamente ramificada que serve um território que se chama bacia.
Deve ter-se em conta o facto de que, nos limites de uma bacia, todas as utilizações das águas de superfície e das águas profundas são interdependentes e que, portanto, é desejável que também o seja a sua gestão.
A água não tem fronteiras. É um recurso comum que necessita de uma cooperação internacional.

(reprodução parcial do texto da Carta Europeia da Água)



Frankenstein ou o Prometeu Moderno



Victor Frankenstein é o famoso personagem da não menos famosa obra da notável escritora inglesa do século XIX, Mary Shelley.
Ao contrário do que vulgarmente se diz o nome de Frankenstein não é o da criatura monstruosa que foi criada, mas antes o do sábio que a criou e lhe deu vida.
Foi este sábio que e construiu um ser humano a partir de diferentes cadáveres, dando vida a uma criatura sem nome, porque inqualificável, com um rosto feito de remendos.
O monstro odiento é mau não só porque está privado de companheira e de amor, mas sobretudo porque é, simbolicamente, o reflexo do exagero, da soberba e da arrogância
do seu criador.
Mary Shelley (1797-1851), educada num meio erudito, é mulher do conhecido poeta inglês Shelley. Ao observar o iluminismo e todo o racionalismo cientificista que o acompanha, Mary Shelley toma consciência que o ideal das Luzes do Século XVIII veicula um optimismo excessivo e pernicioso, hipervalorizando a razão e o progresso.
A sua obra vai ser pois um grito de alarme contra qualquer tentativa científica de (re)criar um demiurgo em nome da ciência, com desprezo do Homem e dos seres humanos.
Tal como o subtítulo nos mostra, o livro renova o mito de Prometeu ao transformar o sábio num demiurgo que tem a audácia de fazer concorrência a Deus.
Frankenstein é um personagem do orgulho e da loucura, um aprendiz de feiticeiro que verá a sua criação – a tal criatura sem nome – escapar-lhe, matar os seus próximos e, finalmente, voltar-se contra ele.
A criatura exerceu,de resto,um enorme fascínio junto dos românticos, pois conjuga vida e morte, humano e inumano, ciência e sobrenatural.

A obra foi passada ao cinema em 1931 por Whale, e recentemente, em 1995, por Brannagh.