20.12.07

Jaime, de António Reis ( filme de 1974)


Consultar o excelente blogue dedicado à obra de António Reis:




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Reproduz-se a seguir o texto de Mathias Lavin, retirado de um das edições da revista Docs.pt :

Jaime de António Reis (1974)
A VIDA DE UM HOMEM INFAME

Jaime pertence à categoria pouco frequente de filmes cuja singularidade é quase ofuscante. Não a essa “aristocracia de obras primas” de que falava Susan Sontag a propósito de Hitler de Syberberg, nem a essas obras menores das quais muitos cinéfilos são apreciadores, mas antes à constelação desses filmes solitários e frágeis que figuram à margem de toda a genealogia estilística e quase sem linhagem. Hoje estamos algo esquecidos de que nos anos 70, sobretudo depois da realização de Trás-os-Montes (1976), António Reis era considerado no discurso crítico, tanto em Portugal como no estrangeiro, o realizador português mais importante juntamente com Oliveira – à frente de Paulo Rocha, Fernando Lopes, ou César Monteiro, que avançará para primeiro plano durante o decénio seguinte. Se a morte prematura do cineasta e o número diminuto das suas obras lhe conferem desde logo um estatuto quase secreto, à distância de 30 anos a emoção crítica provocada por Jaime torna-se ainda mais surpreendente.


Oriundo do Porto, Reis iniciou a sua actividade cinematográfica como assistente de Oliveira em Acto da Primavera (1963) e como argumentista de Mudar de Vida (1967) de Rocha, realizando três curtas-metragens documentais nos anos 60. É preciso lembrar igualmente que, desde finais dos anos 50, Reis escrevia poesia, uma prática que não deixou de se reflectir no conjunto da sua obra. Porque, se por um lado, podemos colocar Jaime na linha dos documentários que tentaram transformar a visão comum sobre a loucura, por outro, a sua vertente poética distingue-o de Matti da Slegare (Agosti/Bellocchio/Petraglia/Rulli, 1975), Animación en la Sala de Espera (Coronado/Rodriguez Sans, 1981) ou San Clemente (Depardon-Ristelhueber, 1982).


Para evocar Jaime, que deu a conhecer o nome de António Reis, um quase estreante de 47 anos, e o da sua companheira e colaboradora, Margarida Cordeiro, deve referir-se o contexto da sua realização. Filmado durante o ano de 1973, estreado de forma providencial logo após a revolução, no início de Maio de 1974, o filme esteve em adequação perfeita com o seu tempo. Compreende-se de que maneira o retrato de Jaime Fernandes - um camponês originário da região da Covilhã, que tendo passado quase 30 anos num asilo, onde morreu em 1969, começou subitamente a desenhar e a pintar depois dos 60, na mais pura tradição da arte bruta - podia rimar com a época da anti-psiquiatria, da crítica da clausura e das instituições.


Ao rever o filme, torna-se evidente a proximidade com um dos mais belos textos de Michel Foucault, La vie des hommes infames, ambos atendendo às “existências obscuras e infortunadas”. Mais ainda, no contexto português, o filme (o início em particular) oferece uma metáfora suficientemente legível de um país sufocado pelo Salazarismo – como o fará alguns meses mais tarde o Benilde de Oliveira num registo diferente. E compreende-se que esta obra, apesar da sua curta duração, tenha suscitado inúmeras discussões ao longo de toda a Primavera de 74, como se o silêncio ao qual estavam confinados os loucos tivesse um valor de metonímia para todo um povo e devesse ser compensado por uma libertação geral da palavra.


Após uma fotografia de Jaime, e um plano sobre as suas notas, o filme abre-se no pátio circular do Hospital Miguel Bombarda, em Lisboa. Estes planos utilizam efeitos de íris que, mais do que um processo do cinema mudo, evocam uma visão através de um óculo de alcance ou de um buraco de fechadura. As poucas silhuetas pressentidas, apanhadas na sua inacção ou na repetição de gestos simples, parecem remeter para um universo carcerário. Se a entrada no asilo se faz por arrombamento, a inteligência do cineasta reside na escolha de não associar a obsessão de um olhar e o carácter espectacular do que é mostrado. Vemo-lo claramente nesse plano onde as sombras imóveis de três pacientes são projectadas sobre uma parede, enquanto um médico de bata branca atravessa o espaço em diagonal. Não se trata de descrever, nem de denunciar, mas de recolher e de produzir um conjunto de signos com carácter fragmentário assumido. Nessas imagens em parte encobertas, nesses corpos filmados à distância, ou nessas sombras, inscreve-se a dimensão de vestígio do filme. Dessa maneira, emergem os magros rastos da vida de Jaime no seio da instituição asilar, como outros tantos retalhos da grande História.


O filme é pontuado regularmente por imagens mostrando a escrita de Jaime e as suas fórmulas opacas, pelos seus desenhos (personagens, animais), ou ainda por documentos que emanam da instituição médica (notas, gráficos), diversas marcas dessa existência de clausura. Uma fórmula anotada por Jaime é particularmente tocante: “morrereis como estes retratos” – logo depois, Reis mostra detalhes de um desenho, um animal (difícil de identificar) levado pela trela por um personagem. Estariam as imagens, elas próprias, condenadas à morte? O risco existe e toda a obra de Reis está assombrada pela angústia de ver desaparecer o que foi gravado pela câmara, mas o filme não coloca a morte como uma paragem definitiva: “oito vezes Jaime já foi morto aqui” adianta um outro fragmento de texto. A morte torna possível o renascimento como indica uma das sequências mais impressionantes do filme: filmado de costas, um homem vestido com uma capa de cores faz um gesto com a mão em direcção a uma porta do asilo enquadrada por dois pacientes deitados. Essa benção profana, quase tão miraculosa como a de Johannes em A Palavra [Carl T. Dreyer, 1955], faz abrir a porta do edifício e, após um raccord no eixo, um médico sai, precipitando-se então a câmara através da abertura para conduzir a uma banheira, que passa a ocupar todo o plano.


Reis não se contenta com a imagem, apesar de tudo muito atraente, deste lugar de cura e de tortura. Ele associa a esta imagem o som do vento e, sempre com esse mesmo som, faz o encadeamento com planos de uma barca, depois de uma torrente. Neste fragmento, vemos como a dimensão política (fazer justiça ao que se manteve na noite da clausura) é utilizada juntamente com um princípio de movimento poético: o vento que reforçava o aspecto desértico do asilo acompanha o fluxo da corrente, a banheira transforma-se em embarcação, etc.. Não se trata de uma estrita equivalência, mas sim de um princípio de encadeamento que se encontra frequentemente no filme, seja pelo parentesco das formas (por exemplo, um pouco mais adiante, uma panorâmica sobre uma colina e depois sobre um cavalo) ou pelo choque de elementos (especialmente a dissociação entre som e imagem). Reis e Cordeiro dão assim a experimentar uma sensação de co-dependência dos diferentes elementos filmados.


Este último ponto permite atenuar uma interpretação frequente que considera Jaime como um meio de encontrar, através de um certo número de artifícios, a subjectividade de um alienado. Se, por um lado, essa leitura se justifica, nela falta todavia um elemento essencial: tudo aponta no filme para a recusa de uma fronteira entre objectividade e subjectividade – como entre normalidade/ anormalidade – o que faz com que a identificação de um ponto de vista, ainda que delirante, se torne problemática. Trata-se de operar a passagem do ponto de vista à visão, para tornar sensível essa co-dependência dos dois elementos separados pela experiência quotidiana. Assim, um outro olhar é frequentemente lançado sobre as coisas do mundo e não apenas sobre o asilo. Vemo-lo, por exemplo, nos planos filmados num interior sombrio (sem dúvida a casa da esposa de Jaime), onde a câmara se demora sobre réstias de cebolas, um monte de espigas de milho, ou uma pipa de vinho. Estas coisas vulgares tornam-se tão estranhas como as maçãs artificiais de tamanho desproporcionado ou a cabra imóvel num palheiro (o do asilo ou o da casa de família?). E poderíamos continuar ainda a enumerar outras imagens: o curso de um ribeiro, um campo de flores atravessado por uma câmara que enlouquece, uma tigela vazia poisada sobre uma mesa; tantos planos que ficam fortemente impregnados na memória devido à sua estranheza, e à sua quase novidade.


Numa entrevista feita por João César Monteiro no momento da estreia do filme, Reis compara as criações de Jaime às do fauvismo e do expressionismo - apesar dele não ser contemporâneo destes dois movimentos pictóricos - afirmando: “o seu tempo histórico e psicológico era outro.” Evidentemente, esta observação remete para a arte de um cineasta que se quis sempre “excentrado” e cujo lado inactual convida à redescoberta.


Mais ainda, parece-me que a herança de António Reis e de Margarida Cordeiro mereceria finalmente ser assumida. Seguindo este exemplo maior, os realizadores de documentário não deveriam renunciar à dimensão poética da sua arte. Poderiam autorizar-se uma força visionária, não se contentando com uma atitude de aceitação ou de denúncia do que existe. Isto, em suma, para seguir o programa de Foucault que comecei por usar para descrever a sua afinidade com Jaime: “fazer aparecer o que não aparece – não pode ou não deve aparecer: dizer os últimos níveis, os mais ténues do real.” •


Referências:

Anabela Moutinho e Maria da Graça Lobo (org.), António Reis e Margarida Cordeiro – A poesia da terra, Cineclube de Faro, 1997. [Uma obra de referência de grande qualidade]



ANTÓNIO REIS
António Reis (1927-1991) chega ao cinema nos anos 60, quando já exercia actividade como pintor e poeta. Após curtas-metragens documentários, chama a atenção para o seu trabalho com Jaime (1974), a que se seguiram três longas-metragens (Trás-os-Montes, Ana e Rosa de Areia), realizadas com a sua mulher Margarida Cordeiro. As suas obras, oscilando entre o ensaio e o poema, são consagradas à cultura popular de Trás-os-Montes. Reis foi igualmente um grande pedagogo que formou a nova geração de cineastas portugueses na Escola Superior de Teatro e Cinema.

MATHIAS LAVIN
Mathias Lavin, doutor em cinema pela universidade Paris III (tese consagrada à obra de Manoel de Oliveira), lecciona Estética e História do Cinema (Lyon II e Paris III). Autor de diversos artigos, nomeadamente para as revistas Trafic, Cinergon, Vertigo; chefe co-redactor da revista de literatura Action Restreinte.

Hoje é o lançamento de mais um número da Docs.pt, a única revista dedicada ao documentário

Vai ser lançado hoje no Museu do Chiado pelas 18h30 mais um número da revista Docs.pt, a única publicação do género dedicada ao cinema documental.
Trata-se desta vez de um número temático sobre a «Arte do Cinema – a hipótese cinema no campo das artes»


Com esta edição temática, a docs.pt intenta abrir um campo de reflexão e de partilha teórica sobre a relação entre cinema e arte, sobre correspondências e ressonâncias entre diversas práticas e processos de criação. Privilegiando a dimensão do encontro e a forma dialógica, procurámos convocar autores e ensaístas oriundos das diversas áreas e desdobrar o pensamento em torno do cinema, das suas migrações no campo das artes e da sua mise en espace, do documentário sobre as artes e os seus dispositivos.


Será projectado o documentário "Le Centre Georges Pompidou" de Roberto Rossellini, com a presença do produtor Jacques Grandclaude, no contexto da exposição Centro Pompidou Novos Media 1965-2003


A docs.pt é a única publicação portuguesa dedicada ao cinema documental e uma das poucas existentes na Europa. Bilingue – em Português e em Inglês -, e editada duas vezes por ano (em Junho e em Outubro), a docs.pt foi criada para servir de veículo de promoção e de difusão da cultura cinematográfica portuguesa, dos seus autores, obras e realidades.
A docs.pt assume-se como uma proposta alternativa para todos os que se interessam pelos documentário contemporâneo.


Tem como objectivos divulgar o cinema documental e levar os filmes a um público cada vez mais alargado, constituir um acervo escrito da evolução e do crescimento deste género em Portugal e criar condições para um espaço crítico onde se pense e debata o cinema e as suas linguagens.
Assim, num âmbito mais restrito, a docs.pt responde às necessidades de um conjunto de profissionais e de estudantes das áreas do cinema, audiovisual, comunicação, artes, e ciências sociais, que, tendo já encontrado espaços e momentos de visibilidade das obras documentais, pode encontrar nesta publicação um campo de reflexão mais aprofundado.
A docs.pt quer ser uma janela para outras realidades, um veículo de aprofundamento e de interligação das várias práticas do cinema e do cinema Documental, confrontando-as com cinematografias estrangeiras, segmentos das artes visuais e performativas, estimulando uma convivência com outras áreas e pessoas de formação diversa.
Editada pela Apordoc – Associação pelo Documentário, a docs.pt enquadra-se na linha de acção da organização, empenhada em contribuir para a criação e para o desenvolvimento de uma cultura do cinema documental em Portugal.
Uma das particularidades da docs.pt é ter partido de uma pluralidade de ideias e formas de expressão. Por essa razão, apostou numa direcção editorial organizada num conselho ou fórum de “consulta”, onde são elaboradas e discutidas as opções editoriais de cada número. Este conselho editorial é composto por um grupo de realizadores, produtores, programadores, professores e jornalistas.

EQUIPA
Direcção: Caroline Barraud
Direcção editorial (número especial / Dez. 2007): Luciana Fina
Coordenação de redacção e edição: Miguel Coelho
Revisão: Cátia Salgueiro, Raquel Schefer
Tradução inglesa: Kevin Rose, Mark Cain, Claudia Buonaiuto
Tradução portuguesa: Maura Lemos, Paola d´Agostino
Conselho editorial: Ana Isabel Strindberg, Caroline Barraud, Cátia Salgueiro, Clémentine Mourão-Ferreira, Luciana Fina, Miguel Coelho, Susana de Sousa Dias, Susana Martins
Publicidade e distribuição: Margarida Ventosa
Assinaturas: Nina Ramos
Tratamento de imagem: Pedro Silva
Produção gráfica: João Costa
Design: Miss Sushie


CONTACTOS
Redacção: docsptred@gmail.com
Publicidade e distribuição: docs.ptpub@gmail.com
Assinaturas e vendas: apordoc@sapo.pt
http://www.apordoc.org/index.htm?no=2020001230

http://www.apordoc.org/index.htm

Em Coimbra a Escola da Noite tem em cena «Na estrada Real» de Tchékhov até 23 de Dez.



A Escola da Noite está a apresentar, no mês de Dezembro, o espectáculo "Na Estrada Real [um estudo dramático]", de Anton Tchékhov, com encenação de António Augusto Barros.

O espectáculo, que estreou a 19 de Outubro e teve uma curta temporada (14 espectáculos], vai estar em cena entre 13 e 23 de Dezembro, de terça a sábado às 21h30 e aos domingos às 16h, na Oficina Municipal do Teatro.

Em "Na Estrada Real" — um exercício de escrita a partir da forma do melodrama —, Tchékhov propõe uma curiosa e (ainda hoje) perturbante inversão dos termos normalmente associados a este género teatral, particularmente popular na Europa do final do século XIX. Evitando conscientemente, e com grande mestria, o facilitismo panfletário ou moralista, bem como o final feliz que hoje associamos a certos tipos de entretenimento cinematográfico ou televisivo, Tchékhov (e, com ele, A Escola da Noite) convida os espectadores a entrar na taberna de beira de estrada onde Tíkhon, seu proprietário, alberga peregrinos, trabalhadores fabris, vagabundos e fidalgos. E porque o mundo, a vida e o ser humano são sempre mais complexos do que a forma como conseguimos representá-los, recusa fornecer-nos as conclusões, desafiando cada um de nós a terminar uma história aparentemente inacabada.
Em "Na Estrada Real" — um exercício de escrita a partir da forma do melodrama —, Tchékhov propõe uma curiosa e (ainda hoje) perturbante inversão dos termos normalmente associados a este género teatral, particularmente popular na Europa do final do século XIX. Evitando conscientemente, e com grande mestria, o facilitismo panfletário ou moralista, bem como o final feliz que hoje associamos a certos tipos de entretenimento cinematográfico ou televisivo, Tchékhov (e, com ele, A Escola da Noite) convida os espectadores a entrar na taberna de beira de estrada onde Tíkhon, seu proprietário, alberga peregrinos, trabalhadores fabris, vagabundos e fidalgos. E porque o mundo, a vida e o ser humano são sempre mais complexos do que a forma como conseguimos representá-los, recusa fornecer-nos as conclusões, desafiando cada um de nós a terminar uma história aparentemente inacabada.

de 13 a 23 de Dezembro
de terça a sábado, às 21h30, domingos, às 16h00
Oficina Municipal do Teatro, Coimbra
espectáculo para maiores de 12 bilhetes entre 6 e 10 Euros
reservas telf 239 718 238, 966 302 488


um estudo dramático em um acto de Anton Tchékhov

tradução do original russo António Pescada
encenação António Augusto Barros
elenco António Jorge, Eduardo Dias, Eduardo Gama, Maria João Robalo, Miguel Magalhães, Ricardo Kalash, Rui Valente, Sofia Lobo, Sílvia Brito e Valdemar Cruz



A Escola da Noite
Rua Pedro Nunes, Oficina Municipal do Teatro
3030-199 COIMBRA

www.aescoladanoite.pt

tel. 239 718 238 fax 239 703 761
tlm. 965 659 792




A Escola da Noite apresenta Tchékhov em sessão especial para Russos


O espectáculo de domingo, 23 de Dezembro, a apresentar pelas 16h, inicialmente divulgado para o público em geral, vai ser apresentado em exclusivo para os cidadãos russófonos, numa colaboração entre a companhia e a Embaixada da Federação da Rússia. Uma maneira curiosa de terminar um ano de trabalho d'A Escola da Noite em torno da obra teatral do escrito russo: recordamos que "Na Estrada Real" é o terceiro e último espectáculo do ciclo dedicado ao dramaturgo russo que tem ocupado a companhia desde o início do ano, depois do exercício-espectáculo "A Boda" e do muito elogiado "Tchékhov e a Arte Menor", que incluía a representação de seis peças em um acto deste autor.


Espectáculo de TEATRO
23 de Dezembro DOMINGO 15h

Oficina Municipal do Teatro Coimbra
“NA ESTRADA REAL”
peça de Anton Tchékhov por A ESCOLA DA NOITE
Sessão especial para cidadãos russófonos
Entrada gratuita com marcação antecipada obrigatória pelo telefone 239718238 ou telemóvel 966302488 [lotação limitada]
Organização: Embaixada da Federação da Rússia


Вечер Русской Культуры
В воскресенье 23 декабря 2007 года в 15.00
в помещении Муниципальной театральной мастерской города Коимбры состоится спектакль
театра "Escola da Noite", поставленного по пьесе А.П. Чехова «На большой дороге».
Специальное представление для русскоязычных граждан
Вход свободный. Предварительная запись по телефонам: 239 718238 или 96 6302488
[количество мест ограничено].
Организатор мероприятия: Посольство Российской Федерации.

Conversa-debate sobre o livro de Chomsky, A Democracia e os Mercados na nova ordem mundial,no café-livraria Gato Vadio (22 de Dez., Sábado, às 22h,)