30.4.07

Todos ao 1º de Maio de luta e de festa

Últimas notícias: depois de um ataque externo que o suspendeu durante um dia e meio o Indymedia Portugal já está novamente online.
Apareceu, entretanto,
um blogue - CravadonoCarmo - para denunciar a ilegal e violenta repressão policial que se abateu no Chiado no passado dia 25 contra antifascistas e simples transeuntes.

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TODOS AO 1ª de MAIO - dia mundial de luta dos trabalhadores pelo reconhecimento da sua dignidade e pela emancipação social face à exploração de que são vítimas do Capital na sua ânsia de lucro e de dominação sobre os mais fracos.


Indicam-se a seguir alguns sites do MayDay, uma forma de dar visibilidade aos trabalhadores (as) precários(as):

http://euromayday.org/

http://theagitator.wordpress.com/

http://precarity-map.net/

http://www.maydaymadrid.org/

http://maydayberlin.blogsport.de/


Convocatória para o MayDay-2007 em Berlim



Memória Histórica
O 1º de Maio de 1974 no Porto





29.4.07

Os mileuristas - a geração encalhada nos recibos verdes, contratos a prazo e na precariedade


E isto o que é?
-É o principal quarto da casa!
*

CONTINUANDO AS COISAS COMO ESTÃO
NUNCA IRÁS TER UMA CASA NA PUTA DA VIDA


texto de Francisco Vaz Fernandes
retirado da revista gratuita Difmag

sobre o livro
«Mileuristas», de Espido Freire, ed. Ariel sem tradução
para português.


Estava, em Janeiro, no aeroporto de Barcelona, quando um livro me despertou a curiosidade. Intitulava-se «Los Mileuristas» e era escrito por Espido Freire. Trata-se do retrato de uma geração espanhola que considera ter a melhor formação, ou seja, que estudou em universidades mas vive numa situação precária de emprego e não consegue ultrapassar o rendimento de mil euros. É a geração que assumiu que não terá pensões, mas que tem que pagar para que os outros tenham. Assumiu que não terá um trabalho fixo mas trabalha para que alguém tenha. Uma rápida leitura permitiu-me verificar que esta obra é, por extenso, uma descrição de uma realidade da Europa Ocidental, especialmente a dos países do sul com crescimento tardio e recente. Com excepção de alguns casos particulares desta geração espanhola, esta é uma realidade que também nós vivemos em Portugal nos últimos quinze anos. Ou seja, também nós somos mileuristas.


Uma pequena investigação na internet e fiquei a par de que Espido Freire é uma reputada jovem escritora espanhola de origem galega que nasceu no País Basco. Com 25 anos conseguiu o Prémio Planeta, convertendo-se na mais jovem escritora a ganhar um dos prémios mais importantes de Espanha, lançando-a parauma carreira sólida, presa essencialmente à ficção. Por isso ficava a interrogação: por que é que uma escritora com uma carreira já sólida,com livros traduzidos em várias línguas, nomeadamente em português, resolve escrever um livro sobre uma geração encalhada? Acima de tudo porque se considera uma mileurista, vítima de uma parte da sociedade no poder (a dos seus pais) que os tornou eternos adolescentes, acomodados aos mimos que já têm, e sem qualquer consciência de grupo. Este livro não é uma apelo a qualquer revolução, longe disso, é mais uma consciencialização e autocrítica à sua/nossa própria geração, com o objectivo de provocar perspectivas de mudança. A própria
autora escreve na introdução do livro que a expressão mileuristas não foi propriamente inventada por ela, que a encontrou pela primeira vez em 2002 no jornal «El País» numa carta
aberta ao jornal escrita por uma rapariga chamadaCarolina Alguacil. Era uma carta extensa de uma jovem que expunha a sua vida, referindo que tentava fazer carreira na área da publicidade, mas que ganhava menos de mil euros por mês, que não podia deixar a casa dos
seus pais, e que se o fizesse teria que compartir apartamento com vários amigos. Tinha tirado uma licenciatura e um mestrado, falava idiomas, conhecia informática e tinha carta de condução. Tinha tudo o que a sociedade lhe tinha explicado como necessário para triunfar na vida. No entanto, nem sequer tinha estabilidade económica suficiente para pensar em ter uma família. Ela considerava-se uma mileurista e terminava com uma piada, escrevendo,
“tem sido divertido viver assim, porque
vivemos como eternos adolescentes, porque
usufruímos de muito tempo de lazer, porque
fomos mimados, protegidos e crescemos com
televisão e com mil comodidades. No entanto,
já cansa”.


A expressão mileuristas marcou tanto a escritora como uma geração inteira com os mesmos problemas, que difundiu largamente a carta através da net. No entanto, a resolução de escrever o livro não foi propriamente um acto compulsivo para Espido Freire, que só surgiu 4 anos depois por considerar que toda uma geração, que era a dela, estava cansada de ter a sensação de que se passaram vários anos depois desta carta e que nada tinha mudado ou estivesse em vias de mudar. Já uma palavra definia o fenómeno –mileuristas - e Espido Freire tinha um ponto de partida.
Apenas tinha que se identificar como mais uma dentro desta geração e auto analisar-se.Depois foi uma questão de alargar a análise empírica aos amigos, aos amigos dos amigos, aos colegas de trabalho, conhecidos de ocasião e estabelecer uma reflexão, um juízo de autocrítica e sobretudo descobrir os mitos e a sua veracidade. Foi assim que nasceu os «Mileuristas» de Espido Freire, um grande sucesso editorial, com uma repercussão enorme dentro da sociedade que faz com que hoje não possa responder aos milhares de emails que recebe e aos muitos convites para conferências sobre o tema. Para Espido Freire os mileuristas são uma geração entre os vinte e tal anos e os trinta e muitos. São pessoas que nasceram durante a democracia espanhola e que sempre tiveram oportunidade de escolha. É a geração das actividades extra escolares, os que tiveram oportunidade de ir ao karate, ao inglês e a catequese, mas também à informática.
Uma geração que viajou, que fez o inter-rail e que muitas vezes estudou com uma bolsa num
país estrangeiro. São consumistas, porque lhes ensinaram a ser. Eram filhos de pais jovensentre os anos 60 a 80, que viveram as transições políticas espanholas dos anos 80 e que a escritora denomina de geração babyboom. É a geração que serve, durante todo livro, de paralelo para a análise comportamental dos mileuristas.

Segundo a escritora, a geração do Babyboom são os babybuilders, provenientes de famílias numerosas, uma geração que lutou por muitos dos seus direitos nomeadamente o direito dos jovens, saltando rapidamente para o poder. Construíram oportunidades e usufruem de garantias do Estado, dadas em anos de grande utopias. Foi uma geração que conseguiu comprar uma segunda casa para passar férias e que ambicionou que os filhos tivessem
ainda uma vida melhor. Para eles ter um filho advogado, médico, engenheiro, arquitecto
era uma garantia de sobrevivência. Por isso não lhes pediram outra coisa senão que estudassem e fossem para a universidade. Nós, os mileuristas, herdámos em parte as ânsias desses pais e apenas quisemos estudar para garantir um emprego e uma casa. Conseguimo-lo
com o esforço dos nossos pais e o nosso. Mas quando chegámos à universidade rapidamente
nos demos conta que éramos já demasiados. A própria Espido Freire refere que, quando em
1992 se matriculou em Direito na Universidade Privada de Deusto em Bilbau, só no primeiro
ano do seu curso havia 1200 estudantes. Com tantos licenciados não havia empregos compatíveis para as suas aptidões. Em parte, isso explica os contratos precários um pouco por
toda a Europa e a sua versão portuguesa de recibos verdes, que é muito mais vergonhosa e
intolerante. Sem emprego, muitos de nós ainda optamos em apostar em mais formação, fi-
zemos mestrados e mesmo doutoramentos, alguns através de bolsas pagas pelo governo e ajudas da comunidade europeia. Contudo, não sabíamos que, dez anos mais tarde continuaríamos sendo bolseiros. Em geral, ninguém podia ter percebido que a sociedade tinha mudado e que tinha deixado para trás toda uma geração sem saber muito bem como nem quando.
E como vivemos nós os mileuristas? Num traço rápido, pegando nas próprias descrições
que Espido Freire faz no livro, vivemos como miúdos porque fomos educados como miúdos.
Continuam a ser tratados como miúdos e como tal não nos são dadas nem assumidas responsabilidades. Não fomos educados para poupar. Fomos, aliás, educados para gastar e para viver o momento. Fomos a primeira geração que viveu a invasão do consumismo norte-americano, a primeira geração que podia passar o seu aniversário com os amigos no McDonalds ou no chinês. Fomos a geração que teve uma mesada aos domingos, inclusivé dobrada quando tínhamos país divorciados. Portanto, não tínhamos muito dinheiro, mas tínhamos sempre algum para gastar. Vivemos a chegada da Zara e da Mango, que nos permitiu renovar constantemente o guarda roupa. Somos portanto uma geração sem trabalho assegurado (em geral pouco remunerado) e sem qualquer capacidade de poupar. Com vinte e tal anos continuam a viver em casa dos pais e sem planos para sair. Gostamos de sair á noite porque esta é uma das gratificações imediatas a que estamos habituados. Muitos de nós, filhos de famílias divorciadas, encontrávamos nas pândegas com os amigos todo o apoio que não tivemos em casa. Somos a geração que encolheu os ombros e disse - para quê? , porque efectivamente já tínhamos sentido repetidamente que os esforços não servem de nada, e para aqueles que nos poderiam valer não estávamos preparados.
Em geral, o dinheiro não nos interessa demasiado. O que nos interessa na verdade é o tempo livre, as férias, a chamada qualidade de vida. Espido Freire, a determinado momento do livro, prende-se com uma comparação com a geração X nos Estados Unidos, que foi a primeira a ponderar trabalhar em casa, a primeira a ponderar jornadas mais reduzidas de trabalho mesmo ganhando menos dinheiro.
Somos uma geração que viu tanta publicidade, tantas versões invertidas e revertidas do mundo, que curiosamente trocamos o branco pelo negro e não estranhamos. Por isso mesmo somos uma geração cínica. Uma geração de comboiadas que se ri um pouco de tudo, porque vivemos a sensação de que outra coisa não se pode fazer. Esta paródia, esse sentido de humor apenas tentam esconder geralmente um vazio interior. Um vazio por ter perdido todos os referentes: referentes da empresa, os referentes do trabalho, os referentes da família.




Um pequeno video de como vive, trabalha e pensa a nova geração de jovens que, apesar das suas habilitações académicas ( licenciatura, pós-graduações, mestrados, etc, etc) ganham menos de mil euros por mês

Boris Vian por Boris Vian


«Nem militares nem padres porque o meu sonho foi sempre morrer sem intermediários»

«Não quero ganhar a minha vida, já a tenho»


«O paradoxo do trabalho é que no fim de contas trabalhamos apenas para o suprimir»

«Porque é que as cantoras bonitas são sempre casas com o sax tenor da orquestra? E será por isso que toda a gente toca sax tenor?»

«As máquinas de moedas são de diversos tipos: a mais conhecida é a da virgem vestida de santa, na qual se recolhe um pequeno Jesus metendo uma moeda na fenda»



«Amo-te Paris
De um amor extremo
Mas nos campos Elísios
Não há urinóis púbicos
E uma pessoa sente-se martirizada»



Boris Vian era trompetista, boxeur ferreno, engenheiro metarlúgico, crítico de jazz, cardíaco precoce, inventor, cantor esgrouviado e cabriola, patafísico, autor de policiais enquanto Vernon Sullivan, perseguido, condenado por injúrias, afamado de mulherengo, mal-afamadi de pederasta e de cobra-cuspideira, escreveu livros bons para a puberdade, foi sniper-provocador e pai do non-sense mais abastardado, provavelmente guru dos Monty Pynton e autor de obras como As Formigas, Morte aos Feios ou A Espuma dos Dias.

No livro Boris Vian por Boris Vian, uma colectânea de greatest-hits, tudo entra ao barulho e tocam-se toda a espécie de temas: as mulheres, deus, a arte, o jazz, p boxe, a imprensa, a crítica.

Se gosta de aforismo da Agustina Bessa-Luís não pegue neste livro.

Boris Vian era tudo isto. Quase sempre. E quase nunca. Em algazarra total. Boris Vian era Boris Vian.


Boris Vian por Boris Vian é uma recolha de excertos retirados da sua multifacetada obra com a tradução de Sarah Adamopoulos e editado em 2006 pela Fenda.

O preço do editor é de 12 euros e o preço vadio ( isto é, na Livraria Gato Vadio) é de 10 euros.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Boris_Vian




Breve biografia

Boris Vian nasceu em Ville d'Avray, em 1920. Aos 8 anos, lia Corneille, Racine, Molière e Maupassant. Aos 12, sofreu de complicações cardíacas. Era um boémio: festas-surpresa, altas-velocidades e trocadilhos em rima eram os passatempos. Interessou-se por jazz e em 1937 entrou no Hot Club de França (tocava trompete).


Engenheiro mecânicoEstudou engenharia mecânica. Em 1942 começou a trabalhar na fábrica AFNOR. Entrou em conflito com a administração por estar sempre a corrigir erros ortográficos dos superiores. Publicou os primeiros escritos sob os pseudónimos Bison Ravi e Hugo Hachebuisson em 1944-45. Escreveu "Vercoquin et le plancton" (publicado em 1947) para onde transfere o clima de absurdo organizacional da fábrica. Foi despedido em 1946. O livro fê-lo conhecer Raymond Queneau, escritor, na altura editor da Gallimard. Começou a trabalhar na Office du Papier.


Escritor apaixonado por jazzEscreveu em três meses "A Espuma dos dias", com que concorreu ao prémio da Pléiade, que não recebeu, apesar dos apoios de Queneau, Beauvoir e Sartre, com quem convivia. Escreveu em 1946 "Chronique du menteur" em vários números do "Temps Modernes". Publicou também "J'irai cracher sur vos tombes" sob pseudónimo de Vernon Sullivan, um "best-seller" censurado em 1949. Trabalhou na orquestra de jazz de Claude Abadie. Foi também trompetista e animador no bar "Le Tabou" em Saint-Germain, onde se reuniam artistas. Escreveu "L'Equarrissage pour tous", que adaptou para teatro: um fracasso. Em 1948 conheceu Duke Ellington, de visita a Paris. As edições Toutain publicaram "A erva vermelha" (1950), recusado pela Gallimard.


"Matador"...Foi nomeado "matador de primeira classe" no Colégio dos Patafísicos. A Patafísica é a ciência das soluções imaginárias: a missão era "explorar os campos negligenciados pela física e metafísica". O grupo tinha um pai espiritual (Alfred Jarry, escritor, morreu em 1907) e reunia o barão Mollé (amigo de Jarry e de Apollinaire), Michel Leiris, Ionesco, Henri Robillot, Pascal Pic, Jacques Prévert.


...e "déspota"Dias antes de morrer, deu uma festa na "varanda dos três déspotas" - Vian, Prévert e Ergé - em honra do barão Mollé, recém-eleito curador dos Patafísicos. Foi a mais bela reunião, o apogeu do grupo, com Henri Salvador, Noël Arnaud, Pierre Kast ou René Clair. O "déspota" Latis pronunciou o elogio fúnebre de Vian, que sofria já de complicações cardíacas. "Morrerei antes dos 40", disse. Os médicos obrigaram-no a deixar o trompete. Morreu de ataque cardíaco, em 1959. Tinha 39 anos

28.4.07

Gato Vadio - café-livraria no centro do Porto


Abriu recentemente no Porto uma nova livraria sob o formato de café-bar+livraria+atelier de design+ casa d'ócio

O novo espaço situa-se na Rua do Rosário 281 e está aberto das 11h. até à meia-noite.

O ambiente interior é simpático e acolhedor, e convidativo para dois dedos de conversa.A música condiz com o espaço

Todas boas razões para merecer uma visita.

Parabéns ao Júlio e à Maia, um português e uma jovem polaca que se aventuraram neste projecto.

27.4.07

O Precariado rebela-se - MayDay em Lisboa


http://2007mayday.wordpress.com/

O PRECARIADO REBELA-SE


* No primeiro de Maio, que é o feriado mundial dos trabalhadores, realizam-se por toda a Europa as paradas MayDay. Essas iniciativas são manifestações de visibilidade do trabalho sem voz: os precários de todo o tipo.* A primeira parada MayDay de Lisboa é uma festa rebelde que junta operadores de call center, imigrantes, bolseiros, intermitentes do espectáculo e do audiovisual,estagiários, desempregados e contratados a prazo, estudantes- (já/ainda/quase) -trabalhadores, etc…


* A precariedade invade todas as áreas da vida e é mais completa entre os mais novos. Sair de casa dos pais, aguentar uma renda ou um empréstimo, são coisas simples que se transformam em grandes riscos. O trabalho precário nem sempre é pago. É quase sempre mal pago. O patrão que emprega raramente é o que contrata: as empresas de trabalho temporáriomultiplicam-se, crescem e exibem lucros milionários. Nelas, o salário é mais curto, o contrato pode acabar sem aviso e nem sempre deixando subsídio de desemprego.


* No MayDay, desfilaremos contra a exploração, contra o emagrecimento dos apoios sociais e à habitação, pelo direito a trabalhar sem chantagem e a um mínimo de independência e conforto. Ninguém quer passar o resto da vida a pensar como pagar a próxima conta e a fazer malabarismos com três trabalhos precários.


Precárias e precários, todos ao MAYDAY!


MayDay!! :: MayDay2007!! :: 1º Maio ::


Parada Mayday - Alameda D.Afonso Henriques
Pic-nic às 13h.

Partida às 14h. em direcção à Pr. Alvalade
Participação na manif cgtp, do inatel à cidade universitária




A EUROPA DA PRECARIEDADE


Os números das estatísticas estão aí para o provar: em Portugal, juventude rima com precariedade. O trabalho descartável, com contrato não permanente, é o dia-a-dia de um terço dos jovens portugueses, que por sua vez representam dois terços do universo de precários de todas as idades.
Naturalmente, nada disto seria possível sem o encorajamento dos sucessivos governos às medidas de desregulamentação dos direitos dos trabalhadores e da prioridade à contratação individual que aumenta a desigualdade na relação entre empregador e empregado. A degradação das condições de trabalho torna-se por isso evidente em quase todos os casos: do jovem investigador científico que é obrigado a passar por eterno bolseiro - porque assim a entidade patronal pode contornar melhor o congelamento de contratações nos quadros, sem lhe dar um vínculo laboral e o consequente acesso aos direitos básicos - ao jovem trabalhador ferroviário que hoje é contratado sem ter acesso aos direitos dos que trabalham na mesma empresa, e até chega a pagar do próprio bolso o bilhete de comboio para ir trabalhar.

A precariedade à portuguesa tem no recibo verde um dos seus instrumentos mais irónicos. O trabalhador sem contrato nem direitos, que cumpre horário e assume um lugar de trabalho necessário e permanente na empresa, é pomposamente tratado (pelo mesmo Estado que permite este atropelo à sua dignidade) como um empresário em nome individual que presta os seus serviços a um cliente. E este é na maior parte das vezes um cliente muito especial, nem tanto por ser o único, mas por ser o seu patrão, o mesmo patrão que se recusa a descontar para a segurança social e a conferir direitos ao trabalhador, aqui “prestador de serviços” descartável num piscar de olhos quando for preciso.

O falso recibo verde é filho da flexibilidade laboral que o bloco central apadrinhou, com o seu ponto alto no código Bagão que Sócrates se recusa a revogar. E é a sina de muitos destes jovens trabalhadores precários, muitos deles obrigados a confrontarem-se também com as imposições das Empresas de Trabalho Temporário (ETT’s), autênticas sanguessugas dos salários já de si magros que se praticam por cá, uma situação tanto mais escandalosa por ser protegida legalmente.

No que respeita ao futuro, não há grandes razões para sorrir. A flexigurança proposta no auto-intitulado “Livro Verde” da UE (que na verdade é um documento de 17 páginas), e que Cavaco e Sócrates pretendem vir a aplicar por cá, pode ter efeitos devastadores, tendo em conta o incipiente regime de protecção social português. Importar a flexibilidade dos despedimentos é uma reivindicação antiga dos patrões, avessos a conquistas sociais como a da negociação colectiva.
É por tudo isto que no próximo 1º de Maio, muitos jovens precários, sindicalizados ou não, vão trazer pela primeira vez a Portugal a contestação em forma de festa, criatividade e resistência. É o MayDay, quando o precariado sai à rua.


Texto de Luís Branco


Segunda 30 Abril

FESTA MAYDAY CONTRA A PRECARIEDADE

o primeiro de maio começa às zero horas.
A partir das 22H, na Karnart
Rua da escola de veterinária, junto ao Liceu Camões (Metro Picoas)
DJs, VJs, Personal Trainers para a Manif, etc
Entrada - 3 euros




«Mortos da vala comum, ocupem os jazigos»

28 de Abril de 1974 - primeira ocupação popular de casas devolutas


Mortos da Vala Comum Ocupem os Jazigos”
Sábado, 28 abril,

entrada livre

Casa Viva - Praça do Marquês, 167 - Porto



21h30 – Concerto Diana :: Pedro
Não fazer canções para mais tarde recordar. Não fazer canções para decorar panteões. Não fazer canções para o lucro dos patrões. Não fazer canções para entreter coronéis. Não fazer canções para casar com anéis. Não fazer canções para enfeitar papéis. Não fazer canções para pedir perdões. Não fazer canções para a morte cantar. Fazer limões oh limões.
http://www.myspace.com/sethmaldito


22h30 – Debate - "Cultura: basta de cereja, que é feito do bolo?"
com Eduarda Dionísio e João Teixeira Lopes




http://casa-viva.blogspot.com/

Grupo de leitura da maria


1º encontro para nos conhecermos, combinar leituras e formas de as partilhar.
no espaço Maria vai com as outras (R. do Almada, Porto)

niketche, uma história de poligamia
paulina chiziane


Domingo, 29 de abril, 16h00
porque os domingos têm horas que dão livros.

Festival Sons e Ruralidades (Vimioso, 27 a 30 de Abril)

www.aldeia.org/portal/PT/27/EID/41/DETID/1/default.aspx
http://www.aepga.pt/portal/PT/111/default.aspx


Em três dias de actividades pretende-se alcançar a fusão entre a Natureza e a Ruralidade através da expressão artística conferida pela Música Tradicional, inserida no contexto etnográfico e ambiental que a vai criando e inovando ao longo dos tempos. Durante o dia serão realizados oficinas, de construção de instrumentos musicais com materiais naturais direccionada para crianças; de danças tradicionais portuguesas, danças europeias, pauliteiros e de aprendizagem de interpretação de instrumentos musicais tradicionais assim como palestras e tertúlias sobre etnografia e antropologia relacionadas com a música tradicional - as suas origens, evolução, contextos e especificidades regionais; e concertos musicais.
O festival visa a uma passagem directa daquilo que são musicas tradicionais e técnicas instrumentais, contidas nos repertórios com influência nos autores ancestrais do mundo rural para os musicos mais recentes e publico em geral, de modo a que possam prepetuar a tradição musical e cultural de várias regiões transfronteiriças. Com este projecto pretende-se dinamizar a actividade cultural no interior de Portugal, em particular numa região onde as iniciativas culturais não abundam. Para esse efeito pretende-se testar a eficácia em termos de mudança de comportamentos e conceitos no que respeita à abordagem integrada e multidisciplinar da Diversidade Musical e Cultural, junto dos jovens da região e de outros locais do país, mas também, e principalmente, das comunidades locais no seu conjunto.
Pretende-se desta forma desenvolver e consolidar práticas de interacção com o meio em que o projecto vai ser desenvolvido, com perspectivas de continuidade futura nos anos que se seguem.
ENTRADA LIVRE

Local: Pavilhão Multiusos de Vimioso


SEXTA-FEIRA, 27 de Abril

16:30 - Recepção dos participantes
18:00 - Abertura do Festival

21:30 - Banda Filarmónica de Vimioso

22:30 - Concerto - FOL&AR

Pela noite dentro - Arraial tradicional


SÁBADO, 28 de Abril

11:00 - Abertura do Festival
- Conversas na Taberna
- Oficinas de Danças
- Jogo do Pau

11:00 – 12:30 (local: auditório do pavilhão multi-usos)
Associação Reviravolta
Projecção de mini-filme sobre Comércio Justo
Acção de Sensibilização e Debate sobre Comércio Justo e Consumo Responsável

12:00 – 13:00 (local: espaço de oficinas do pavilhão multi-usos)
Montesinho Vivo
Atelier/oficina de gravura em metal alusiva a temas do Parque Natural de Montesinho

12:00 – 13:00 (local: espaço de oficinas do pavilhão multi-usos)
Vida Silvestre Ibérica
Atelier/oficina de preparação de Detergente e Sabão Ecológico

12:00 – 13:00 (local: espaço de oficinas do pavilhão multi-usos)
Grupo de Ecologia e Desportos de Aventura (GEDA)
Atelier de Flores de Papel das festas do povo de Campo Maior


14:30 - Palestras
“O Povo que Canta”. Alfredo Tropa (Realizador de "O Povo que Canta")
"Instrumentos Musicais a partir de Ossos de Animais". Carlos Pimenta e Marta Moreno (Instituto Português de Arqueologia, Laboratório de Zoo-Arqueologia)
"Funções Sociais do Museu - o caso específico do Museu da Terra de Miranda". Sérgio Gorjão (Director do Museu de Miranda)
"Oferta Cultural no Interior". Rui Ângelo Araújo (Revista Periférica)

16:30 - Oficinas de Tamborileiros, Percussões e Danças

17:30 – Concerto didáctico de instrumentos tradicionais – Paco Diez
21:30 - Teatro Assombrado - Auto da Burla do Amor

22:30 - Concerto - Uxu Kalhus

Pela noite dentro - Arraial tradicional


DOMINGO, 29 de Abril

10.00 - Feira de Burros

11:00- Jogos tradicionais

11:00 – 13:00 (local: espaço de oficinas do pavilhão multi-usos)
Micoplant
Oficina: Produção de cogumelos em casa
(O cultivo domestico de cogumelos e demonstração de inoculação em troncos)

14:30 - Desfile da Feira de Burros
- Animação com música
- Jogos tradicionais

17:00 – 19:30: Projecção de Filmes (local: auditório do pavilhão multi-usos)

17:00 - 18:30
Grupo de Acção e Intervenção Ambiental (GAIA)
- apresentação da associação e das suas actividades e projectos
- projecção de filmes sobre Transgénicos, seguidos de debate.

18:30 – 19:30
Documentário: “Onze Burros Caem de Estômago Vazio”. Realizador: Tiago Pereira

21:30 - Concerto - La Bazanca (Espanha)

22:30 - Arraial tradicional


SEGUNDA-FEIRA, 30 de Abril

9h30 - Início do Seminário paralelo: "Sociedade do Conhecimento e Novas Tecnologias nas Zonas Rurais - as novas acessibilidades na procura da qualidade de vida"
Ver programa aqui

11:00 - Abertura do Festival
- Conversas na Taberna
- Oficinas de Danças
- Jogo do Pau

10:00 – 12:00
Grupo Lobo
Ateliers de pegadas e origamis para crianças

10:00 – 12:00
Associação Transumancia e Natureza
Passeio pedestre em Vimioso para observação e identificação de aves silvestres pelo canto

16:30 - 20:00 - Palestras e Grupos de Discussão com as Associações convidadas, presentes na Feira-Mostra. (local: auditório do pavilhão multi-usos)

16:30 – Abertura
16:40 – ALDEIA, AEPGA & Palombar
Palestra de apresentação das associações e do seu trabalho de Conservação da Natureza e Desenvolvimento Rural Sustentável.
17:20 – Montesinho Vivo
Palestra sobre as actividades, projectos e produtos da associação
17:40 – Associação dos Amigos do Mindelo para a Defesa do Ambiente (AAMDA)
Palestra sobre as actividades desenvolvidas pela AAMDA
Sessão de apresentação dos Eco-clubes.
18:00 – Grupo de Ecologia e Desportos de Aventura (GEDA)
Palestra sobre o Pedestrianismo como forma de promoção do meio rural
18:00 – 18:20: Pausa
18:20 - Roda Inteira
Apresentação das actividades da associação no âmbito dos temas do Sons e Ruralidades
18:40 - Colher para Semear
Apresentação da associação e mesa-redonda
19:00 - Plataforma Transgénicos Fora
Apresentação da plataforma e mesa-redonda
19:20 - Quatro Cantos
Projecção de filmes de fotografias 360º e de uma visita virtual.
19:40 – Debate
20:00 - Encerramento

16:30 - Oficinas de Tamborileiros, Percussões e Danças

21:30 - Concerto: Las bielhas, ls rapaçs i ls burros
(Cantares Tradicionais com Chuchurumel e vídeo de Tiago Pereira)

Pela noite dentro - Arraial Tradicional


TERÇA-FEIRA, 1 DE MAIO

11:00 - Passeio pedestre em Angueira (aldeia do concelho de Vimioso)

10:00 – 12:00
Associação Transumancia e Natureza
Passeio pedestre em Angueira para observação e identificação de aves silvestres pelo canto

13:00 - Pic-nic Campestre

14:30 - Convivio na aldeia. Festa das Maias

26.4.07

Há 70 anos Guernica era bombardeada pelos aviões fascistas

O célebre quadro de Pablo Picasso, em homenagem às vítimas do bombardeamento aéreo perpetrado pelos aviões fascistas

A pequena povoação de Guernica após o bombardeamento aéreo que marca o início na Históriados bombardeamentos sobre populações civis


Símbolo da barbárie militar, o bombardeamento aéreo, há 70 anos, do pequeno povoado basco de Guernica (Guernika, em euskera, dialeto basco) pela força aérea nazi, em apoio às forças nacional-fascistas do General Franco, acontecimento que inspirou a obra-prima homónima da Picasso, marca a entrada na história militar dos chamados bombardeamentos às populações civis.


No dia 26 de Abril de 1937, o povoado de 6 mil habitantes era bombardeado pelos aviões da Legião Condor da aviação alemã, em apoio às forças nacionalistas do general Francisco Franco, meses após o início da Guerra Civil espanhola (1936-39).


O bombardeamento às cegas, ao cair da tarde, num dia de mercado, provocou incêndios que destruíram três quartos da cidade, e deixou centenas de mortos.


E foi assim que Guernica, base histórica do nacionalismo basco que queria derrubar Franco, se converteu na primeira cidade da História destruída por um ataque aéreo dirigido contra alvos civis.


Dois dias depois, o jornalista inglês George Steer denunciava a "tragédia" de Guernica num célebre artigo publicado na capa do The New York Times, mas que só saiu na página 17 do Times londrino.


Steer descrevia os ataques rasantes dos Junkers e Heinkel alemães que descarregaram sobre Guernica milhares de bombas, a maioria incendiárias, antes de metralhar os moradores que escapavam dos incêndios.


Os nacionalistas acusaram imediatamente as forças republicanas de ter incendiado a cidade, argumento de propaganda durante muito tempo repetido pelos meios de comunicação e círculos conservadores da Europa.


Posteriormente, quando se viram contra a parede, os franquistas atribuíram a responsabilidade pelo massacre aos alemães, que por sua vez afirmavam que só pretendiam bombardear uma ponte e uma fábrica de armas nos arredores de Guernica.


Entretanto, nem a ponte, nem a fábrica foram alcançadas pelas bombas.

Pesquisas históricas, em particular uma extensa investigação feita nos anos 70 pelo jornalista inglês Gordon Thomas, permitiram confirmar que o bombardeio fazia parte de uma "estratégia de terror" idealizada pelos franquistas em parceria com seus aliados nazistas.O general golpista Emilio Mola, que comandava a ofensiva dos fascistas contra os republicanos no norte da Espanha, havia explicado claramente que sua intenção era "arrasar Vizcaya" e terminar rapidamente com a guerra na região.

Pablo Picasso nunca duvidou da origem e magnitude dessa tragédia, que retratou na sua célebre tela de 1937, baptizada com o nome do povoado bombardeado.


"Vocês fizeram isso?", perguntou algum tempo depois, em Paris, o embaixador alemão Otto Abetz ao autor da obra. "Não, foram vocês", respondeu Picasso, que destinou os lucros das exposições de "Guernica" à causa republicana.

Antifascistas foram cercados e violentamente agredidos pela polícia no Chiado no dia em que se celebra a Liberdade!!!


O dia para celebrar a liberdade ( 25 de Abril) foi transformado pela polícia num dia da vergonha ( repressão)


Acerca da repressão policial que se abateu sobre os antifascistas no dia da Liberdade (25 de Abril de 2007)

Ler os textos já publicados neste blogue: aqui; aqui

ATENÇÃO:
Devem ser recolhidas todas as provas da brutalidade policial ( relatórios médicos devem pormenorizados; testemunhas presenciais devem ser contactadas, etc) , isto é, todo o material deve ser preservado para posterior uso em qualquer acção jundicial contra a PSP

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Reproduz-se a seguir mais um
texto retirado daqui:

Da forma da utilização "criativa" da liberdade de expressão.

A "liberdade de expressão"reivindicada pelo PNR é a da intolerância, ódio e violência, como as “perfomances” dos seus apaniguados têm vindo a realizar - nas claques de futebol, como nas "caças" ao imigrante, ao gay ou ao anti-fascista.

Mas, garante da "Liberdadede Expressão", lá substituiu a PSP os "pobres" dos skin-nazis que, - diz quem viu , com cães de combate - ostensivamente vinham a guardar o cartaz do Sr Pinto colocado no Marquês de Pombal, de ovos e outros actos de expressão gráfica do descontentamento por tanta "expressiva” liberdade de violentar quem não pensa como o PNR, os Skin-nazis e grupos afins.

Indignada com os “expressivos” tomates lançados ao cartaz por alguns jovens que não se conformam que os “expressivos entertainers” promovam o ódio racial e a xenofobia, a “Autoridade” fez uso da violência legal para repor “a lei e a ordem” no Marquês.

Claro que não só de tomates se expressa a indignação – aliás, seguindo os conselhos do Sr. Silva, o Mais Alto Magistrado da Nação, na sua oratória no Parlamento na comemoração do 25 de Abril, um jovem, usou gotas de água para expressar-se no “debate de ideias” que o PNR promove diariamente no Marquês.

Logo de imediato dois briosos homens da nossa corporação de Segurança, avançaram para interceptar o “criminoso”que maculou a propriedade privada. Apenas a pressão de jovens e menos jovens, entre os quais o signatário, impediu que um dos agentes passasse à prática a sua “liberdade de expressão” e não fizesse a prometida perfomance, sibilada, como não quer a coisa, ao “meliante”: “parto-te o focinho todo”.

A coisa ficou por aí…mas guardado estava o bocado…

Dando forma à letra do discurso já referido do nosso Mais que Tudo, Sr. Cavaco, cerca de 500 cidadãos, após o cortejo das Comemorações Populares do 25 de Abril, decidiram– vá-se lá saber porquê, neste Dia da Liberdade - expressar livremente a sua opinião num acto colectivo que consistiu em marchar da Praça da Figueira ao Camões, dando a sua parte no debate de ideias que o Capo do PNR pretende levar a cabo.

Tudo bem, liberdade e tal, a coisa lá marchou sem incidentes de cabo a pavio, isto é no percurso escolhido.

Como é natural tudo que começa, tem um meio e um fim, e no fim, bem no fim é que a PSP, “expressivamente” adereçada tipo RoboCop, decidiu dar o seu contributo às comemorações do 25 de Abril numa perfomance dinâmica e pujante. Esperou pacientemente que um grupo dos que marcharam para o Camões descesse a Rua do Carmo, e toca de fazer cair o “Carmo e a Trindade” de forma a “Não Apagar a Memória” da actuação da polícia no 25 de Abril de …73.

Diz quem viu, e eu já não estava lá, que uns Skin-nazis vieram expressar as suas ideias por detrás dos “críticos literários” da PSP. Os que vinham do Camões encetaram a réplica e iniciaram o debate – neste caso, e todos os que ouvi, concordam, a metodologia era apenas verbal.

Mas parece que o debate foi súbita e dinamicamente interrompida pela chegada, simultânea de um lado e do outro do grupo vindo do Camões, dos RoboCops, na característica manobra “perfomativa” conhecida como cerco, com “argumentos” de gestão de debates de ideias conhecidos como bastões, botas cardadas, - utilizadas para expressarem o prazer de serem balanceadas contra os corpos do cercados, - e outros adereços cénicos.

Diz quem viu, que já com skin-nazis a recolherem aos bastidores, a “critica literária” continuou com variantes por toda a Rua do Carmo, Rossio, Praça da Figueira. Resultado. Doze cidadãos levados a conhecer, em “visita cultural”, as instalações da PSP e com “visita de estudo” marcada às celas do Governo Civil e ao Tribunal de Instrução Criminal, dezenas de cidadãos “autografados” nas costas, braços, pernas, cabeças, pelos “garantes”da “Liberdade de Expressão” da Calçada da Ajuda.

Como nota final, a jornalista da SIC que visitou as referidas instalações, ali para os lados da Gomes Freire não foi autorizada, pelo oficial de serviço, a usar a Liberdade de Informar visualmente do ajuntamento de “mais de 3 cidadãos” que pretendiam saber se a “liberdade estava a passar por ali”.

Pelos visto, não estava.

Estou com franca curiosidade de saber o que é que o Sr. Magalhães, Encenador Máximo dos “performers” da “Lei” vai expressar-se sobre este acto de “debate de ideias”. Suspeito, mas é só suspeição, que será qualquer coisa como “Estado de Direito etc e tal”.

A ver vamos.

Um espectador parcial.

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Reprodução de um testemunho pessoal dos acontecimentos que foi retirado daqui:


olá, companheiros. eu tambem fui á manifestação e também fui mimoseado com um bom par de bastonadas pelos caniches do estado.

a primeira parte da manifestação decorreu sem incidentes e os manifestantes (por sinal muitos, que esta manifestação teve a participação de muita gente, o que é de louvar) percorreram todo o caminho da praça da figueira até ao largo de camões sem que ocorressem quaisquer incidentes. depois um grupo começou a sugerir que fossemos até á rua da prata/rua do ouro (onde fica a sede do PNR) manifestarmos-nos. acabámos por ir, ainda que muitos companheiros e companheiras achassem que aquilo era uma parvoice e temessem que as coisas pudessem acabar mal. a única coisa repreensivel que alguns poucos companheiros fizeram foi ir pintando algumas palavras de ordem pelo caminho. não se partiram montras, não se viraram caixotes, nem tão pouco se molestou ou incomodou de modo algum as pessoas que estavam a ver a manifestação (e que se calhar acabaram por também "apanhar" da policia), não se fez nada desse género.

quando descíamos aquela rua frente á FNAC um companheiro vindo de baixo começou a correr e a dizer-nos para mudar de direcção. na altura não percebi do que se tratava mas depois ficou claro: era a bófia que estava lá em baixo. corremos rua acima para encontrar outro grupo de bófias lá em cima e alguns companheiros a protestar que um companheiro tinha sido apanhado sozinho pela policia, que o tinha agredido e detido. depois a policia dispara um very light para o ar (certamente um sinal para iniciar o ataque) e carrega sobre nós. foram disparados ainda mais alguns very lights, tendo um deles caido no meio de um grupo de companheiros que estavam agrupados ao pé do elevador de santa justa. não sei se foi por acidente ou de propósito, mas felizmento (acho) que ninguém ficou ferido. quanto a mim, fui agredido á bastonada nos braços, nas costas e na cabeça. eu e todos fomos forçados á bastonada a descer a rua outra vez. na parte de baixo da rua ainda estava um daqueles estupores (pelo menos só reparei nele e não sei para onde foram os outros policias que estavam em baixo) a tentar "molhar a sopa", por assim dizer e que tentava barrar o caminho ás pessoas que fugiam e dar-lhes batonadas. vi-o a dar uma bastonada nas costas de uma moça que lhe fugiu. dispersamos todos para a avenida com grupos de policias a correr atrás das pessoas. é preciso dizer que não estavam só jovens na manifestação e que também haviam companheiros mais velhos (na casa dos seus 40/50/60 anos) a participar e preocupa-me que essas pessoas também tenham sido agredidas pela policia.

é importante dizer que a policia nunca tentou formar um cordão de segurança ou simplesmente barrar-nos o caminho de uma forma não-violenta para evitar eventuais disturbios: eles pura e simplesmente carregaram sobre nós sem dizer ai nem ui! ordens de cima, certamente.

o comportamento dos mass media também não deixou de ser interessante: esses senhores que registam o menor arroto de mário machado e do seu bando de celerados ficou calado como um rato a respeito da nossa manifestação anti-fascista. uma manifestação com centenas e centenas de pessoas a gritar palavras de ordem contra o fascismo e a xenofobia no dia 25 de abril sofre uma carga policial e os media não registam nada!



Vídeos da Manifestação (de 21 de Abril) em Madrid contra as Mudanças Climáticas

Vídeos da Manifestação (de 21 de Abril) em Madrid contra as Mudanças Climáticas

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Move-te com o planeta!
Vídeo explcativo sobre os efeitos da mobilidade sobre as mudanças climáticas






Acampamento contra as Mudanças Climáticas ( Verão de 2006, na Grã-Bretanha) junto de um dos maiores emissores de CO2 da Europa: a Central térmica de Drax, em Yorkshire. O acampmento prolongou-se por 10 dias e foi um momento privilegiado para a aprendigazem colectiva.


Apresentação do livro «Pornografia erudita« de Valter Hugo Mãe

Sexta-feira, 27 de Abril, às 22 h.
O poeta valter hugo mãe apresenta e lê poemas do seu livro «Pornografia Erudita», edições Cosmorama, no espaço MARIA VAI COM AS OUTRAS [Rua do Almada, 443 - Porto]

Mais info:
http://casadeosso.blogspot.com/
http://cosmorama-edicoes.blogspot.com /

Senado de Vermont (EUA) aprova pedido de destituição de Bush

O Senado do estado norte-americano de Vermont aprovou uma resolução que pede o início do processo de impeachment (destituição) do presidente George W. Bush e de seu vice, Dick Cheney.
A proposta argumenta que as acções de Bush e Cheney no exterior, em especial no Iraque, "estabelecem sérias questões de constitucionalidade, legalidade e abuso da confiança pública". O senador James Leas disse que a resolução "terá um tremendo efeito político na opinião pública acerca do que fazer com o presidente (Bush)".
A votação a favor do impedimento de Bush foi aprovada por 9 votos a favor e 6 contra. Quando questionado sofre a falta de discussão que antecedeu a votação, o parlamentar Peter Shumiln (foto), um dos proponentes da resolução, disse que "nós todos sabemos que não há um presidente dos estados unidos que mereça o impeachment mais do que George Bush".
Vermont é um pequeno Estado da região da Nova Inglaterra e é conhecido por ter um forte predomínio do pensamento liberal e democrata. Os parlamentares de Vermont antes haviam votado uma resolução que pedia a retirada das tropas norte-americanas do Iraque

Seminário no ISCTE sobre «Comunismos: História, Poética, Política e Teoria»

26 de Abril - 17H30
Sessão-debate sobre
Literatura e Comunismo - Walter Benjamin
com António Guerreiro e Manuel Gusmão
Centro de Estudos de História Contemporânea Portuguesa
ISCTE (Lisboa), Auditório B103

Integrado no "Seminário Comunismos: História, Poética, Política e Teoria".
Organização: Centro de Estudos de História Contemporânea Portuguesa do ISCTE
Coordenação: João Arsénio Nunes e José Neves.


Leia mais para ver o programa de todas as sessões

PROGRAMA
[todas as sessões decorrem no ISCTE às 17h30]

26 de Abril
Auditório B103.
Literatura e comunismo - Walter Benjamin.
com António Guerreiro e Manuel Gusmão.

3 de Maio
Sala C402
A Alegria Comunista. Portugal, anos 30.
com Luís Crespo de Andrade.

10 de Maio
Sala C402
"Portugal não é um país pobre": história de uma exclamação comunista.
com José Neves.

17 de Maio
Sala C402.
Americanismo e Comunismo.
com Ruben de Carvalho.

24 de Maio
Sala C402.
Comunismo e sacos de batatas.
com Fernando Oliveira Baptista e Paula Godinho.

31 de Maio
Sala C402.
Comunismo e Guerra Civil de Espanha.
com Daniel Kowalsky.

4 de Junho
Sala a indicar
Música Moderna ou Música Proletária? Os Debates no Meio Musical
Soviético (1917- 1932).
com Manuel Deniz Silva.

14 de Junho
Auditório Afonso de Barros.
Democracia e Revolução: a América Latina e o Socialismo hoje.
com Diana Raby e Miguel Urbano Rodrigues.

Texto de apresentação do seminário:

Desde o "espectro que ronda na Europa" de 1848, até ao fim da União
Soviética e do bloco de leste na última década do século XX, o comunismo foi provavelmente na história contemporânea o movimento e a ideologia que mais paixões suscitou e mais afectou a vida dos Europeus. Fora da Europa, no século XX a sua influência não foi menor, e cerca de um quinto do género humano habita actualmente Estados com governos comunistas.
No princípio do século XXI, desaparecida a contraposição de sistemas mundiais e quando a globalização capitalista ordena a marcha do planeta e dos que o habitam, é difícil entender o que diziam Marx e Engels ao escreverem que "o comunismo não é uma situação que deve ser implantada, um ideal por que a realidade se deverá reger; chamamos comunismo o movimento real que supera a situação actual." E no entanto o tempo que vivemos evoca inevitavelmente uma história de mudança através da destruição, que caracterizou os últimos dois séculos, e perante a qual o comunismo se representou como o crítico teórico e a alternativa prática.
Para além de actor político de ambição universal, o comunismo influenciou as práticas sociais e as esferas da cultura em praticamente todos os domínios.
Nesse movimento, a combinação entre as suas componentes teleológicas e societais diversificou-se, daí que haja lugar a falar em comunismos no
plural. Tal diversificação motiva a interrogar os comunismos nas suas raízes teóricas e históricas, na multiplicidade da suas conexões e conotações: como história, como poética, como política e como teoria. Embora a investigação e o debate científicos sobre o comunismo ocupem hoje em toda a Europa e nos EUA um lugar relevante nos currículos universitários - o que aliás se acentuou nos últimos anos, em consequência do extraordinário alargamento dos arquivos disponíveis -, em Portugal encontramo-nos, salvo excepções individuais, na infância da arte. O presente seminário visa impulsionar a superação deste estado de coisas, fazendo das correntes intelectuais, dos movimentos sociais, das organizações políticas e das teorias que historicamente se relacionaram com o comunismo (socialismos utópicos, marxismos, anarquismos) um objecto de indagação, pesquisa e debate científico, capaz de repercussões tanto no aprofundamento da investigação como no ensino universitário e na divulgação.
Tem-se em vista, em particular, contribuir deste modo para a superação da separação entre a história contemporânea de Portugal e a história geral, nomeadamente europeia.
O seminário acolhe contribuições que não se reivindicam de qualquer conceptualização marxista mas se debruçam sobre os comunismos e, também, contribuições - no âmbito da história, da antropologia, da sociologia, da filosofia, dos estudos literários e artísticos -, que
convocam as tradições marxistas em domínios que excedem o âmbito da história do comunismo.
O seminário iniciar-se-á em Abril e terminará no final de 2007.

Cine-Caravana contra o deserto verde - encontros e debates em vários locais de Portugal e Espanha


CINE-CARAVANA CONTRA O DESERTO VERDE
A expansão da monocultura de eucalipto no Brasil e a luta pelo direito à terra.

A Rede Alerta Contra o Deserto Verde continua a resistir à expansão das plantações de eucalipto que expulsaram comunidades tradicionais e provocaram um desastre ambiental no Brasil. Governos, Instituições Financeiras Internacionais (IFIs), acordos internacionais e empresas multinacionais influenciam, através de interesses económicos tendenciosos, a expansão da monocultura de eucalipto que intitulam de ‘progresso’; no entanto, as pessoas afectadas chamam-lhe o Deserto Verde.

Comparece para debates positivos, documentários sobre justiça ambiental, acções de resistência e alteração climática, e uma exposição, durante esta empolgante caravana multimedia, que reune cinco activistas brasileiros envolvidos nas lutas locais de resistência à expansão do eucalipto, com interesse em criar ligações com movimentos em Portugal e Espanha, de 28 de Abril a 17 de Maio de 2007.

Portugal

28 Abril
Grupo Desportivo Mouraria - GAIA, Lisboa
Trav. da Nazaré 21 - 20h30

29 Abril
Crew Hassan - GAIA, Lisboa
Rua Portas de Santo Antão 159, 1 - 18h30

2 Maio
CES - GAIA, Universidade de Coimbra
Centro de Estudos Sociais, sala de seminários (piso 2) - 16h

3 Maio
Casa Viva - GAIA, Porto
Praça do Marquês 167 - 21h

Espanha

4 Maio IES Valle-Inclán, Pontevedra, Galiza
5 Maio Marcha contra celulosas em Pontevedra, Asociación Pola Defensa da Ría
4-6 Maio Encontro do Forest Movement Europe - Oleiros, A Coruña, Galiza
8 Maio Navia, Asturias
9 Maio Local Cambalache, Oviedo, Asturias
10 Maio Escanda, Pola de Lena, Asturias
11-12 Maio Encontro de Sensibilização Sul-Norte, Soldepaz-Pachakuti - La Pola-Siero, Asturias
14 Maio Instituto Santa Clara, Santander, Cantábria
15 Maio Universidade de León
16 Maio Ecologistas en Acción, Madrid


Documentários:

Luta Quilombola
9 min. PAL Little Sister Productions
Em 28 de Julho de 2006, uma comunidade Quilombola de uma vila rural brasileira fez uma acção para reclamar um cemitério onde os seus antepassados escrav@s foram sepultados, actualmente coberto pela monocultura de eucalipto da multinacional norueguesa Aracruz Celulose. Juntamente com música, dança e rituais, a comunidade combina a desobediência civil e expressa claramente a sua exigência pela terra. Este documentário revelador de 9 minutos observa como a escravatura persiste através do tempo e explora os efeitos do racismo ambiental.
Português, legendado em Inglês ou Castelhano

Nossa Terra, Nossa Luta
33 min. PAL Little Sister Productions
Em Maio de 2005, os povos Tupinikim e Guarani do Espírito Santo, Brasil continuaram uma longa luta para auto-demarcar 11,009 hectares das suas terras em posse da multinacional norueguesa Aracruz Celulose. Nesta acção inspiradora e corajosa, estes povos exploram os efeitos que a exploração, a coacção e o racismo da empresa teve nos seus meios de subsistência e demonstra como o Deserto Verde tem deteriorado as suas vidas e cultura. Este filme impressionante mostra exactamente como, através de acção, dança e música, uma comunidade se pode organizar para combater uma poderosa multinacional. E através dos testemunhos expressivos do povo, demonstra o que é importante para a sua luta; o direito às suas terras.
Português

A Ligação do Carbono
34 min. PAL Fenceline Films
Duas comunidades em lados opostos do mundo, ligadas por um novo mercado de emissões, encontram semelhanças e diferenças nas suas lutas. Uma comunidade no Brasil enfrenta os sérios efeitos da monocultura de eucalipto numa zona rural. A empresa Plantar, tentou por três vezes entrar no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto, através do Banco Mundial. A outra comunidade vive junto à maior refinaria de petróleo da Escócia, propriedade da BP, que investiu já no Fundo Protótipo de Carbono do Banco Mundial. Utilizando formação colectiva de video, as duas comunidades percorrem um processo notável de partilha de cartas em video de forma a compreender os impactos em ambos os lados do mundo.
Português e Inglês
Português e Inglês, legendado em Castelhano

Género e Ambiente
8 min. PAL Little Sister Productions
Um grupo inspirador de jovens de várias comunidades do Brasil juntou-se num workshop em 2005, para interpretar os efeitos que a monocultura de eucalipto tem nas relações de gênero das suas comunidades. Usando ferramentas de formação colectiva de video, os jovens do Movimentos dos Pequenos Agricultores (MPA) salientam questões de gênero, solidariedade e organização colectiva no que eles vêem que poderia ser a solução para o degradado tecido social causado pela expansão da indústria do eucalipto.
Português, legendado em Inglês ou Castelhano

Informações:
(+34) 685 35 66 59
Para mais informações em Portugal: gaia@gaia.org.pt 919090807 (Lisboa) 937267541 (Coimbra) 936333332 (Porto)


Lançamento do livro «Ardinas da Mentira» (6ª feira na Casa Viva)

sexta, 27 abril, 21h30
entrada livre

Lançamento do Livro "Ardinas da Mentira"
Debate sobre Liberdade de Imprensa
Com
Renato Teixeira (autor)Rui Pereira (jornalista)José Soeiro (moderador)

"Ardinas da Mentira" é um ensaio que, a partir de duas experiências concretas - análise aos conteúdos dos acontecimentos do G8 de Génova em 2001 e do trabalho numa redacção de um dos jornais de referência do país - avança algumas ideias sobre o estado dos meios de comunicação. A censura, na sua forma moderna, a propaganda na sua forma clássica, estão em foco.

O livro conta com um prefácio de José Mário Branco.

O objectivo deste ensaio é que ele venha a produzir um conjunto suficiente de debates, capazes de agrupar um conjunto de pessoas empenhadas na produção independente e alternativa de conteúdos.

Casa Viva
Praça do Marquês de Pombal, 167 - Porto

Culturas Urbanas - debate hoje em Lisboa

O Le Monde diplomatique - edição portugua organiza um debate a 26 de Abril em torno do dossiê do número de Abril de 2007, "Culturas Urbanas".
A sessão,vai decorrer a partir das 21H30 no Bacalhoeiro - Colectivo Cultural (Rua dos Bacalhoeiros, nº 125, 2º andar - Lisboa), e inclui a projecção do filme NU BAI - O Rap Negro de Lisboa de Otávio Raposo.
O debate conta com a participação de António Guterres, Chullage, José Alberto Simões, Luís Vasconcelos, Otávio Raposo, Renato Carmo e Ricardo Campos

O assassinato da liberdade na Rua do Carmo, em Lisboa, em 25 de Abril de 2007

Reproduz-se um texto do blogue:
http://antidireitaportuguesa.blogspot.com/


1) A Liberdade foi assassinada, em Lisboa, pela classe política da III República, na rua do Carmo, em Lisboa.

2) Uma manifestação pacífica de jovens da Esquerda insubmissa, quando estava meio dessa rua,

foi cercada, em regime de emboscada, pela polícia de choque, que premeditadamente, usou a mesma táctica que usou quando era dirigida pela PIDE, em Aveiro, na manifestação do III Congresso da Oposição Democrática ao fascismo.

3) Foi tudo igual ao que se passou em Aveiro, sob o comando da PIDE – o cerco de uma manifestação pacífica, pela POLÍCIA DE CHOQUE, em regime de emboscada.

4) A classe política actual, além de altamente CORRUPTA, odeia a Liberdade, assassinou a Liberdade, no DIA DA «LIBERDADE».

5) A «Comunicação social» ou melhor, as Centrais da Impostura não filmaram, nem fotografaram a Polícia de Choque e a sua emboscada.

As Centrais da Impostura apareceram depois para tentarem JUSTIFICAR O ASSASSINATO DA LIBERDADE.

6) LIBERDADE É DEIXAR EXPRIMIR A JUVENTUDE INSUBMISSA E DESCONTENTE.


25.4.07

Repressão policial contra manifestantes anti-fascistas em Lisboa


O Corpo de Intervenção da PSP carregou sobre manifestantes e fez várias detenções, hoje, no Chiado, em Lisboa, no final do desfile do dia 25 de Abril

O protesto estava a decorrer de forma pacífica, quando a polícia carregou sobre os manifestantes de forma desproporcionada e abusiva, sem qualquer pré-aviso

A rua do Chiado foi cortada na sequência destes incidentes registados entre a polícia e pessoas que se manifestavam contra o fascismo e o capitalismo. Consta que também terá havido incidentes em frente à antiga sede da Pide.

Neste momento (desde as 23 horas), um grupo de cidadãos encontra-se concentrado em frente á Esquadra da 1º Divisão da PSP na Rua Gomes Freire nº92 procurando obter a libertação dos 12 detidos

Pede-se a vossa solidariedade


Contaco :Telefone 21351600

A morada da Esquadra onde os jovens estão detidos na 1ª DIVISÃO - TAIPAS ( localizada na Rua Gomes Freire, nº. 92 1169-140 LISBOA )

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Polícia protege cartaz com mensagem xenófoba !!!

Já durante a tarde, na altura em que os manifestantes da grande manifestação do 25 de Abril estavam a concentrar-se no Marquês de Pombal para o início do desfile, um grupo de jovens foi identificado pela PSP depois de se ter concentrado junto ao cartaz do Partido Nacional Renovador com uma caixa de tomates e cartazes contra ideias xenófobas e racistas.


Conta a agência Lusa que seis polícias estão concentrados à volta do cartaz do PNR, contra o qual estão a ser lançados ovos, desconhecendo-se de onde surgem.


Elementos da polícia agarraram alguns dos jovens e identificaram-nos, o que provocou grande indignação junto dos participantes no desfile do 25 de Abril, que começaram a gritar «25 de Abril sempre» e «fascismo nunca mais».




Criticaram também a polícia pela atitude de protecção de um cartaz que promove ideias racistas e por terem identificado os jovens que o contestavam



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DESCRIÇÃO PORMENORIZADA DOS ACONTECIMENTOS NO CHIADO


Retirado daqui



• Por volta das 19.30 H do dia 25 de Abril de 2007, em plena Rua do Carmo, junto ao c.c. do Chiado, decorria uma manifestação autorizada pela polícia, tendo em conta que a acompanhava, tal como é costume em qualquer manifestação.



• Após alguns indivíduos terem pintado numa parede algumas palavras, cerca de 6 elementos das forças policiais, apenas identificáveis pelos cacetetes que empunharam depois, agarraram os prevaricadores.



• Tendo os detidos manifestado alguma resistência, o caso, até aí banal, mudou completamente de figura.



• Os manifestantes, voltaram-se para trás, subiram a rua do Carmo e tentaram resgatar os seus companheiros de manifestação. Os elementos policiais, que não ostentavam qualquer identificação, repito, chamaram obviamente reforços.



• Em apenas um minuto, a Rua do Carmo estava cercada por cima e por baixo, por forças policiais anti-motim.



• É claro que devido ao dia em questão e à zona em causa, estavam muitos turistas, crianças, idosos, meros transeuntes e clientes do comércio que envolve toda a zona do chiado, na Rua do Carmo, no preciso momento em que o motim começou.



• A natureza contestatária dos manifestantes (devo referir também que se tratava de uma manifestação contra o neo-fascismo e contra a xenofobia), bem conhecida anteriormente pela polícia, podia ter sugerido aos responsáveis policiais, adoptar uma posição mais cautelosa.



• Mostraram no entanto, muita coragem e sentido do dever, pois, não se detiveram perante a primeira provocação fora da lei.



• Eu, tendo saído do c.c. do Chiado naquele momento, resolvi deixar passar a manifestação e segui calmamente na traseira da demonstração, pretendendo sair dali na rua do elevador de Santa Justa, em direcção a casa.



• Em dois segundos estava no meio da confusão. Dirigi-me, descendo o Carmo, para o local onde estava a maior parte da polícia de choque.



• Reconhecendo, pela posição e atitude, aquele que me pareceu ser o responsável máximo pela força policial, tentei perguntar-lhe se devia e podia passar para trás da barreira policial.



• Apenas ouvi um outro elemento policial, dizendo ao seu superior - Sr. Intendente (não me recordo se era mesmo intendente ou comissário...), saia daí (qual general, estava na frente do barreira policial) - e claro, não obtive resposta, ou melhor percebi logo que ali é que eu não ficava e passei por eles bem encostadinho à parede, sempre olhando-lhes nos olhos (que os meus mostravam claramente por quem eu estava; pela minha Saúde e Liberdade).



• Olhei então para trás e foi ver os manifestantes, que pena tive deles, a uns bons 15 metros da polícia, espremendo-se uns contra os outros, sem possibilidade de fuga, como rebanho cercado por lobos esfomeados.



• Deu-se a carga, fugiram por onde conseguiram os jovens manifestantes, levando tanta pancada quanta lhes conseguiram dar os polícias, e tudo isto sem ter ouvido uma só palavra pela parte do Sr. comissário. Foi só após uns bons minutos que se ouviu da parte de um dos policiais, um igual a todos os outros corajosos policias, uma palavra na direcção dos transeuntes que como eu estavam no meio daquela trapalhada. -Saiam já daqui! Para baixo! Fora!- e foi um pandemónio.



• Uma bela imagem de Democracia oferecida aos inúmeros turistas que ainda vêm a Portugal para celebrá-la.



• Já agora, devo também relatar que não vi ninguém a oferecer cravos. Nem a Polícia, nem os manifestantes, nem os turistas, nem os comerciantes. já não se dão cravos no dia em que se comemora a Revolução dos cravos.



• Dá-se pancada.



• Dão-se péssimos exemplos de tolerância.



• Mas continua a ser legal o cartaz do PNR em pleno Marquês de Pombal. Tem, mesmo, direito a protecção policial. Verifiquei hoje que 6 elementos da PSP o guardam bem guardado.



• Quando a Faculdade de Letras foi vandalizada com símbolos fascistas onde é que andava a PSP?



• A guardar o dito cartaz?

25 de Abril Sempre, Fascismo nunca mais!

Série de videos que encontramos na internet sobre o 25 de Abril de 1974, data que marcou a queda do regime fascista em Portugal.

1



2



3

Eh! Companheiro

Letra de Sérgio Godinho
Música e voz de José Mário Branco


Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou pra te falar
Estas paredes me tolhem
os passos que quero dar
uma e feita de granito
não se pode rebentar
outra de vidro rachado
p'ras duas pernas cortar

Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Só tem medo desses muros
quem tem muros no pensar
todos sabemos do pássaro
cá dentro a qu'rer voar
se o pensamento for livre
todos vamos libertar

Eh! Companheiro eu falo
eu falo do coração
Já me acostumei à cor
desta negra solidão
já o preto que vai bem
já o branco ainda não
não sei quando vem o vento
pra me levar de avião

Eh! Companheiro respondo
respondo do coração
ser sozinho não é sina
nem de rato de porão
faz também soprar o vento
não esperes o tufão
põe sementes do teu peito
nos bolsos do teu irmão

Eh! Companheiro vou falar
vou falar do meu parecer
Vira o vento muda a sorte
toda a vida ouvi dizer
soprou muita ventania
não vi a sorte crescer
meu destino e sempre o mesmo
desde moço até morrer

Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou p'ra responder
Sorte assim não cresce a toa
como urtiga por colher
cresce nas vinhas do povo
leva tempo a amadur'cer
quando mudar seu destino
está ao alcance de um viver

Eh! Companheiro aqui estou
aqui estou pra te falar
De toda a parte me chamam
não sei p'ra onde me virar
uns que trazem fechadura
com portas para espreitar
outros que em nome da paz
não me deixam nem olhar

Eh! Companheiro resposta
resposta te quero dar
Portas assim foram feitas
p'ra se abrir de par em par
não confundas duas coisas
cada paz em seu lugar
pela paz que nos recusam
muito temos de lutar.

Cronologia do dia 24 e 25 de Abril de 1974 (queda do regime fascista de Salazar/Caetano)

DIA 24

03h00 - O agente de ligação entrega ao major Albuquerque, do Centro de Instrução e Condução Auto 1 (CICA 1), as ordens de operações referentes às unidades da Zona Norte.
Madrugada – Recepção, no Regimento de Infantaria 14 (RI 14), em Viseu, da ordem de operações. O capitão Ferreira do Amaral transmite as instruções a Lamego e o capitão Aprígio Ramalho à Guarda.

08h00 - O capitão Castro Carneiro e o alferes Pêgo, do CICA 1, iniciam a viagem destinada a entregar as ordens de operações às unidades de Lamego (capitão Delgado da Fonseca), Vila Real (capitão Mascarenhas) e Bragança (Capitão Freixo).

08h30 - Os oficiais da EPC, ligados ao MFA, iniciam nas paradas, no maior sigilo, os contactos com os cerca de cinquenta graduados (oficiais subalternos do Quadro Permanente, alferes, aspirantes, furriéis e cabos milicianos), individualmente, comunicando-lhes que, se a senha e contra-senha forem para o ar, a operação decorrerá nessa madrugada.

c. 09h30 - O capitão Santa Clara Gomes, oficial de ligação, entrega ao major Cardoso Fontão a ordem de missão referente ao Batalhão de Caçadores 5 (BC 5).


10h00 - Álvaro Guerra comunica a Carlos Albino a escolha definitiva de Grândola Vila Morena como senha nacional, garantindo este a sua transmissão.

c. 10h00 - Otelo envia, da estação dos CTT da rua D. Estefânia, o telegrama cifrado a Melo Antunes, contendo o GDH.

11h00 - Carlos Albino adquire na então livraria Opinião o disco «Cantigas de Maio», para garantia, já que, desde Dezembro de 73 havia indícios de que a PIDE se preparava para um assalto aos escritórios do Limite, na Praça de Alvalade.
- O capitão Costa Martins contacta João Paulo Dinis e informa-o que o sinal foi antecipado em uma hora.

14h00 - O jornal República insere uma curta notícia, intitulada «LIMITE», com o seguinte teor: "O programa «Limite» que se transmite em Rádio Renascença diariamente entre a meia-noite e as 2 horas, melhorou notoriamente nas últimas semanas. A qualidade dos apontamentos transmitidos e o rigor da selecção musical, fazem de «Limite» um tempo radiofónico de audição obrigatória.»

14h?? - O major Neves Rosa comunica a Otelo que o último elemento de ligação tinha cumprido a missão.

15h00 - Encontro decisivo de Carlos Albino com Manuel Tomás (técnico da Rádio Renascença e um dos responsáveis pelo programa Limite que regressara de Moçambique com fama de democrata) para a execução da senha e garantia da sua transmissão. Refira-se que, sendo o Limite um programa independente, era obrigado a passar por duas censuras: a da Rádio Renascença e a oficial, esta última corporizada num coronel que acompanhava as emissões em directo e visava previamente os textos. Para maior segurança, retiram-se dos estúdios para um local seguro.

15h30 - Na Igreja de S. João de Brito, simulando rezar, combinam todos os pormenores técnicos da senha.

17h00 - Os tenentes Baluda Cid, Ramos Cadete e Silva Aparício saem da EPC e dirigem-se a Lisboa, com a missão de "controlar", "aliciar" alguns oficiais e tentar "inoperacionalizar" algumas viaturas blindadas do RC 7.
- Manuel Tomás convoca Leite de Vasconcelos (um outro responsável pelo referido programa, companheiro de Manuel Tomás em Moçambique), em dia de folga na locução do Limite, para «gravar poemas». Carlos Albino escreve textos para serem visados pelo censor.

17h30 - Os graduados milicianos da EPC ultimam os preparativos para a operação, designadamente quanto a material e equipamentos.

19h00 - Os censores na Rádio Renascença autorizam os textos e o seguinte alinhamento do bloco com a duração de 11 minutos: quadra, canção Grândola, quadra, poemas Geografia e Revolução Solar, da autoria de Carlos Albino, e a canção Coro da Primavera.

20h00 - Na Rádio Renascença, Leite de Vasconcelos procede à gravação dos textos que lhe são apresentados, desconhecendo o seu objectivo.

21h00 - Otelo entrega ao capitão António Ramos, no Jornal do Comércio, o conjunto de documentos finais e um saco com granadas. Pede-lhe para permanecer toda a noite junto de Spínola, juntamente com outros oficiais de confiança, assegurando-lhe que uma força militar iria garantir a segurança próxima da residência do general, sita na rua Rafael Andrade, ao Paço da Rainha.
- Os oficiais da Força Aérea (tenente-coronel Sacramento Gomes, majores Costa Neves e Campos Moura e capitães Correia Pombinho, Mendonça de Carvalho, Santos Silva e Santos Ferreira) que constituem o «10º Grupo de Comandos» reúnem-se em frente ao Grill do Hotel Ritz e iniciam a vigilância ao Rádio Clube Português

21h30 - Fecho da porta de armas da EPC. Os militares contactados, que haviam saído da unidade, fazem a sua entrada, trajando à civil, para não alertar os elementos da PIDE/DGS que rondam o quartel.

21h50 - O tenente miliciano Sousa e Silva, oficial da dia na EPC, é substituído nesta função, para poder tomar parte na operação.

c. 21h45 - O capitão Santos Coelho, do RE 1, junta-se aos seus camaradas do «10º grupo de comandos» e distribui-lhes armas e munições. Procede, em seguida, à leitura da ordem de operações e à recapitulação das missões.

22h00 - Otelo regressa ao RE 1, onde se farda. Recebe do major Sanches Osório os primeiros quatro comunicados, entregues por Vítor Alves, bem como a notícia de que o Regimento de Infantaria 1 (Amadora) não adere, deixando, assim, de garantir o cerco à prisão de Caxias e a protecção de Spínola. Entrega os comunicados ao seu adjunto para que este os faça chegar ao grupo de comandos que tomará o R.C.P.
- O capitão Salgueiro Maia, que vai comandar a coluna militar da EPC, na "Operação Fim Regime", dá início a uma breve reunião, no piso dos quartos dos oficiais, para dar a conhecer a Ordem de Operações, distribuir missões e definir detalhes para o desencadear da operação.

22h30 - No Posto de Comando encontra-se reunido o Estado Maior do Movimento das Forças Armadas, dirigido pelo major Otelo Saraiva de Carvalho e constituído pelos tenentes-coronéis Garcia dos Santos e Nuno Fisher Lopes Pires, major Sanches Osório, capitão Luís Macedo, adjunto operacional, e comandante Vítor Crespo, que assegura a ligação com a Marinha, garantida pela presença permanente do comandante Almada Contreiras no Centro de Comunicações da Armada (CCA). Contam, também, com a colaboração de quatro oficiais do RE 1 (Frazão, Máximo, Reis e Cepeda).

c. 22h48 - Uma falha técnica suspende, durante alguns minutos, a transmissão dos Emissores Associados de Lisboa, facto que causa natural apreensão nas largas dezenas de militares que aguardam ansiosamente o primeiro sinal para entrar em acção.

c. 22h51 - Restabelecimento da emissão dos E.A.L..

22h55 - 1ª senha: a voz de João Paulo Dinis anuncia aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa Faltam cinco minutos para as vinte e três horas. Convosco, Paulo de Carvalho com o Eurofestival 74 «E Depois do Adeus». Era o primeiro sinal para o início das operações militares a desencadear pelo Movimento das Forças Armadas.

23h00 - Na Escola Prática de Artilharia (EPA), em Vendas Novas, os capitães Mira Monteiro e Oliveira Patrício e os tenentes Marques Nave, Cabaças Ruaz, Sales Grade, Andrade da Silva e António Pedro procedem à detenção dos comandante e 2º comandante da unidade, respectivamente coronel Mário Belo de Carvalho e tenente-coronel João Manuel Pereira do Nascimento, ocupam as centrais rádio e telefónica e assumem o controlo do quartel.
- Recolhem à Escola Prática de Infantaria (EPI) as forças que se encontravam em exercícios de campo.
- O «10º grupo de comandos» divide-se em equipas, distribuídas por 4 automóveis, para constituir patrulhas destinadas, além de manter a vigilância ao R.C.P., a observar as principais instalações das Forças de Segurança (GNR, PSP, LP e DGS), e dos quartéis da Calçada da Ajuda (RC 7 e RL 2):
- No BC 5 o major Cardoso Fontão comunica aos oficiais presentes o que está a acontecer e os objectivos do MFA. A adesão é total.
- O capitão António Ramos abandona as instalações do Jornal do Comércio e dirige-se para a residência do general Spínola, aonde acorreram, durante a madrugada, o tenente-coronel Dias de Lima e o major Carlos Alexandre de Morais.

23h25 - O capitão Garcia Correia chega à porta de armas da EPC, acompanhado do 2º comandante, tenente-coronel Henrique Sanches, que nessa noite havia convidado para jantar em sua casa, na expectativa de o aliciar para o movimento, o que se revelara infrutífero. Este, verificando que o oficial de dia fora substituído, ordena-lhe que retire imediatamente o braçal, no que não é obedecido.

23h30 - Henrique Sanches convoca para o seu gabinete o major Costa Ferreira, os capitães Garcia Correia e Correia Bernardo, o tenente Ribeiro Sardinha e o oficial de dia substituto, capitão Pedro Aguiar. O seu objectivo é demovê-los da acção revolucionária. No entanto, é informado da sua determinação em prosseguir a acção, bem como de todos os oficiais presentes nessa noite na EPC.



DIA 25

00h00 - João Paulo Dinis conclui o programa nos E.A.L. e regressa a casa, seguindo instruções do chefe militar do MFA.

00h20 – Nos estúdios da Rádio Renascença, situados na Rua Capelo, ao Chiado, Paulo Coelho, que ignora os compromissos assumidos pelos seus colegas do programa Limite, lê anúncios publicitários. Apesar dos sinais desesperados de Manuel Tomás, que se encontra na cabina técnica acompanhado de Carlos Albino, para sair do ar, o radialista prossegue paulatinamente a sua tarefa. Após 19 segundos de aguda tensão, Tomás dá uma "sapatada" na mão do técnico José Videira, provocando o arranque da bobine com a gravação que continha a célebre senha: a canção Grândola Vila Morena, de Zeca Afonso.

c. 00h30 - Na EPAM, um grupo de capitães e subalternos armados dá voz de prisão ao oficial de dia, alferes miliciano Pinto Bessa, e ao oficial de prevenção, aspirante miliciano Leão. O capitão Gaspar assume provisoriamente as funções de oficial de serviço.
- No Campo de Instrução Militar de Santa Margarida (CIMSM) começam-se a encher carregadores na arrecadação de material de guerra.
- Na EPA continua-se (iniciada às 23h00) a preparação final do golpe, onde o capitão Santos Silva assumira já o comando, acolitado pelos tenentes Ruaz, Sales Grade e Sousa Brandão.
- Na EPI, os capitães Rui Rodrigues, Aguda e Albuquerque ordenam a formatura da companhia de intervenção, a três bigrupos de cinquenta homens. O capitão Silvério executa o plano de defesa do quartel. Os majores Aurélio Trindade e Cerqueira Rocha convidam o coronel Jasmins de Freitas a aceitar o comando da unidade.
00h40 - Na EPC, em Santarém os oficiais do MFA procuram obter a adesão ao Movimento do tenente coronel Henrique Sanches. Não o conseguindo, procedem à sua detenção.
- No Campo de Tiro da Serra da Carregueira (CTSC) os capitães Oliveira Pimentel e Frederico Morais iniciam a preparação dos homens para levar a bom termo a sua missão - conquistar a Emissora Nacional.

01h00 - No BC 5 o major Fontão ordena ao alferes Frazão que controle e mantenha pessoal de guarda à central telefónica. Manda fechar os portões e neutralizar a central rádio.
- No CIMSM o tenente Luís Pessoa reúne os cabos milicianos e consegue a sua adesão imediata.
- Na EPC o major Rui Costa Ferreira assume o comando.

01h30 - Na EPC Salgueiro Maia manda acordar o pessoal e formar em parada. A adesão é entusiástica. Salgueiro Maia comandará a força tendo o tenente Alfredo Assunção como seu adjunto.
- No CIAAC, em Cascais, um grupo de jovens oficiais vê impedida a sua entrada na unidade que, ao contrário do que se previa, não adere ao Movimento. Contactam o Posto de Comando pedindo nova missão.
- Na EPAM os soldados são armados. No exterior tudo está tranquilo.
- No RI 14 os capitães Gertrudes da Silva, Silveira Costeira, Aprígio Ramalho, Ferreira do Amaral e Augusto convocam os oficiais subalternos e esclarecem a situação. Controlam a central telefónica e os postos de rádio da ordem pública e do Serviço de Telecomunicações Militares (STM).
- No Regimento de Cavalaria 3 (RC 3), em Estremoz, é problemático o cumprimento da missão: marchar sobre Lisboa com uma coluna de autometralhadoras, estacionando na zona da portagem da Ponte Salazar, aguardando ordens do Posto de Comando. O comandante, coronel Caldas Duarte, mostra-se indeciso e pede tempo para reflectir.

02h00 - No RI 14, em Viseu, inicia-se a preparação da companhia que vai seguir para a Figueira da Foz, onde se juntará a outras unidades em acção (RI 10, CICA 2, RAP 3) com vista a constituir o agrupamento «November».
- A companhia de intervenção a três bigrupos comandada pelo capitão Rui Rodrigues abandona a EPI, em Mafra, para seguir por Malveira, Loures, Frielas e Camarate até ao Aeroporto da Portela, que deverá ocupar e defender.
- No BC 5 o major Cardoso Fontão manda distribuir armas, munições e aparelhos de rádio e formar as companhias.
- Do CTSC saem duas viaturas pesadas e um jipe, com um total de 47 homens, e dirigem-se para o seu objectivo.

02h30 – Os capitães Dinis de Almeida e Fausto Almeida Pereira executam vitoriosamente o plano de controlo do Regimento de Artilharia Pesada 3 (RAP 3), na Figueira da Foz, neutralizando os subalternos milicianos em serviço. Almeida Pereira abre o portão da unidade aos oficiais da Escola Central de Sargentos (ECS) de Águeda.
- Forças da EPI iniciam a ocupação dos pontos chave de Mafra, assegurando o domínio da vila e dos respectivos acessos.

02h40 - Forças da Escola Prática de Engenharia (EPE) saem de Tancos para se dirigirem à ponte da Golegã-Chamusca, e aí se juntarem às Companhias de Caçadores 4241/73 e 4246/73 oriundas de Santa Margarida.

02h50 - Uma coluna da EPAM, num total de cerca de cem homens, montados em duas viaturas ligeiras e três pesadas, comandada pelo capitão Teófilo Bento, inicia a curta marcha em direcção ao objectivo.

03h00 - A Rádio Televisão Portuguesa (R.T.P.) - Mónaco na linguagem cifrada dos militares revoltosos - é tomada de assalto pela força da EPAM.
- As 16 viaturas militares, precedidas de um automóvel de exploração civil, que constituíam a força da EPA - composta por uma bateria de artilharia (BTR 8,8) e uma companhia de artilharia motorizada comandadas, respectivamente, pelos capitães Oliveira Patrício e Mira Monteiro - cruzam a porta da unidade e partem de Vendas Novas em direcção a Lisboa.
- Uma bateria de artilharia (BTR 10,5) da EPA, comandada pelo capitão Duarte Mendes, ocupa posições a cavaleiro das estradas de Montemor-o-Novo e Lavre, assegurando a interdição destes eixos viários e garantindo a segurança próxima da unidade.
- Abrem-se os portões do quartel do BC 5 dando saída a duas companhias operacionais.
- O major Campos Moura e o capitão Correia Pombinho, encarregues de assinalar a saída dos homens do BC 5 e que aguardam na viatura do primeiro, escondida por detrás de sebes fronteiras à Penitenciária, partem de imediato para informar o 10º «Grupo de Comandos» do facto.
- Em Lamego, no Centro de Instrução de Operações Militares (CIOE), o seu comandante, tenente-coronel Sacramento Marques dá ordem de saída a uma companhia de tropas especiais que, após cinco horas de percurso, entrará no Porto.
- Nesta cidade, uma força do CICA 1, comandada pelo tenente-coronel Carlos Azeredo, penetra no Quartel-General da Região Militar do Porto (QG/RMP), transformando-o no posto de comando das forças em operações na Região Norte.

03h07 - Encontro do 10º «grupo de comandos» com a segunda companhia do BC 5, comandada pelo tenente Mascarenhas, na confluência da rua Castilho com a Sampaio Pina. O major Fontão estabelece contacto proferindo a senha Coragem! a que o capitão Mendonça de Carvalho responde com Pela Vitória!

03h12 - Efectuada a junção com êxito, encaminham-se para a entrada do Rádio Clube Português que o porteiro Alcino Leal virá a abrir, dando entrada a oito oficiais, sete dos quais armados com pistolas Walther. Estava conquistado sem incidentes o R.C.P., tendo o capitão Santos Coelho informado, de seguida, o Posto de Comando de que México passara para as mãos do MFA.

03h15 - A coluna do CTSC, comandada pelos capitães Frederico Morais e Oliveira Pimentel, chega à Emissora Nacional (E.N.) e ocupa a estação de rádio oficial. Tóquio viera completar o domínio de três objectivos fundamentais na área da comunicação social.

c. 03h15 - As Companhias de Caçadores (Ccaç) 4241/73 e 4246/73 encontram-se com a EPE. A Ccaç 4241/73 marcha para o centro emissor do R.C.P., em Porto Alto; a Ccaç 4246/73 dirigir-se-á a Vila Franca de Xira para dominar a Ponte Marechal Carmona e a EPE seguirá para Lisboa a fim de ocupar posições de defesa na Casa da Moeda.

03h16 - No posto de comando do MFA é interceptada uma conversa telefónica entre o general Andrade e Silva, ministro do Exército e o Prof. Silva Cunha, ministro da Defesa, trocam impressões sobre a situação geral, revelando que tinham conhecimento de que se preparava um jantar importante de carácter conspirativo, mas que a DGS vigiava os oficiais. O primeiro membro do governo, entre outras considerações, afirma que "A situação está sem alteração e perfeitamente sob controlo...está tudo sossegado e não há qualquer problema em qualquer ponto do País." A chamada é interrompida porque o responsável máximo da DGS se encontrava noutro telefone para falar com o ministro da Defesa.

03h30 - A força da EPC - com 10 viaturas blindadas, 12 viaturas de transporte de tropas, duas ambulâncias e um jipe e precedida por uma viatura civil, com três oficiais milicianos - comandada pelo capitão Salgueiro Maia, cruza a porta da unidade e sai de Santarém em direcção a Lisboa.
- A primeira companhia do BC 5, comandada pelo capitão Bicho Beatriz, toma posições de cerco ao Quartel General da Região Militar de Lisboa (QG/RML). O oficial de serviço, aspirante Silva, informa o chefe do Estado-Maior, coronel Duque, da situação. Inicia-se, a partir de então, de acordo com a cadeia hierárquica, o processo de prevenção dos principais responsáveis das Forças Armadas.
- Carlos Albino e Manuel Tomás retiram-se das instalações da Rádio Renascença.
c. 03h30 - Surge o primeiro alarme oficial das forças governamentais sobre a eclosão do Movimento, na cidade do Porto: o coronel Santos Júnior, comandante da PSP local, informa o Comando da GNR da tomada do QG/RMP pelos revoltosos.

03h31 – Os ministros da Defesa e do Exército retomam o diálogo telefónico, acabando por concluir que o Presidente da República, nesse dia, "pode deslocar-se à vontade, porque, por lá (Tomar), está tudo calmo".

03h40 - A coluna do RI 10 de Aveiro, comandada pelo capitão Pizarro, chega aos portões do RAP 3. O coronel Sílvio Aires de Figueiredo, comandante da última unidade, é detido, nessa altura, pelo capitão Dinis de Almeida. Decorrerá ainda algum tempo até que se constitua o Agrupamento Norte: a coluna do RAP 3 demora a formar, é preciso municiar as tropas chegadas de Aveiro, aguarda-se que cheguem as forças do Centro de Instrução de Condução Auto 2 (CICA 2) da Figueira da Foz e do RI 14 de Viseu.

03h55 - A companhia do RI 14 autotransportada, comandada pelo capitão Silveira Costeira, constituída por 4 viaturas pesadas, 1 ambulância e 1 viatura de exploração civil, sai do quartel passando por Tondela, Santa Comba Dão, Luso, Anadia e Cantanhede.

03h56 - O Posto de Comando toma conhecimento que foi quebrado o factor surpresa. O documento onde são anotadas as escutas telefónicas – intitulado A Fita do Tempo – regista: «Concentração que avança sobre Lisboa. Ele (Min. Ex?) vai já para lá (?)».

03h57 - A ausência de notícias da coluna da EPI, que ainda não conquistara o Aeroporto, conduz ao adiamento da transmissão do primeiro comunicado inicialmente prevista para as 4h00.

04h00 - Um pelotão do BC 5 desloca-se para a residência de António de Spínola, a fim de garantir a sua segurança.
- O programa «A noite é nossa», do R.C.P., deixa de transmitir publicidade, passando a emitir apenas música.

04h15 - O general Eduardo Martins Soares, comandante da RMP, apela aos coronéis Rui Mendonça, comandante do RI 8, e Carneiro de Magalhães, comandante do RI 13, ambos de Braga, para avançarem sobre o Porto e libertarem o QG das mãos dos insurrectos. Nos dois casos, os oficiais das unidades recusam-se a cumprir tais ordens.

04h20 - A coluna da EPI, comandada pelo capitão Rui Rodrigues, assume o controlo do Aeródromo Base nº 1 (Figo Maduro) e do Aeroporto de Lisboa. O capitão Costa Martins emite um comunicado NOTAM, interditando o espaço aéreo português e desviando o tráfego para os aeroportos de Las Palmas e Madrid. Nova Iorque encontra-se sob o controlo do Movimento.

04h22 - Em resposta a um telefonema de Silva Cunha, a mulher do Ministro do Exército informa-o que «O Alberto saiu agora de casa».

04h26 - O Rádio Clube Português transmite o 1º comunicado do Movimento das Forças Armadas, lido por Joaquim Furtado. Seguem-se o Hino Nacional e marchas militares, designadamente uma da autoria de John Philip de Sousa que se viria a transformar no hino do MFA. Os portugueses começam a tomar conhecimento de que algo de muito importante se está a desenrolar no País.
- No Grupo de Artilharia Contra Aeronaves 2 (GACA 2) de Torres Novas os capitães do Quadro Permanente, Pacheco, Dias Costa e Ferreira da Silva, conseguem a adesão dos tenentes milicianos comandantes de companhias mobilizadas para o Ultramar e que aguardam embarque.

04h30 - Rendição do QG/RML. O major Cardoso Fontão comunica ao posto de comando que Canadá fora ocupado sem incidentes.
- Forças do CICA 1 detêm, à saída da sua residência, o chefe do Estado-Maior do Q.G./R.M.N., coronel Ramos de Freitas.

04h45 - O 2º comunicado do MFA é emitido, apelando à desmobilização de eventuais acções contra o Movimento.
- O primeiro grupo do BC 5, comandado pelo major Fontão, penetra no interior do R.C.P.
- O alarme é dado no Quartel-General da Região Militar de Coimbra (QG/RMC). Rapidamente se apercebem de que a maior parte das unidades segue o Movimento.
- O governador da Região Militar de Lisboa reúne-se com o corpo do seu Estado-Maior na residência do respectivo subchefe.
05h00 - Após uma viagem sem problemas, a coluna da EPC passa na portagem da auto-estrada, em Sacavém.

c. 05h00.- No Quartel-General da Região Militar de Évora (QG/RME) é recebida ordem do Ministério do Exército para entrar de prevenção rigorosa.
- Marcelo Caetano recebe um telefonema do director-geral da PIDE/DGS, major Silva Pais, que lhe comunica estar a Revolução na rua, sendo a situação muito grave, pelo que se tornava necessário que o Presidente do Conselho se refugiasse no Quartel do Comando-Geral da GNR no Largo do Carmo.

05h15 - Leitura do 3º comunicado que, entre outros apelos, aconselha a população a permanecer em casa. Grande parte desta, pelo contrário, vai para a rua, passando a manifestar um acolhimento eufórico à iniciativa dos militares, misturando-se com eles, conferindo, assim, ao golpe militar, muitos dos contornos de uma verdadeira revolução.

05h19 - O general Nascimento telefona ao recém nomeado CEMGFA, general Luz Cunha, a informá-lo que "está muita tropa na rua e é preferível seguir para aqui".

c. 5h20 - O general Viotti de Carvalho, vice-chefe do Estado-Maior do Exército (EME) determina ao comandante da EPTm para proceder à escuta das comunicações militares e as relatasse para o Estado-Maior. No entanto, há largas horas que a referida unidade militar desempenhava aquela missão, mas a favor do MFA.

05h27 - O ministro do Exército ordena ao RI 6, do Porto, que liberte o Q.G./R.M.P, determinação que não será cumprida, uma vez que a unidade era afecta ao MFA.

05h30 - No itinerário para o Terreiro do Paço, Salgueiro Maia cruza-se com viaturas da Polícia de Segurança Pública, no Campo Grande e, cerca de 10 minutos depois, com a Polícia de Choque, na Av. Fontes Pereira de Melo, que não se manifestam.

c. 05h30 - O Comando Territorial do Algarve (CTA) ordena a entrada em prevenção rigorosa das suas três unidades.

05h32 – O ministro do Exército determina ao general Carvalhais que se ocupe da protecção dos CTT, Águas e Electricidade.

05h45 - O 4º comunicado sintetiza os anteriores alertando para que a situação não se encontra ainda totalmente controlada.

05h46 - O Ministro do Exército ordena ao comandante do Regimento de Cavalaria 7 (RC 7), coronel António Romeiras Júnior, que, com os carros de combate M47, tome posições em Vale de Cavalos para deter uma coluna da EPC que fora «referenciada no Cartaxo» e que «vem a caminho de Lisboa».

05h50 - Uma força do CICA 1 ocupa o centro emissor de Miramar (Porto) do R.C.P.

c. 05h55 - As forças de Salgueiro Maia instalam-se no Terreiro do Paço, de forma marcadamente intimidatória. Encontram-se cercados os ministérios, a Câmara Municipal, a Marconi, o Banco de Portugal e a 1ª Divisão da P.S.P., estando dirigidas as metralhadoras para as janelas do Ministério do Exército. «Estamos aqui para derrubar o Governo» declara Salgueiro Maia ao jornalista Adelino Gomes.

05h59 - O ministro do Exército telefona ao coronel Romeiras Júnior, e ordena-lhe que "veja se consegue salvar esta coisa, pois estamos todos cercados", recebendo a resposta que as forças daquela unidade iam a caminho e já se encontravam na Av. 24 de Julho.

c. 06h00 - O Quartel-General da Região Militar de Tomar (QG/RMT) ordena às unidades que passem ao estado de prevenção rigorosa. Mas já há algumas horas que forças de Tancos (EPE), de Santa Margarida (Ccaç 4241 e 4246) e de Santarém se movimentam em apoio do MFA.
- A companhia do GACA 2 de Torres Novas, na qual ocorrera uma viragem da situação (de força inimiga passa a apoiante), ocupa o Quartel e resiste a todas as ameaças, apesar de se manter sem contactos com o Posto de Comandos do MFA até às 20h00 do dia 26.

06h05 - O alferes miliciano David e Silva chega ao Terreiro do Paço comandando um pelotão de AML/Chaimites reforçado com Panhards do RC 7, favorável ao Governo, mas adere imediatamente ao Movimento, colocando-se às ordens de Salgueiro Maia. A mesma atitude será tomada por dois pelotões do Regimento de Lanceiros 2 (RL 2) que guardam o Ministério do Exército, à excepção de sete elementos que virão a possibilitar a fuga aos membros do Governo aí refugiados.

06h10 - O ministro do Exército pede ao general da FA Henrique Troni para "mandar dois aviões sobrevoar o Terreiro do Paço".

06h50 - A bateria de obuses do Regimento de Artilharia Pesada 2 de Vila Nova de Gaia toma posição em ambas as entradas da Ponte da Arrábida, no Porto, dando acesso unicamente às «forças amigas» (do MFA).
- Uma força do RL 2, comandada pelo tenente Ravasco, tenta, sem êxito, recuperar o QG/RML.

07h00 - Forças da EPA de Vendas Novas, comandadas pelos capitães Patrício e Mira Monteiro, ocupam a colina do Cristo-Rei, em Almada (com o nome de código Londres).
- Surge no Terreiro do Paço, do lado da Ribeira das Naus, um pelotão de reconhecimento Panhard do RC 7, orientado pelo seu 2º comandante, tenente-coronel Ferrand de Almeida que, perante o dilema de ter de disparar ou de se render, opta por esta última posição, sendo preso.
- Uma coluna do RC 3 de Estremoz, sob o comando do capitão Andrade Moura e Alberto Ferreira, sai do Quartel e dirige-se a Setúbal, a fim de atingir a Ponte Salazar (actual Ponte 25 de Abril). Juntam-se-lhe os capitães Miquelina Simões e Gastão Silva, colocados no Regimento de Lanceiros 1 de Elvas, na sequência do frustrado golpe das Caldas.
- O Agrupamento Norte – envolvendo, nesta altura, forças do RAP 3 e CICA 2 da Figueira da Foz e do RI 10 de Aveiro - sai a porta de armas do Quartel e mete-se à estrada em direcção a Leiria.

07h30 - O RI 14 de Viseu chega à Figueira da Foz e integra as forças do Agrupamento Norte muito antes da sua chegada a Leiria, assumindo o comando o capitão Gertrudes da Silva.
- É lido por Luís Filipe Costa o 5º comunicado do Movimento das Forças Armadas, em que se fornecem elementos acerca dos objectivos do MFA.
- É detido, nas imediações do R.C.P., o tenente-coronel Chorão Vinhas, comandante interino do BC 5.
- Uma segunda coluna da EPC, constituída por cinco carros de combate (2 M47 e 3 M24) e dois pelotões de atiradores (cerca de 60 homens), comandada pelo capitão Correia Bernardo, atinge o perímetro de Santarém, pronta para avançar para Lisboa em apoio da coluna de Salgueiro Maia. A evolução favorável dos acontecimentos acabou por tornar desnecessária tal medida.

07h40 - A Companhia de Caçadores (Ccaç 4241/73) ocupa o centro emissor do R.C.P., em Porto Alto.

07h50 - Os capitães Glória Alves e Ferreira Lopes, à frente de um pelotão do Centro de Instrução de Condução Auto 5 (CICA 5) de Lagos, ocupam o centro retransmissor de Fóia.

08h00 - Verifica-se o corte de energia ao centro emissor do R.C.P., em Porto Alto, que passa a funcionar com o gerador de emergência.
- A Companhia do CIOE, comandada pelo capitão Delgado da Fonseca, chega à cidade do Porto, dirigindo-se ao CICA 1.

08h15 - Uma força da GNR saída do Quartel do Cabeço de Bola, constituída por 12 "Land Rover", toma posição no Campo das Cebolas. Após um breve diálogo com Salgueiro Maia e face à disparidade de meios, o comandante é convencido a abandonar o local.

08h22 – O CEMGFA, general Luz Cunha, informa o chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Paiva Brandão, que "pretende utilizar meios da Escola Prática do Serviço de Material (EPSM) para tomar posições e libertar o AB 1. Irem pela auto-estrada e tomarem estrada secundária. Terem cuidado com o Cmdt. dessa força porque a entrega do Ferrand o deixou muito em baixo".

08h30 - É lido, pela primeira vez na Emissora Nacional, um comunicado do MFA.

08h50 - Uma coluna de nove viaturas militares da EPE de Tancos estaciona no centro emissor do R.C.P., a fim de reforçar a sua defesa. Mais tarde segue para Lisboa onde ocupa a Casa da Moeda, seu objectivo inicial.

09h00 - A fragata Almirante Gago Coutinho, comandada pelo capitão-de-fragata Seixas Louçã, toma posição no Tejo, em frente ao Terreiro do Paço, intimidando directamente as forças de Salgueiro Maia. Perante esta situação, a artilharia do Movimento, já estacionada no Cristo-Rei, recebe ordens do Posto de Comando para afundar a fragata no caso desta abrir fogo. O vaso de guerra terá recebido ordem do vice-chefe do Estado-Maior da Armada, almirante Jaime Lopes, "para se preparar para abrir fogo". A ordem de disparar nunca chegou.
- O major Cardoso Fontão detém, nas imediações do Q.G./R.M.L., o brigadeiro Serrano que, no 16 de Março, comandara o cerco ao RI 15.
- Chega à residência de Spínola o médico Carlos Vieira da Rocha, amigo do general e proprietário do automóvel Peugeot que os haveria de transportar, no final da tarde, ao Quartel do Carmo.

09h15 - Uma força da EPC, com uma AML e uma ETT/Panhard, comandadas pelo alferes Sequeira Marcelino e pelo aspirante Pedro Ricciardi, vai reforçar a protecção do QG/RML, em São Sebastião da Pedreira.

09h35 - Chega ao Terreiro do Paço uma força comandada pelo brigadeiro Junqueira dos Reis, 2º comandante da RML, constituída por 4 CC/M47, uma companhia de atiradores do Regimento de Infantaria 1 e alguns pelotões da Polícia Militar. Dois dos carros de combate, comandados pelo major Pato Anselmo, tomam posições na Ribeira das Naus, enquanto os outros dois, sob o comando do coronel Romeiras Júnior, penetram na Rua do Arsenal.

09h40 - Protegidos pelos blindados do RC 7, os ministros da Defesa, Silva Cunha, do Interior, César Moreira Baptista, do Exército, Andrade e Silva, da Marinha, Pereira Crespo, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Joaquim Luz Cunha, o governador militar de Lisboa, Edmundo Luz Cunha, o subsecretário de estado do Exército, coronel Viana de Lemos e o almirante Henrique Tenreiro, fogem pelas traseiras do Ministério do Exército, abrindo um buraco na parede que comunica com a biblioteca do Ministério da Marinha. No parque de estacionamento interior tomam lugar numa carrinha que os transporta ao Regimento de Lanceiros 2, onde instalam o Posto de Comando das tropas leais ao Governo.

10h00 - Na Rua do Arsenal, o tenente Alfredo Assunção, da EPC, empreende uma tentativa de negociação com o coronel Romeiras Júnior e o brigadeiro Junqueira dos Reis.
- Este oficial-general agride com três murros o emissário dos revoltosos que responde com continência e uma rígida posição de sentido. O brigadeiro manda, em seguida, abrir fogo sobre ele, não sendo obedecido, por intervenção directa do coronel Romeiras. Assunção regressa, então, para junto das suas tropas.

10h10 - Chega ao Terreiro do Paço o tenente-coronel Correia de Campos, enviado do Posto de Comando da Pontinha, com a missão de coordenar as operações.

10h15 - Um grupo de comandos, que integra Correia de Campos e Jaime Neves, passa revista ao Ministério do Exército, confirmando a fuga dos ministros que tinha por missão prender, procedendo à detenção de diversos oficiais superiores, designadamente o coronel Álvaro Fontoura, chefe de gabinete do ministro do Exército que seriam, pouco depois, transferidos para o RE 1.

10h30 - Depois de algumas tentativas infrutíferas para a rendição do major Pato Anselmo, na Ribeira das Naus, esse intento é alcançado por um civil, o ex-alferes miliciano Fernando Brito e Cunha, que actua às ordens de Correia de Campos. Os dois carros de combate e as tropas que os seguiam passam-se para o lado dos revoltosos, ficando sob o comando de Salgueiro Maia.
- O Agrupamento Norte, comandado pelo capitão Gertrudes da Silva, atinge Peniche, com o objectivo de ocupar essa odiosa prisão política do Regime. Face à resistência da PIDE/DGS, a companhia do CICA 2 e duas secções de obuses do RAP 3 montam cerco àquele objectivo, seguindo o grosso da coluna para Lisboa.

10h45 – Face à perda de metade da sua coluna, o 2º comandante da RML transfere o CC/M47 do alferes miliciano Fernando Sottomayor (RC 7) para a Ribeira das Naus. Seguidamente, o brigadeiro Junqueira dos Reis ordena-lhe que abra fogo sobre Salgueiro Maia, quando este se encontra entre a esquina do Ministério do Exército e o muro para o rio Tejo, numa tentativa para obter a rendição do remanescente das forças fiéis ao governo. O oficial miliciano recusa-se a obedecer, sendo detido e transferido para o RL2.

10h50 - Junqueira dos Reis ordena, sem sucesso, aos soldados que abram fogo. Perante a desobediência generalizada, o oficial-general dá dois tiros para o ar e dirige-se para a Rua do Arsenal, onde se encontra o carro de combate do comandante do RC 7.

11h00 - Incapaz de se fazer obedecer, o 2º governador militar de Lisboa conserva as forças que lhe restavam nas posições que ocupavam, não tomando, naquela altura, mais nenhuma iniciativa.
- O governo consegue cortar a emissão em FM do R.C.P., desligando o comutador de Monsanto.
- É detido, por forças do BC 5, nas instalações do Quartel Mestre General, o seu responsável, general Louro de Sousa.

11h30 - As unidades estacionadas no Terreiro do Paço dividem-se, avançando:
- a Escola Prática de Cavalaria para o Quartel do Carmo, sendo, ao longo de todo o percurso, aclamada entusiasticamente pela população.
- forças dos Regimentos de Cavalaria 7, Lanceiros 2 e Infantaria 1 - que contavam com 16 blindados - comandadas por Jaime Neves e pelos tenentes de Cavalaria Cadete e Baluda Cid, para o Quartel-General da Legião Portuguesa (Marrocos).

11h45 - Difundido novo comunicado do MFA ao País, informando que, de Norte a Sul, a situação se encontra dominada e que "...em breve chegará a hora da libertação."

12h00 - A fragata Almirante Gago Coutinho retira para o Mar da Palha.
- No Rossio, uma companhia do Regimento de Infantaria 1 , da Amadora, comandada pelo capitão Fernandes, tenta barrar o caminho para o Quartel do Carmo, à coluna da EPC. Após curto diálogo com o comandante das tropas, estas passam para o lado de Salgueiro Maia.

12h30 - É montado o cerco ao Quartel da GNR, no Carmo, pela coluna da EPC.

12h45 - Forças hostis da GNR ocupam posições na retaguarda do dispositivo de Salgueiro Maia.

13h00 - Um comunicado do MFA tranquiliza as famílias dos militares envolvidos no movimento revoltoso.
- Face ao cerco do Quartel do Carmo, o brigadeiro Junqueira dos Reis dirige-se, com os dois CC/M47 e os lanceiros e atiradores que lhe restavam, para o Largo de Camões, na esperança de, conjuntamente com forças da GNR, tentar libertar o Presidente do Conselho. Tais intenções rapidamente se verificam inexequíveis. A companhia do RI 1 passa-se para as fileiras do MFA e uma parte da guarnição de um M/47 abandona-o, confinando o brigadeiro a uma posição de crescente fraqueza face ao aumento do poderio dos revoltosos.

13h15 - A coluna do RC 3 de Estremoz atinge o seu objectivo, a Ponte Salazar.

13h30 - Um helicanhão sobrevoa o Largo do Carmo, causando grande ansiedade entre militares e civis.

13h40 - O comandante e o Estado-Maior da Legião Portuguesa apresentam a sua rendição.

14h00 - Corte de energia ao emissor de Miramar (Porto) do R.C.P.

14h30 - É lido por Clarisse Guerra, aos microfones do Rádio Clube Português, um comunicado do MFA, no qual se dá conta dos objectivos e posições controlados e do ultimato para a rendição de Marcelo Caetano.

c. 15h10 - Salgueiro Maia solicita, com megafone, a rendição do Carmo em 10 minutos. Momentos antes recebera do Posto de Comando do MFA uma mensagem escrita pelo major Otelo Saraiva de Carvalho na qual ordena que apresente um aviso-ultimato para a rendição.

15h15 - São libertados da Trafaria os onze militares que aí se encontravam detidos em consequência do falhado golpe das Caldas.

15h30 - Não sendo atendido após 15 minutos, Salgueiro Maia ordena ao tenente Santos Silva para fazer uma rajada da torre da Chaimite sobre as janelas mais altas do Quartel, repetindo o apelo de rendição logo a seguir.

15h45 - Do Quartel do Carmo sai o major Hugo Velasco, membro do MFA, para falar com o capitão Salgueiro Maia.

16h00 - O coronel Abrantes da Silva, a pedido de Salgueiro Maia, entra no Quartel para dialogar com os sitiados.
- Forças do CIOE dirigem-se aos estúdios da R.T.P. (Monte da Virgem) e do R.C.P. (Tenente Valadim), no Porto, para proceder à sua ocupação.
16h15 - O capitão Salgueiro Maia dá ordens ao alferes miliciano Carlos Beato para instalar os seus homens no cimo das varandas do edifício da Companhia de Seguros Império e fazer fogo sobre a frontaria do Carmo, agora com armas automáticas G-3.

16h25 - O comandante da força da EPC, na ausência de resposta por parte dos sitiados no Quartel do Carmo, ordena a colocação de um blindado em posição de tiro e chega a dar "voz" de "um, dois"..., sendo interrompido pelo tenente Alfredo Assunção que conduz dois civis até ele. Trata-se de Pedro Feytor Pinto, director dos Serviços de Informação da Secretaria de Estado da Informação e Turismo, e Nuno Távora, que se dizem portadores de uma mensagem do general Spínola para Marcelo Caetano.

16h30 - Salgueiro Maia autoriza a entrada no Quartel dos dois mensageiros.

c. 16h30 - Spínola comunica ao Posto de Comando do MFA ter recebido um pedido de Marcelo Caetano para ser ele a aceitar a rendição do chefe do governo. Otelo, após recolher a opinião dos presentes, concede-lhe esse mandato.

16h45 - Os dois mensageiros saem do Quartel do Carmo e deslocam-se num jipe, acompanhados por Alfredo Assunção, para casa de Spínola que, entretanto, se dirige já para o Carmo.

17h00 - Salgueiro Maia desloca-se ao interior do Quartel e fala com Marcelo Caetano que, após ter colocado algumas perguntas, lhe solicita que um oficial-general vá efectuar a transmissão de poderes (Spínola, com quem, aliás, falara já ao telefone) para que o poder não caia na rua.

17h00 - Salgueiro Maia pede a Francisco Sousa Tavares e a Pedro Coelho, oposicionistas ligados à CEUD e ao PS, para ajudarem a afastar a população. Sousa Tavares sobe para uma guarita da GNR e, usando o megafone, apela à calma.

17h45 - Chegada ao Largo do Carmo do general António de Spínola, acompanhado pelo tenente-coronel Dias de Lima, major Carlos Alexandre Morais, capitão António Ramos e dr. Carlos Vieira da Rocha. Após longos minutos envolvido pela multidão, o Peugeot que transportava Spínola consegue, finalmente, chegar junto da porta de armas do quartel.

18h00 - António de Spínola, acompanhado por Salgueiro Maia (que o informa sobre o modo como os membros do Governo serão retirados das instalações), entra no Quartel do Carmo para dialogar com Marcelo Caetano.

18h15 - Spínola encontra-se com Marcelo e informa-o dos procedimentos que serão adoptados para a sua saída do local e posterior evacuação para a Madeira. Enquanto isso, Salgueiro Maia pede à população que abandone o Largo do Carmo, a fim de se proceder à retirada do Presidente do Conselho e dos ministros. O apelo é ignorado.

18h20 - Um comunicado do MFA informa o País da entrega de Marcelo Caetano e de membros do seu ex-governo, refugiados no Carmo.

18h25 - Às ordens de Salgueiro Maia, soldados formam um cordão em frente da porta de armas do Quartel, por forma a ser possível retirar Marcelo Caetano em segurança.

18h30 - O Agrupamento Norte chega a Lisboa.
- Numa manobra difícil, a autometralhadora Chaimite penetra, de marcha atrás, no Quartel do Carmo.

19h00 - Marcelo Caetano, Rui Patrício e Moreira Baptista abandonam o Quartel do Carmo, sendo conduzidos na autometralhadora Chaimite "Bula", em direcção ao Quartel da Pontinha.
- A Baixa de Lisboa é invadida por enorme multidão que vitoria as Forças Armadas e a Liberdade.

19h50 - Comunicado do MFA anunciando formalmente a queda do Governo.

20h05 - É lida, através dos emissores do RCP, a Proclamação do Movimento das Forças Armadas.

c. 20h30 - Na Rua António Maria Cardoso, onde se situa a sede da PIDE/DGS, agentes desta polícia política abrem fogo sobre a multidão que se aglomera na referida artéria, causando 4 mortos e dezenas de feridos.

21h00 - A Chaimite "Bula" e a coluna da EPC atingem o Quartel da Pontinha.
c. 21h00 - Forças do RAP 3 e da EPI deslocam-se ao Comando da 1ª Região Aérea, em Monsanto, para proceder à detenção dos ministros da Defesa, do Exército e da Marinha, e de outras altas patentes militares que ali se haviam refugiado desde a tarde, conduzindo-os ao RE 1.

22h00 - Forças de pára-quedistas chegam à prisão de Caxias, onde a PIDE/DGS continua a resistir.

23h30 - Chegada da EPC ao RC 7 e RL 2 que ocupa, perante a rendição, sem resistência, dos seus comandantes.