12.4.06

Para acabar de vez com os castigos corporais às crianças!



Ver:
http://www.endcorporalpunishment.org/

Existe uma associação internacional que tem como seu objectivo principal, o fim de todos os castigos corporais sobre as crianças e jovens. Trata-se da Iniciativa Global para Acabar com o Castigo Corporal de que é coordenador o jornalista Peter Newell.
O lançamento desta iniciativa deve-se ao facto das crianças ainda serem vistas como propriedade dos adultos que se arrogam no privilégio de lhes infligir sanções de carácter físico, e à falta de protecção legal que ainda gozam, em pleno século XXI, as crianças menores face aos seus familiares e educadores.
A ideia dos seus promotores é sensibilizar as sociedades para estes problemas e mudar as mentalidades dominantes sobre a matéria de forma a melhorar e pôr a salvo as crianças das arbitrariedades e violência físicas dos adultos.

«As Rolas de Bakunine», um livro de Antón Riveiro Coello



Já está nos escaparates das livrarias a tradução portuguesa do livro do escritor galego, Antón Riveiro Coello , com o título «As Rolas de Bakunine», numa edição da Deriva editores.
O livro refere-se à vida de alguns resistentes libertários galegos ao longo do século XX e traça-nos o percurso de vários anarquistas contra a opressão política e a repressão policial na Galiza durante a guerra civil espanhola , num registo histórico que nos consegue transportar para a época e desvendar todo o dramatismo existencial vivido. Inspira-se em factos históricos do Norte da Galiza e dá-nos a ver o ambiente difícil por que passaram os militantes libertários na sua luta por um mundo de justiça e liberdade. O principal personagem, Camilo Sábio Doldán, revela-se-nos ainda uma figura ímpar de verticalidade como pessoa e como libertário.
O domínio da linguagem, e os recursos estilísticos que o autor faz uso, só vêm a enriquecer ainda mais a narrativa, que acaba por constituir um verdadeiro documento da luta pela dignidade humana. A forma como os vários capítulos se entrelaçam e o modo seguro como o enredo se desenvolve ao longo das páginas do livro só confirma a mestria do escritor galego.
De resto, a obra mereceu bom acolhimento nos meios literários galegos, tendo sido premiada com o Prémio Garcia Barros. Antón Riveiro Coello foi, entretanto, premiado por outras novelas também por si escritas ( «Homónima» com oPrémio Álvaro Cunqueiro). A tradução para português e a sua edição por cá não poderia, pois, ser mais bem-vinda, e esperamos que também entre nós tenha a recepção merecida.
Parabéns à Deriva editores, responsável pela publicação, pela escolha e pela aposta feita. Recorde-se, já agora, que a Deriva, uma editora relativamente nova no panorama editorial português, tem-se dedicado à publicação de literaturas minoritárias, como bem mostra o seu catálogo.
Ver:
www.derivaeditores.pt



Para saber mais sobre as obras editadas, nomeadamente informações sobre os autores e recensões de imprensa, aconselha-se a consulta de:
www.derivadaspalavras.blogspot.com


Finalmente, e como aperitivo para a leitura integral da obra, deixamos aqui um breve excerto do livro, que vivamente aconselhamos, «As Rolas de Bakunine», de Antón Riveiro Coello

«Foi criado em Buenos Aires e foi à escola na Rua Callena, onde também aprendeu a tocar a guitarra com um italiano chamado Giovanni Rocini, naturalista e ácrata, que foi o primeiro que lhe falou em Bakunine e nas suas ideias libertárias, conhecido como linyera na Pampa – assim chamavam aos anarquistas individualistas que percorriam os caminhos com uma trouxa às costas, em que levavam uma muda e prosas panfletárias e sociais, para espalharem entre a gente do campo -, com as mesmas barbas de Kropotkine, alto e um tanto pasmacento no andar, um homem possuidor de uma erudição avassaladora que seria mais tarde, depois de velho, o defensor, perante o director do diário anarquista «O Protesto Humano», de que Estevo devia trabalhar ali como tipógrafo e acabaria por escrever artigos sobre questões agrárias, sob o pseudónimo de Anselmo Sendón.
Estevo Doldán leu com ansiedade Proudhon e tornou-se anarquista. Interessou-se pelo Naturismo e viveu com uma rapariga filipina chamada Cristal, que limpava as salas do diário. Foi um enamoramento súbito que os levou a arrendar uma casinha na Rua Fitz Roy, onde nasceria uma filha que teria o nome de Nora, devido a uma obra de Ibsen.»
(In «As Rolas de Bakunine», de Antón Riveiro Coello)

As Forças Armadas portuguesas só atraem desempregados…


Um estudo elaborado por uma equipa da Universidade Nova de Lisboa, intitulado «Os Jovens e as Forças Armadas», acabado de ser divulgado junto da Imprensa, mostra que as Forças Armadas portuguesas só atraem jovens desempregados, com baixo aproveitamento escolar, que consideram a carreira militar como um expediente de último recurso para a sua vida profissional, ao passo que os melhores alunos fogem da tropa como o diabo da cruz
Recorde-se que o Serviço Militar Obrigatório acabou em Setembro de 2004, e que a partir de então as fileiras da tropa só são ocupadas por voluntários que, pelos vistos, são o são por força das circunstâncias de carácter económico, e graças a muito marketing e propaganda à mistura.
Pudera...
Andar aos tiros...

9.000 desertores do exército norte-americano


Já são 9.000 o número de soldados norte-americanos que desertaram das fileiras do exército recusando-se a seguir para o Iraque, e alguns deles procuram o Canadá para obterem o estatuto de refugiado político, invocando as múltiplas violações das leis internacionais que regulam os conflitos bélicos cometidos pelos Estados Unidos no Iraque. Como é lógico, todos eles são pessoas procuradas pelo FBI. O grupo de apoio canadiano aos opositores à guerra, sedeado em Toronto, não dúvida que muitos dos desertores são verdadeiros patriotas que se recusam a serem enganados pela Administração Bush.

O nosso ordenamento territorial vai de mal a pior…


Acabou de ser divulgado o último Relatório do Estado do Ambiente em Portugal (REA) relativo ao ano de 2004 onde é feito uma análise ambiental com base em 29 indicadores distribuídos por 7 categorias:
a) Caracterização geral
b) Alterações climáricas
c) Poluição atmosférica
d) Utilização e poluição da água
e) Ocupação do território e degradação do solo
f) Resíduos
g) Ruído

Desses 29 indicadores, dez tiveram nota negativa, 11 mostram um nível medíocre ( sinal amarelo),e só oitos deles é que registam uma avaliação positiva. A área analisada que recebeu claramente uma avaliação negativa foi o ordenamento do território ( «ocupação e degradação do solo»). Com efeito, e segundo as conclusões do estudo, a população continua a tendência imparável de se concentrar no litoral ( entre Braga e Setúbal), verifica-se que subsistem áreas protegidas sem qualquer plano de ordenamento, que os incêndios continuam a dizimar a floresta, e que a erosão costeira já afecta mais de um quarto do litoral ( 28,5%). Fica-se também a saber que entre 1985 e 2000 a superfície artificializada aumentou em 42%, ao passo que a área de vegetação natural encolheu 9%
Quanto à poluição atmosférica o panorama também é desolador, porquanto as emissões dos gases com efeito de estufa mantiveram-se altos demais, bastante acima dos limites que Portugal se tinha comprometido a cumprir até 2010. O número de dias com excesso de ozono no ar também aumentou em 2004, com claro prejuízo para a saúde os portugueses.
O referido Relatório é da responsabilidade do Ministério do Ambiente, por via do Instituto do Ambiente.

Os Baldios: estará o governo a preparar a sua empresarialização???

Trinta anos depois de aprovada a Lei dos Baldios ( DL nº39/76 de 19 de Janeiro) que devolveu aos moradores os terrenos comunitários que secularmente tinham tido uso, fruição e administração comum, mas que tinham sido submetidos à força ditatorial do regime anterior ao regime florestal, especialmente nos anos 30 e 40, numa epopeia de resistência que ficou imortalizada nos livros de Aquilino Ribeiro, em especial em «Quando os Lobos uivam», o assunto parece que volta à ribalta pública com a elaboração do documento relativo à «Estratégia Nacional para as Florestas».

Representando 400 mil a 430 mil hectares, as 931 unidades de baldios existentes no país encontram-se maioritariamente (80%) em regime de co-gestão entre os compartes (isto é, moradores dos lugares onde existem terrenos baldios, e que decidem em assembleias sobre as formas de organização da gestão, entregues às juntas de freguesia ou a órgãos próprios, assim como sobre a aplicação dos rendimentos da floresta em melhoramentos ou em medidas de prevenção contra fogos) e o Estado (Serviços florestais), mas 20% são administrados exclusivamente pelos povos.

Do total dos baldios existentes, que são o suporte de ancestrais sistemas económicos silvo-agro-pastoris, 25% das unidades são administradas pelas justas de freguesia e os outros 75% por órgãos próprios, invertendo-se actualmente a tendência dos anos 70 e 80 quando a sua gestão estava entregue maioritariamente às juntas.

Ora parece que o actual governo se prepara para mudar as coisas o que leva a Federação Nacional de Baldios ( Baladi) a mostrar a sua preocupação e a levantar reservas quanto à ideia governamental de uma gestão única. O dirigente da Baladi, Armando Carvalho, confessa abertamente a sua preferência pelo modelo de autogestão.

Fonte: Jornal de Notícias, 11 de Abril de 2006