3.5.07

Espantalhos iniciam caravana contra os transgénicos em Portugal



Pelo direito a cultivos, alimentos e zonas livres de transgénicos

A Plataforma Transgénicos Fora lança a partir de hoje a «Caravana dos Espantalhos», uma iniciativa de âmbito nacional com o objectivo de chegar mais perto de agricultores e consumidores, alertando-os para o risco dos cultivos e alimentos geneticamente modificados. A Caravana dos Espantalhos pretende também defender o direito de opção dos consumidores e agricultores e o respeito da vontade dos cidadãos e autarquias a declarar zonas livres de transgénicos.

Na cerimónia de lançamento da Caravana dos Espantalhos, marcada para esta 6ª feira, dia 4 de Maio, a partir das 21h00, será possível assistir, na presença de um vereador da Câmara Municipal, ao hastear da primeira bandeira de Zona Livre de Transgénicos na Praça de S. João, em Alcochete, ao som da música de rua dos Kumpania Algazarra.

Na praça estarão também presentes bancas com informação e venda de produtos biológicos. Enquanto isso, na Galeria Municipal, junto à praça, será feita a inauguração da exposição “Agricultura, Alimentação e Ambiente” e projectado o filme “O Futuro da Comida” de Deborah Koons Garcia.

A Caravana dos Espantalhos é em grande parte dedicada aos consumidores mais jovens, estudantes do ensino básico e secundário.

Para Gualter Barbas Baptista, activista e porta-voz da Plataforma, “são as novas gerações e as gerações futuras que mais vão sofrer com os erros e más escolhas políticas da geração actual. Enquanto que hoje nos confrontamos com os problemas de poluição por químicos ou com as alterações climáticas, herdadas das políticas ecologicamente destrutivas das gerações passadas, no futuro poderemos deixar um legado de contaminação irreversível do nosso ambiente por organismos transgénicos, com todos os riscos que isso comporta para a saúde humana, para a biodiversidade e para a economia”.

Depois de 2 dias em Alcochete, a Caravana dos Espantalhos seguirá para o Cadaval entre 6 e 8 de Maio. Na freguesia declarada Zona Livre de Transgénicos do Vilar será hasteada mais uma bandeira, no Domingo 6 de Maio às 17h30.


Os dias seguintes serão acompanhados por iniciativas em escolas do ensino básico e secundário do concelho do Cadaval. A primeira etapa da Caravana dos Espantalhos contará mais tarde com uma acção contra os transgénicos em Rio Maior.

Para mais informações: Gualter Baptista, 91 909 0807

A Plataforma Transgénicos Fora é uma estrutura integrada por onze entidades não-governamentais da área do ambiente e agricultura (ARP, Aliança para a Defesa do Mundo Rural Português; ATTAC, Associação para a Taxação das Transacções Financeiras para a Ajuda ao Cidadão; CNA, Confederação Nacional da Agricultura; Colher para Semear, Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais; FAPAS, Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens; GAIA, Grupo de Acção e Intervenção Ambiental; GEOTA, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente; LPN, Liga para a Protecção da Natureza; MPI, Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente; QUERCUS, Associação Nacional de Conservação da Natureza; e SALVA, Associação de Produtores em Agricultura Biológica do Sul) e apoiada por dezenas de outras.

Para mais informações:
www.stopogm.net

A poesia de Miguel Torga


VOZ ACTIVA

Canta, poeta, canta!
Violenta o silêncio conformado
Cega com outra a luz do dia.
Desassossega o mundo sossegado.
Ensina a cada alma a sua rebeldia.




ORFEU REBELDE

Orfeu rebelde, canto como sou:
Canto como um possesso
Que na casca do tempo, a canivete,
Gravasse a fúria de cada momento;
Canto, a ver se o meu canto compromete


A eternidade no meu sofrimento.
Outros, felizes, sejam rouxinóis...
Eu ergo a voz assim, num desafio:
Que o céu e a terra, pedras conjugadas
Do moinho cruel que me tritura,
Saibam que ha' gritos como há nortadas,
Violências famintas de ternura.


Bicho instintivo que adivinha a morte
No corpo dum poeta que a recusa,
Canto como quem usa
Os versos em legitima defesa.
Canto, sem perguntar à Musa
Se o canto é de terror ou de beleza.


Sobre a Obra poética de Miguel Torga:

A obra de Torga tem um carácter humanista: criado nas serras transmontanas, entre os trabalhadores rurais, assistindo aos ciclos de perpetuação da Natureza, Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da Natureza: sem o homem, não haveria searas, não haveria vinhas, não haveria toda a paisagem duriense, feita de socalcos nas rochas, obra magnífica de muitas gerações de trabalho humano. Ora, estes homens e as suas obras levam Torga a revoltar-se contra a Divindade Transcendente a favor da imanência.


Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia Rocha, (São Martinho de Anta, 12 de Agosto de 1907 — Coimbra, 17 de Janeiro de 1995) foi um dos mais importantes escritores portugueses do século XX
Filho de gente humilde do campo do concelho de Sabrosa (Alto Douro), frequentou brevemente o seminário, e emigrou para o Brasil em 1920, com doze anos, para trabalhar na fazenda do tio, na cultura do café. O tio apercebe-se da sua inteligência e patrocina-lhe os estudos liceais, em Leopoldina. Distingue-se como um aluno dotado. Em 1925 regressa a Portugal. Em 1927 é fundada a revista Presença de que é um dos colaboradores desde o início. Em 1928 entra para a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e publica o seu primeiro livro, "Ansiedade", de poesia. É bastante crítico da praxe e tradições académicas, e chama depreciativamente "farda" à capa e batina, mas ama a cidade de Coimbra, onde viria também a exercer a sua profissão de médico a partir de 1939 e onde escreve a maioria dos seus livros. Em 1933 concluiu a formatura em Medicina, com apoio financeiro do tio do Brasil. Exerceu no início nas terras agrestes trasmontanas, de onde era originário e que são pano de fundo da maior parte da sua obra.
A obra de Torga tem um carácter humanista: criado nas serras transmontanas, entre os trabalhadores rurais, assistindo aos ciclos de perpetuação da Natureza, Torga aprendeu o valor de cada homem, como criador e propagador da vida e da Natureza: sem o homem, não haveria searas, não haveria vinhas, não haveria toda a paisagem duriense, feita de socalcos nas rochas, obra magnífica de muitas gerações de trabalho humano. Ora, estes homens e as suas obras levam Torga a revoltar-se contra a Divindade Transcendente a favor da imanência: para ele, só a humanidade seria digna de louvores, de cânticos, de admiração: (hinos aos deuses, não/os homens é que merecem/que se lhes cante a virtude/bichos que cavam no chão/actuam como parecem/sem um disfarce que os mude). Para Miguel Torga, nenhum deus é digno de louvor: na sua condição omnisciente é-lhe muito fácil ser virtuoso, e enquanto ser sobrenatural não se lhe opõe qualquer dificuldade para fazer a Natureza - mas o homem, limitado, finito, condicionado, exposto à doença, à miséria, à desgraça e à morte é também capaz de criar, e é sobretudo capaz de se impor à Natureza, como os trabalhadores rurais transmontanos impuseram a sua vontade de semear a terra aos penedos bravios das serras. E é essa capacidade de moldar o meio, de verdadeiramente fazer a Natureza mau grado todas as limitações de bicho, de ser humano mortal que, ao ver de Torga fazem do homem único ser digno de adoração. Considerado por muitos como um avarento de trato difícil e carácter duro, foge dos meios das elites pedantes, mas dá consultas médicas gratuitas a gente pobre e é referido pelo povo como um homem de bom coração e de boa conversa. Foi o primeiro vencedor do Prémio Camões.


III Congresso Internacional sobre Miguel Torga

Data: de 03/05/2007 a 05/05/2007

Local: Casa da Cultura - Câmara municipal de Coimbra

http://www.ufp.pt/events.php?intId=10078

Tertúlia ateísta no Café Ceuta para apresentação do livro «O Peter Pan não existe»

Na próxima sexta-feira dia 4 de Maio no Café Ceuta, na Rua de Ceuta da cidade do Porto, às 21:00 h. , vai ser apresentado o livro do Onofre Varela, editado pela Caminho, O Peter Pan Não Existe.

Será uma excelente oportunidade não só para conhecerem pessoalmente o autor do livro, como também para que os ateístas portuenses se encontrarem numa tertúlia de café como só o Café Ceuta poderia proporcionar.